BRT Transcarioca terá ônibus biarticulados em setembro

Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias

Data: 20/08/2014

Inaugurado em junho passado, o BRT Transcarioca, que liga a Barra da Tijuca ao Aeroporto do Galeão, ganhará no mês de setembro os primeiros ônibus biarticulados com capacidade para transportar até 280 passageiros. A novidade foi anunciada pelo presidente do RioÔnibus (Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro) e da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), Lélis Marcos Teixeira, dia 14 de agosto, na abertura do segundo e último dia do XII Rio de Transportes, congresso promovido pelo Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ.

Os novos coletivos, que medem 23 metros de comprimento, possuem uma articulação a mais do que os veículos utilizados na Transcarioca e no BRT Transoeste, inaugurado em junho de 2012, e que liga o Terminal Alvorada, na Barra, até Santa Cruz e Campo Grande. O início da circulação dos ônibus com duas articulações deverá acontecer no mesmo período em que deverão entrar em operação as estações do BRT Transcarioca situadas entre os bairros de Madureira e Penha, e da Penha até o Aeroporto do Galeão, que ainda estão fechadas.

O trecho final do Transcarioca inclui a estação da Ilha do Fundão, que servirá aos usuários da Cidade Universitária. Segundo Lélis Teixeira, a Ilha do Fundão será atendida inicialmente por uma linha paradora. As estações do BRT Transcarioca estão entrando em operação gradativamente. O primeiro trecho, ligando o Terminal Alvorada à estação Tanque, em Jacarepaguá, começou a funcionar em junho deste ano. Em seguida, o serviço foi estendido até Madureira. Ainda em junho foi inaugurada uma linha semi-expressa, ligando o Terminal Alvorada até o Aeroporto do Galeão, que faz integração intermodal na estação Vicente de Carvalho do Metrô.

Ao apresentar um painel sobre o desempenho do BRT no XII Rio de Transportes, Lélis Teixeira afirmou que a expansão do sistema continuará em 2015, quando o corredor Transoeste será estendido até o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, onde fará integração com a Linha 4 do Metrô, cuja inauguração está prevista para 2016.

Segundo Lélis Teixeira, a RioÔnibus planeja a implantação do conceito de interoperabilidade, que prevê a possibilidade de um ônibus que trafega em um corredor BRT passar para outro. A proposta é que o usuário, por exemplo, possa ir de um bairro atendido pela Transcarioca até uma região atendida pela Transoeste, em um mesmo veículo, sem a necessidade de fazer baldeação. No entanto, para que isso seja possível, será necessária a construção de acessos, como novas faixas e viadutos que permitam essa integração, o que ainda depende de aprovação da Prefeitura da cidade e não deve acontecer antes de 2016.

Planejamento é fundamental para setor de transportes

Outra questão debatida no XII Rio de Transportes foi a importância do planejamento, tema central do painel apresentado pelo professor Marcos Cavalcanti, coordenador do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) da Coppe/UFRJ. Planejamento que é fundamental para várias atividades e não poderia deixar de ser para o setor de transportes, que necessita de alto investimento e precisa antecipar a demanda e a expansão dos serviços. Assim, a falta de planejamento pode trazer sérias consequências como saturação ou subutilização dos serviços ou desperdício de recursos.

“De uma forma geral não existe planejamento no Brasil. Em geral as pessoas fazem um projeto, analisam aquilo de forma isolada do contexto e dos impactos que aquilo vai ter sob o ponto de vista econômico, social e político, e a gente fica torcendo e apelando a Deus ou a forças ocultas para que o problema seja resolvido. Isso foi assim no futebol, é assim na economia e em outras áreas. A gente carece de planejamento, de uma visão de longo prazo e de uma capacidade de transformar esse desejo de organização em efetividade, em coisa que de fato aconteça”, afirmou Cavalcanti, professor do Programa de Engenharia de Produção da Coppe.

Segundo Marcos Cavalcanti, a implantação do Sistema BRT foi um avanço. “Falando muito francamente, os donos das empresas de ônibus resistiram até onde puderam para fazer o BRT. O sistema facilita o controle. Você sabe exatamente quantos passageiros estão entrando e saindo do BRT. O Riocard já foi um avanço. Antes, quando eram feitas as planilhas para dizer quantas pessoas estavam andando e em que linhas, não havia controle. Então era possível declarar o que se quisesse”, explicou Marcos Cavalcanti.

Trânsito no Centro do Rio vai piorar em 2015 durante obras do VLT

O tema que encerrou os painéis do XII Rio de Transportes foi dedicado aos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs). O processo de implantação dos VLTs no Centro do Rio de Janeiro foi apresentado pelo subsecretário de Projetos Estruturantes da Secretaria Especial de Concessões e Parcerias do Rio de Janeiro, Gustavo Guerrante. O início da operação da primeira etapa dos VLTs está prevista para abril de 2016. A segunda e última etapa será concluída cinco meses depois, em setembro.

Nos veículos, que terão 44 metros de comprimento e transportarão até 415 passageiros (seis passageiros por metro quadrado), só haverá um condutor. A validação das passagens será feita em um aparelho que ficará localizado próximo às portas, de forma voluntária e diretamente pelo próprio usuário, que poderá utilizar o seu bilhete único ou comprar um bilhete pré-pago nos locais de venda. Os pontos de parada serão abertos e as únicas estações fechadas serão as existentes na Central do Brasil, na Rodoviária Novo Rio, na Estação das Barcas e no Aeroporto Santos Dumont.
 

“A expectativa é que a implantação dos VLTs resulte em uma redução de 70% da frota de ônibus que circula pelas ruas e avenidas do Centro da cidade”, explicou Gustavo Guerrante. Segundo ele, o sistema será dividido em seis linhas, que ligarão diferentes áreas do Centro e farão integração com outros modais, como o teleférico do Morro da Providência, ônibus, metrô, trens, barcas e o Aeroporto Santos Dumont.

O processo de implantação da novidade, entretanto, terá seu impacto no já caótico trânsito do Centro carioca. Em 2015, duas faixas da Avenida Rio Branco serão interditadas para implantação dos trilhos do VLT, o que vai tumultuar ainda mais o tráfego no local, já prejudicado pelas transformações determinadas pelo fim do elevado da Perimetral e pela interdição do Mergulhão da Praça XV.

A passagem de veículos pela Avenida Rio Branco após a inauguração do VLT ainda é alvo de discussão e está associada à definição do traçado do BRT Transbrasil que passará pelo Centro.

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