Coimbra inaugura evento Coppe em cinco décadas
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Data: 22/05/2015
Em um encontro emocionante, marcado pela presença de professores, funcionários e alunos de diferentes gerações, desde os anos 1960, a Coppe/UFRJ inaugurou, dia 21 de maio, o evento “Coppe em cinco décadas: a arte de antecipar o futuro”. Aos 91 anos, o professor Alberto Luiz Coimbra, fundador da instituição e homenageado do dia, encantou os presentes pela sua abordagem lúcida e clara em relação á política adotada no país nas áreas de Educação e de Ciência e Tecnologia. “Valeu a pena ter vivido tanto tempo para ter esse reconhecimento em vida”, agradeceu Coimbra em seu discurso.
No evento foi lançada a revista “Engenharia e inovação”, que conta a história da Coppe e suas principais contribuições no ensino, na pesquisa e no desenvolvimento do país.
Também foi lançado o livro “Mecânica dos fluidos”, de autoria do professor Coimbra, que foi escrito no início dos anos 1960 para suprir a carência de obras sobre temas de engenharia escritos em língua portuguesa. O livro foi editado e revisado pelos professores da Coppe Luiz Bevilacqua (Programa de Engenharia Civil), Juliana Loureiro, Fernando Pereira Duda e Daniel Onofre de Almeida Cruz (Programa de Engenharia Mecânica), com prefácio do professor Átila Freire (Programa de Engenharia Mecânica) . O projeto gráfico é da E-papers.
Foi inaugurada, ainda, a exposição “Coppe em cinco décadas”, que por meio de depoimentos, vídeos e reportagens de jornais e TV retratam a trajetória da Coppe e seus principais marcos ao longo dos últimos 50 anos.
Antes da sessão de autógrafos, Coimbra falou sobre a criação da Coppe para o público que lotou o hall do prédio da Coppe, instituição que hoje leva seu nome. ”Naquela época – décadas de 1950 e 60 – falava-se muito em reformar o sistema universitário. Eram realizadas reuniões e mais reuniões de reitores e representantes do Ministério da Educação. Na realidade, a Coppe promoveu uma reforma com grande coragem e grande ajuda do então BNDE. E o Brasil lucrou muito com isso”, relatou o professor, que, comovido, disse estar “muito feliz”, com as homenagens recebidas.
Durante a cerimônia Coimbra autografou mais de 200 exemplares do livro “Mecânica dos Fluidos”, escrito nos anos 1960, a partir de apontamentos feitos pelo professor para estimular seus alunos no gosto pela matemática e pela engenharia e suprir a carência de material didático. A apostila original se encontra na Biblioteca de Obras Raras, do Centro de Tecnologia. Foi graças a esse original que a obra pode ser revisada e publicada. A partir da primeira semana de junho, sua versão digital estará disponível para todos os interessados no site da editora E-papers e no site da Coppe
“É com alegria que inauguramos esse evento, no qual resgatamos parte da história da Coppe, essa história de sucesso, da qual temos grande orgulho e queremos compartilhar com todos, alunos, professores e funcionários”, disse o vice-diretor da Coppe, professor Edson Watanabe, ao abrir o evento.
Em seguida, o diretor de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Sales Melo, entregou a Coimbra o certificado de Pesquisador Emérito do CNPq, “em reconhecimento à sua relevante contribuição científica e acadêmica”.
O diretor da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa, exaltou a personalidade do homenageado, recordando a atuação do professor Coimbra durante os “anos de chumbo”, quando o mesmo convidou para lecionar na Coppe o professor Plínio Sussekind Rocha. “Como vários professores importantes desta universidade, Sussekind foi atingido pelo AI-5 (Ato Institucional, promulgado pelo presidente Costa e Silva, em 1968). Foi afastado da universidade e como tinha problemas de saúde não pode atender a um convite para lecionar na França. Coimbra, com sua generosidade e coragem, o convidou para dar aulas na Coppe e aqui ficou por algum tempo até que as autoridades o obrigaram a sair mais uma vez. Esse episódio retrata como era sua personalidade. Acima de tudo a Ciência e por ela até desafiar autoridades militares da época da ditadura”, relembrou Pinguelli.
Reencontros e emoção
Coimbra reencontrou no evento colegas que o acompanharam na ação pioneira de criação da pós-graduação em Engenharia no Brasil e aqueles que mantiveram e expandiram o seu legado, mantendo os princípios essenciais. No decorrer de cinco décadas, a Coppe tornou-se o maior centro de ensino e pesquisa de engenharia da América do sul, referência de excelência no ensino, pesquisa e inovação. Dentre eles, estavam os professores Jacques de Medina, responsável pela organização da área de Geotecnia do Programa de Engenharia Civil; Carlos Augusto Perlingeiro, que foi aluno da primeira turma de pós-graduação em Engenharia Química e mais tarde coordenador do Programa de Engenharia Química da Coppe; Acher Mossé, o primeiro coordenador da Fundação Coppetec entre outros.
A professora Angela Uller, chefe de gabinete da Reitoria e ex-diretora da Coppe, representou o Reitor Carlos Levi. O professor Roberto Leher, recém-eleito pela comunidade da UFRJ para suceder o atual reitor, também compareceu e prestigiou o evento. Também estiveram presentes ao evento os ex-diretores da Coppe, Sandoval Carneiro Jr, Luiz Fernando Legey, Segen Estefen e Paulo Alcântara, bem como os atuais diretores de Assuntos Acadêmicos (professor Fernando Rochinha) e de Tecnologia e Inovação (professor Romildo Toledo); autoridades de instituições públicas de ensino e pesquisa; diretores e professores de diversas unidades acadêmicas da UFRJ; representantes dos patrocinadores do evento e também de empresas parceiras da Coppe.
A exposição “Coppe em cinco décadas” ficará aberta ao público, de 21 de maio a 31 de julho, no Espaço de Arte da Coppe, no hall de entrada do prédio onde funciona a sede da instituição, no Centro de Tecnologia 2 (CT 2) da UFRJ, na Cidade Universitária. A mostra poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. A entrada é franca.
Confira os depoimentos de algumas autoridades presentes
Alberto Luiz Coimbra
Sobre o livro “Dinâmica dos fluidos”
“Eu procurava caprichar na preparação das aulas para ajudar os alunos. Estou muito feliz, pois não imaginava que um dia o livro com aquelas notas seria reeditado. Na verdade, eu nem lembrava mais daquelas anotações”.
Sobre a Coppe
“Sinto-me extremamente feliz em ver a continuidade das atividades que iniciamos em 1963. Foi uma satisfação ver o projeto dar certo e ver a pós-graduação se espalhar pelo país.”.
Sobre as dificuldades do início
“No primeiro ano de atividade do curso de mestrado em engenharia química a grande dificuldade era a falta de recursos. No ano seguinte, a coisa melhorou, pois o BNDE entrou para nos ajudar. Mas não foi tão simples. Tivemos que disputar os recursos com a graduação, que também estava buscando recursos. Mas acabamos sendo escolhidos pelo BNDE. Ganhamos a disputa e os recursos foram destinados à pós-graduação”.
Satisfação com as homenagens
“Eu vejo que valeu a pena viver tanto assim. Porque eu pude ver, em vida, o reconhecimento pelo trabalho que nós fizemos na Coppe.
Jacques de Medina
“Tínhamos um corpo de técnico-administrativos muito solidário e que colaborava muito conosco. O Coimbra (Luiz Alberto Coimbra) era grato aos funcionários e os estimulava a estudar. Ele dava o apoio a todos aqueles que queriam fazer o curso superior”.
“Quando veio a fase negra da perseguição política, o Coimbra foi afastado. Depois, a Coppe conseguiu vencer as dificuldades, se fortaleceu e evoluiu administrativamente. Hoje somos uma parte importante da UFRJ”.
Carlos Augusto Perlingeiro
“Naquela época (1963), eu não tinha a menor ideia do que iria acontecer. Foi uma coisa surpreendente, em meio a todas as dificuldades, a Coppe ter dado certo e ter chegado aonde chegou. Mas, o professor Coimbra sabia onde queria chegar”.
Romildo Toledo – diretor de Tecnologia e Inovação
“Esse é o reconhecimento de um trabalho que resultou em frutos maravilhosos para a Ciência e Tecnologia, no Brasil. Os resultados são expressivos na formação de pessoal, na interação com a indústria, no retorno para a sociedade. Juntar o fundador da Coppe com os atuais diretores nesse momento é uma grande alegria. Mostra a força e a orientação que temos: qualidade acadêmica, preocupação social, transferência de tecnologia em benefício da sociedade. Esse é o legado da Coppe”.
Fernando Rochinha – diretor de Assuntos Acadêmicos
“Quando se realiza um evento que nem esse, isso estimula o pensamento acerca da universidade, sua história e seus rumos. Esse tipo de solenidade faz parte do rito acadêmico. É assim que a universidade se reconhece e se mantém”.
Fernando Peregrino – superintendente da Fundação Coppetec
“O evento consagra o papel da Coppe, como instituição pioneira, reafirma o orgulho daqueles que a compõem e reforça o seu papel como instituição de formação em Ciência e Tecnologia”.
Roberto Leher – professor da Faculdade de Educação da UFRJ
“Caso resgatemos a história de Ciência e Tecnologia, vemos os caminhos que estamos seguindo hoje e como os mesmos repercutirão no futuro.É bom ver o lançamento de uma revista que sistematiza a nossa história, e também o relançamento do livro de Coimbra.Isso se coaduna com o que pensamos de uma universidade socialmente referenciada”.
Eliete Bouskela – diretora de Tecnologia da Faperj
“Para nós, na Faperj, a Coppe é fundamental na UFRJ. A Coppe é um dos melhores núcleos de Engenharia que temos no Brasil e isso é muito importante para o Rio de Janeiro”.
Paulo Alcântara Gomes – ex-reitor da UFRJ / ex-diretor da Coppe
“A Coppe trouxe uma contribuição inestimável para educação brasileira por várias razões. A primeira delas, por ter sido a primeira instituição na história do país que falou claramente e impôs a política de tempo integral para os seus professores. Essa é uma razão importantíssima porque senão a universidade não seria o que é hoje. A segunda é porque até os anos 60, quando se falava em pesquisa, de um modo geral se associava a atividade investigativa aos institutos da época do Conselho Nacional de Pesquisa, como o CBPF e o Impa. A Coppe e a Biofísica (da UFRJ) trouxeram a atividade científica para dentro da universidade e criaram o espírito do professor que publica, que trabalha em tempo integral, que faz ciência, que faz tecnologia e que inova. E aí vem a terceira razão fundamental: com a criação da Coppetec, que é o fruto dessa ideia do Coimbra, a Coppe começou a se articular com as empresas e o desenvolvimento só ocorre se você incrementar a competitividade das empresas. Para fazer isso é preciso atuar com elas, oferecendo a elas o saber geral da universidade e a qualificação das pessoas. A Coppe fez isso muito bem. Ela criou um processo de articulação com as empresas, que deu cara à empresa nacional. Não é só a Petrobras. A cadeia de fornecedores da Petrobras, a cadeia produtiva, a cadeia do setor metal-mecânico, a indústria da construção civil todos se beneficiaram. Empresas de outros segmentos também se beneficiaram. A Coppe marcou a história da educação brasileira por esses aspectos e fez isso de uma forma humana. Ela conseguiu reunir um conjunto de pessoas: professores, funcionários e estudantes, que ao longo desses anos assumiram um compromisso com esses princípios. Todas as pessoas na Coppe sempre foram comprometidas e contribuíram para a ideia de que a universidade se constrói com tempo integral, com geração de saber, com aprofundamento do conhecimento e com a articulação com o desenvolvimento brasileiro por meio das empresas e da própria sociedade”.
Saiba mais sobre a exposição e a revista “Engenharia e Inovação” no Planeta Coppe.
Leia o perfil completo do professor Alberto Luiz Coimbra na Seção Perfil do Planeta Coppe.
Veja a galeria com mais fotos do evento na Fanpage oficial da Coppe: www.facebook.com/coppe.