Físico fala sobre novo mundo descoberto na matéria

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Data: 13/03/2015

Na aula inaugural do Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe, dia 12, o físico Luiz Alberto Oliveira conduziu a plateia a uma travessia pela filosofia da ciência, de Aristóteles a Einstein, passando por Platão, Epicuro, Galileu e Newton. Foi dessa forma que levou os novos alunos do mais recente programa da Coppe a refletirem sobre a incessante busca do homem pela origem da matéria, cujas pesquisas possibilitaram avanços em temas sobre os quais eles se debruçarão nos próximos anos, como as nanopartículas.

Pesquisador do Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica (ICRA-BR) do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Oliveira proferiu sua aula para uma plateia atenta que lotou o auditório da Coppe para ouvi-lo discorrer sobre “A Tecnologia do Bilionesimal: Filosofia e Nanotecnologia”.

Oliveira destacou a procura dos pensadores clássicos pelo que há de comum em fenômenos que se repetem e, não obstante, são únicos, uma tentativa de coexistir com a “repetição do irrepetível, do que há de unanimidade no que é diverso”. Segundo o pesquisador, essa busca pelo elemento comum deu origem ao conceito de átomo, que embora previsto não podia ser, empiricamente, demonstrado à época.

A busca pelo átomo

O poeta romano Lucrécio (60 a.c) julgava ver o átomo nas partículas de poeira expostas pela luz do sol, assim como o abade escocês Robert Brown, ao constatar, em 1827, que grãos de pólen seco em meio líquido agitavam-se por caminhos diferentes. A descrição matemática do movimento browniano foi, posteriormente, elaborada pelo físico alemão Albert Einstein, em 1905, dando prosseguimento à longa tradição da filosofia atomista.

De acordo com Oliveira, as consequências conceituais dessa operação em microescala, tornada possível no início do século XX, foram revolucionárias. À medida que eram descobertas as regras pelas quais as composições microscópicas se realizavam, se tornou possível fazer intervenções técnicas no plano do bilionesimal. “Nessa dimensão, desaparece a antiga separação entre corpo e vida. Tudo o que importa é que aquela série de átomos, disposta daquela forma, vai exibir determinadas propriedades. Não há mais distinção entre o vivo e o não-vivo; entre o natural e o artificial. A nossa própria capacidade de produzir tecnologia em nível bilionesimal – biologia molecular, nanotecnologia, novos materiais, entre outras- põe esses limites em deriva”, explica o físico.

As dicotomias tradicionais que compunham a Modernidade estão em reconstrução e reformatação. “Todo um novo mundo material é apresentado a nós. Esse é o desafio que as ciências das matérias oferecem à cogitação filosófica. Vivemos um momento em que a dimensão ético e política da ciência é sem precedentes. Uma potência criativa inédita. Um tipo de artesania que Aristóteles não poderia imaginar. O futuro está sendo criado aqui pela ação de vocês. Que vocês sejam bons artistas”, conclui Oliveira.

Saiba mais sobre o Programa de Engenharia de Nanotecnologia da Coppe: www.pent.coppe.ufrj.br