Instituições científicas ganham internet de altíssima velocidade

Planeta COPPE / Engenharia de Sistemas e Computação / Notícias

Data: 09/06/2014

Imagem do Google Earth mostra por onde passam os 305 km de fibras óticas da Redecomep-Rio

Uma rede de comunicação com cerca de 305 km de fibras óticas e 146 pontos de conexão interligando 51 instituições de pesquisa, como a UFRJ e a Coppe/UFRJ, além da Prefeitura do Rio de Janeiro e estações do Metrô Rio e da Supervia (trens). Esses são alguns dos números da Rede Rio Metropolitana ou Redecomep-Rio, inaugurada dia 5 de junho, em cerimônia realizada no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. Trata-se da maior infraestrutura de transmissão de dados para atender a projetos acadêmicos e científicos em região metropolitana de toda a América Latina.

Desenvolvida pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), ela é parte do projeto nacional Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep), que vem oferecendo acesso à internet de altíssima velocidade a instituições acadêmicas de todo o país. No estado do Rio, o projeto está sob a responsabilidade da RedeRio/Faperj, que completou 22 anos de existência no mês de maio.

Para o presidente do Comitê Gestor da Redecomep-Rio, coordenador geral da RedeRio/Faperj e professor da Coppe/UFRJ, Luís Felipe de Moraes, as empresas que oferecem serviços de conectividade à internet disponibilizam e cobram aos seus clientes de acordo com a velocidade desejada. “Caso haja necessidade de aumento da velocidade de acesso, os usuários precisam contratar outro serviço junto às empresas, o que é bastante oneroso. Além disso, em muitas regiões as operadoras só são capazes de atender a no máximo, uma determinada velocidade”, destacou Moraes.

Investimentos vão chegar a R$ 235 milhões até 2016

Segundo Luís Felipe (esquerda), instituições terão autonomia para ampliar velocidade de conexão

No caso da Rede Rio Metropolitana, as instituições ganharão gratuitamente a fibra ótica apagada e poderão adquirir a velocidade que desejarem, sem depender de intermediários prestadores de serviço. Para isso, elas precisarão firmar uma parceria para dividir os custos da manutenção da rede, o que está sendo debatido atualmente. “Garantimos um mínimo de 1 Gb/s, mas as instituições terão autonomia para utilizar a velocidade que desejarem. Para isso, bastará trocar a placa de rede por outra mais potente”, explicou o professor da Coppe/UFRJ.

Para o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Alexandre Tande Vieira, a iniciativa só comprova que o Rio de Janeiro tem avançado bastante sua infraestrutura na área de pesquisa e inovação. “Nos últimos dois anos, 16 dos vinte centros de pesquisa instalados no Brasil vieram para o nosso estado, que já conta com a maior concentração de pós-doutores no País. Já temos programados, até 2016, investimentos de cerca de R$ 235 milhões na área. Esse é um momento histórico”, animou-se o secretário.

Segundo o diretor de operações e serviços da RNP, José Luiz Ribeiro Filho, atualmente a RNP tem um canal próprio de 40 GBp/s, que se interliga com cerca de 800 campi de universidades e centros de ensino, pesquisa e cultura no Brasil, mantendo conexões com as redes acadêmicas na América do Sul e do Norte e da Europa. “Só a Faperj sozinha mantém um canal próprio de 3 Gb/s com a internet mundial, que até o final do ano será aumentado para 10Gbp/s. Tudo isso contribuirá ainda mais para a cooperação científica entre pesquisadores brasileiros e cientistas de outros países”, destacou.

José Luiz Ribeiro, da RNP: nova rede ampliará colaboração entre pesquisadores do Brasil e do exterior

Como explicou o coordenador técnico da Redecomep-Rio e de engenharia e operações da RedeRio/FAPERJ, e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Márcio Portes de Albuquerque, a rede tem um anel ótico central ( backbone central) na velocidade de 10 gigabits por segundo (Gb/s), composto por nove Pontos de Presença (PoPs), com tecnologia DWDM (Multiplexação Densa por Divisão de Comprimento de Onda).

Maior segurança e estabilidade de conexão

“Todas as instituições da rede estão interligadas ao backbone central a uma velocidade de pelo menos 1 Gb/s, em fibra óptica com a capacidade de transmitir dados por dois caminhos distintos, na chamada dupla abordagem. Isso garante maior segurança e estabilidade de conexão, pois se um percurso sofrer avarias, os dados circularão automaticamente pelo outro caminho”, explicou Albuquerque. Ele ainda destaca as vantagens do uso da tecnologia DWDM, que permitirá à rede atingir uma capacidade de comunicação agregada de até 2 Terabits por segundo (Tb/s), ou seja, aproximadamente 2 mil Gigabits de informação por segundo em seu backbone.

Com as novas conexões, as instituições terão um ganho significativo de velocidade no acesso à Internet. “Em algumas delas, será 40 vezes maior do que a velocidade anterior. Em todos os casos, é bastante perceptível o ganho em tempo no acesso aos sites ou na transferência de arquivos”, afirmou Albuquerque. “Com isso, abre-se espaço para o desenvolvimento de projetos que exijam essa infraestrutura, tais como ensino a distância, telemedicina/telessaúde, participação remota em experimentos nacionais e internacionais, computação distribuída e grids computacionais, videoconferência de alta definição, bancos de dados com compartilhamento de grandes volumes de informação, segurança ativa de rede, entre outros”, acrescentou.

Nova estrutura também atende a hospitais e escolas

O diretor de Administração e Finanças da Faperj, José Pinto do Prado, na cerimônia de inauguração

Márcio afirmou ainda que os nove Pontos de Presença (PoPs) já foram instalados e o anel de 10Gbps já é uma realidade. São PoPs o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), que também é responsável pela operação da rede física e lógica, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a própria RNP, a Prefeitura do Rio de Janeiro, a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (Proderj). “Os PoPs da RedeRio Metropolitana cederam espaço e infraestrutura para instalação de racks e equipamentos de alto desempenho para formar o backbone central, garantindo, por meio de anéis regionais, a conexão de todas as outras instituições à rede”, explica Albuquerque. “O projeto também reservou pares de fibras óticas para a UFRJ, Uerj, Universidade Federal do estado do Rio de Janeiro (UniRio), Cefet-RJ, Instituto Nacional do Câncer (Inca), Fiocruz e Colégio Pedro II poderem interligar todos seus campi em alta velocidade”, complementou.

No Rio de Janeiro, a Redecomep-Rio foi implementada por um consórcio, que une a Rede-Rio/Faperj, a própria RNP, a Prefeitura do Rio de Janeiro e as empresas Metrô-Rio, Linha Amarela S.A, Light e Supervia Trens Urbanos. “As parcerias firmadas viabilizaram a cessão de direito de passagem para o lançamento de cabos óticos e o uso de infraestrutura existente (dutos e postes), maximizando o investimento na construção de infraestrutura adicional”, explicou Márcio Portes de Albuquerque. “Além dos benefícios para as instituições acadêmicas já citadas anteriormente, o projeto também se estende a escolas e hospitais estaduais e às próprias empresas parceiras participantes”, concluiu.

Matéria feita a partir de texto de Vinícius Zepeda com fotos de Lécio Augusto Ramos (Boletim da Faperj).