Coppe inaugura 1º túnel de vento climático do Hemisfério Sul
Planeta COPPE / Engenharia Mecânica / Notícias
Data: 29/05/2014
A Coppe/UFRJ inaugurou, hoje, 29 de maio, um túnel de vento climático (TVC) para testar componentes aeronáuticos em condições climáticas extremas de voo, com temperaturas até 20 graus negativos. O objetivo é testar equipamentos como, por exemplo, tubos de Pitot utilizados como sensores de velocidade dos aviões. A inauguração ocorreu durante a abertura do 4º Seminário em Segurança Aérea (4º WAS), que reúne na Coppe, dias 29 e 30, alguns dos maiores especialistas em segurança área do mundo. Veja mais detalhes sobre o seminário.
O túnel era um compromisso assumido pela Coppe, que intensificou suas pesquisas em segurança aérea após o acidente com o voo AF447 da Air France, que fazia a rota Rio-Paris, dia 31 de maio de 2009, no qual morreram 228 pessoas. O projeto é liderado pelo pesquisador Renato Machado Cotta, professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe. Mais do que um desafio profissional, a conclusão do túnel teve uma motivação pessoal para o professor Cotta, que perdeu sua filha e seu genro neste acidente.
Instalado no Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos (NIDF) da Coppe, o túnel vai contribuir para dar maior segurança aos voos comerciais. “A certificação dos sensores estava muito limitada às condições de voo da época. É preciso certificar com maior rigor e/ou desenvolver sondas que possam minimizar riscos em situações tão adversas como as que se estão voando hoje. Cada vez mais as empresas voam em maiores altitudes e fazem menores desvios, por razões de economia de combustível e competição. Então é necessário que os sensores possam resistir a situações mais adversas”, explicou o professor Renato Cotta.
No caso específico da Air France foi um acidente fatal. Mas já foram reportados diversos incidentes que tiverem seu início com o congelamento das sondas Pitot, então realmente existe uma necessidade de se colocar mais ciência e mais tecnologia no desenvolvimento de sondas mais confiáveis para essas situações mais adversas”, explicou Cotta.
Equipamento testará vulnerabilidade de componentes à formação de gelo
Projetado e construído por pesquisadores da Coppe, o túnel de vento custou cerca de R$ 350 mil pagos pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Inicialmente, o projeto chegou a ser orçado em R$ 3 milhões, mas, graças à montagem ter sido feita na Coppe, utilizando equipamentos e laboratórios próprios, e ao empenho da equipe envolvida, foi possível reduzir bem os custos. O valor seria ainda mais alto se o equipamento fosse totalmente desenvolvido fora, mas essa hipótese não foi cogitada.
O equipamento tem características bem específicas: trata-se do primeiro túnel de vento do Hemisfério Sul com capacidade para simular condições climáticas extremas de voo, com temperaturas até 20 graus negativos e velocidade MACH 0.3, que corresponde a 1/3 da velocidade do som. O equipamento permite testar o comportamento e a vulnerabilidade de componentes usados em aeronaves diante da formação de gelo.
Instalado no Laboratório de Mecânica da Turbulência, um dos quatro que compõem o Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos da Coppe, o túnel tem cerca de 9 metros de comprimento por 4 metros de altura. A seção de testes tem 30 X 30 centímetros e 2 metros de comprimento.
“Não há túneis assim no mercado. Eles são projetados de acordo com as necessidades de uso e dimensões dos laboratórios. Nele vamos testar sensores e componentes aeronáuticos sob situações climáticas extremas e formação de gelo. Não tínhamos instalações assim no Hemisfério Sul. Ele vai atender tanto a pesquisa, para melhorar os sensores aeronáuticos ou até desenvolver novos sensores, como também a indústria, na certificação dos seus produtos”, afirmou o professor Renato Cotta.
O túnel de vento da Coppe poderá ser utilizado também para certificar componentes usados em aviões. Até agora, se a Embraer quisesse avaliar os sensores de velocidade Pitot que equipam as aeronaves que constrói, por exemplo, precisaria recorrer a laboratórios da Europa e Estados Unidos. Com a inauguração do novo túnel, a Coppe poderá se credenciar perante ao Inmetro e realizar essa certificação. As empresas sediadas no Brasil e no Hemisfério Sul economizarão tempo e recursos, podendo aumentar o número de testes e investimentos em inovações tecnológicas
De acordo com a coordenadora do Laboratório de Mecânica da Turbulência, professora Juliana Braga Loureiro, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, o túnel de vento poderá ser utilizado em pesquisas de outras áreas, como, por exemplo, do setor de óleo e gás.
Veja o vídeo sobre a inauguração do túnel de vento: http://glo.bo/1kuaKlP