Bioetanol – um novo laboratório para um novo tempo
Planeta COPPE / IVIG / Notícias
Data: 29/08/2013
Foi realizada na manhã do dia 29 de agosto, no auditório da Coppe, no CT2, a cerimônia de inauguração do Laboratório Bioetanol da UFRJ, fruto de parceria entre a Coppe e o Instituto de Química. Com a presença de representantes das instituições e grupos de pesquisa que participaram da criação do novo laboratório, a cerimônia marcou não apenas a sua importância para a autossuficiência nacional na produção de bioetanol, mas também o mérito do empreendimento em reunir diversos grupos da universidade em torno de um mesmo ideal.
A iniciativa está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Bioquímica (PPGBq/IQ) e ao Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig) da Coppe, que fará a análise do ciclo de vida do novo processo de produção do bioetanol e identificará possíveis impactos ambientais de todas as etapas da produção.
Agradecendo aos inúmeros “companheiros de jornada” que o projeto do Laboratório Bioetanol angariou ao longo dos últimos 30 anos, a professora Elba Bon, coordenadora da unidade, ressaltou a importância das instituições que atuam com seriedade, possibilitando que as pessoas possam desempenhar bem os seus papéis. “Instituições com culturas bem diferentes estão envolvidas nesse projeto, mas conseguimos harmonizar tudo porque havia vontade de chegar a um resultado palpável, que é o desenvolvimento de uma tecnologia importantíssima para o Brasil”, disse ela.
Elba Bon destacou a importância da Fundação Coppetec, que administrou os dez milhões de Reais confiados pela Finep ao Laboratório Bioetanol: “A Coppetec trabalhou com lisura e competência enormes. A universidade precisa muito dessas instituições, que apresentam grande capacidade no gerenciamento de projetos. Não teríamos conseguido inaugurar o laboratório sem o apoio da Fundação Coppetec”, disse ela.
Também compuseram a mesa da cerimônia a professora Angela Uller, representando o professor Carlos Antonio Levi da Conceição, reitor da UFRJ; o professor Edson Watanabe, vice-diretor da Coppe,; a professora Cássia Turci, diretora em exercício do Instituto de Química; Luiz Antonio Barreto de Castro, presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia; e Hajime Kimura, cônsul geral adjunto do Consulado do Japão. O Laboratório Bioetanol conta com uma grande rede de instituições de pesquisa brasileiras e japonesas, entre elas a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), que investiu R$ 4 milhões no projeto.
Lembrando as comemorações pelo cinquentenário da Coppe, o professor Edson Watanabe, vice-diretor da Coppe, representando o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da instituição, expressou a sua satisfação em inaugurar mais um laboratório nesse ano especial. Ele ressaltou os vários apoios que o projeto recebeu, como o do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e o das instituições japonesas que viabilizou 12 missões de alunos da UFRJ ao Japão. Com bom humor, Watanabe registrou, por fim, a “teimosia” da professora Elba Bon, “sem a qual esse importante laboratório não teria sido construído”, disse.
Brasil e Japão: uma parceria promissora
Ao apresentar o Laboratório Bioetanol da UFRJ, cuja principal área de pesquisa são as novas enzimas e microorganismos para o processamento da biomassa, Elba Bon demonstrou a complementaridade das atividades desenvolvidas nos dois países, ressaltando que o pré-tratamento desses componentes já é estudado no Japão. A professora mostrou ainda a produção científica do projeto desde 2009, que inclui 26 artigos publicados em periódicos importantes, dois capítulos de livros e uma patente.
Atual presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia, Luiz Antonio Barreto de Castro foi um dos responsáveis pela viabilização do projeto durante sua gestão como secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “Fico muito feliz por ter tido a oportunidade de ajudar no financiamento desse projeto e tenho certeza que ele vai nos orgulhar muito no futuro, quando começarmos a ver os seus resultados”, disse.
O cônsul Haime Kimura também manifestou sua satisfação com o projeto e aproveitou a ocasião para falar sobre os progressos do acordo de cooperação científica do Brasil com o Japão. “Queremos continuar o intercâmbio de tecnologia e inovação no Brasil e desejo o maior sucesso ao Laboratório de Bioetanol”, disse ele.
Para Cássia Turci, que é ainda vice-decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, a inauguração do Laboratório Bioetanol tem um significado especial: “Em muitos casos é mais fácil estabelecer parceiras com outros países do que dentro da universidade, por isso é um grande mérito a construção desse laboratório. Mas acredito que estamos aprendendo, aos poucos, a fazer parcerias entre as nossas unidades e o Laboratório Bioetanol é um exemplo disso. Com a Coppe, por exemplo, aprendemos o que ela faz com maestria, que é a divulgação de seus trabalhos”, disse Cássia.
Saudando todos os pesquisadores do projeto, Angela Uler, pró-reitora da UFRJ na época da assinatura do projeto com a Finep, também demonstrou satisfação com a inauguração do Laboratório Etanol. “Nós da universidade sabemos que as políticas governamentais de apoio à ciência e tecnologia não são constantes. Por isso a persistência no estudo de fontes alternativas de energia é extremamente importante, assim como as parcerias que foram feitas para isso. E a engenharia humana que foi feita nesse laboratório é realmente emblemática”, disse a professora Angela.
Após a cerimônia, os convidados visitaram as instalações do Laboratório Bioetanol, conduzidos no ônibus H2+2.
Desafios e perspectivas para o etanol brasileiro
Com condições únicas para o desenvolvimento das tecnologias de produção de produtos químicos e combustíveis a partir da biomassa, o Brasil tem pela frente excelentes expectativas no setor.
Funcionando em rede com equipes da Coppe e do Instituto de Química da UFRJ, integrados a outras instituições brasileiras e 10 universidades do exterior, entre elas do Japão, o novo laboratório vai pesquisar, além da caracterização de diferentes tipos de biomassa, como cana, milho, trigo e madeira, o pré-tratamento não-ácido da biomassa, a produção de enzimas para hidrólise da biomassa, o ciclo de vida e a análise econômico do etanol 2G. Inicialmente a equipe conta com 20 pesquisadores, mas, à medida que as pesquisas avançarem, poderá reunir até 60 pesquisadores.
“O Laboratório Bioetanol proporcionará uma iniciativa inédita no Brasil, que é juntar grupos de pesquisa que estudam a produção de biodiesel (IVIG) e a produção de Bioetanol (IQ/UFRJ). Sua criação vai incentivar a troca entre as duas áreas” diz o professor Marcos Freitas, coordenador do IVIG da Coppe.