Tecnologia é fronteira a ser vencida pelos países emergentes

Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias

Data: 20/06/2012

O encontro “Brasil e China: os Grandes Desafios” encerrou na última terça-feira, 19, o ciclo de palestras do evento “O futuro sustentável – Tecnologias e inovação para uma economia verde e a erradicação da pobreza”. Estiveram presentes o secretário Álvaro Prata, da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec); Wang Weizhong, vice-ministro de Ciência e Tecnologia da China; Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe/UFRJ; He Jiankun, director do Steering Committee, China Brazil Center; Pan Mingtao, secretário-geral da China NGO Network for International Exchanges; Zhang Xiaoan, vice-presidente e diretor geral da UNA-China e Li Zheng, diretor do Tsinghua-BP Clean Energy Research&Education Center, Tsinghua University; e Adriano Proença, professor do Programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ.

Segundo o vice-ministro de Ciência e Tecnologia da China, Wang Weizhing, a sustentabilidade está entre as prioridades da China, já que o país foi um dos primeiros a integrar a Agenda 21. Weizhing, porém, reivindica metas diferenciadas para países em desenvolvimento como Brasil e China. “Nossos países podem e devem avançar conjuntamente, vivemos momentos semelhantes e podemos ter mais parcerias em diversas áreas”, disse o representante do governo chinês.

Para o secretário Álvaro Prata, o maior desafio do Brasil no campo da sustentabilidade é se tornar uma potência tecnológica e para isso a educação é o único caminho. “Neste sentido temos que seguir o exemplo dos nossos amigos chineses. No Brasil, apenas 14% dos jovens entre 16 e 24 anos estão na universidade. Deste total, mais da metade estão fazendo cursos como pedagogia, administração etc. Apenas 6% dos formandos brasileiros estão na cadeira de engenharia. Na China 30% dos formandos são engenheiros. Precisamos muito deste tipo de profissional para desenvolver tecnologia e pular definitivamente para o grupo de países desenvolvimento”, disse Prata.

Outro gargalo brasileiro é falta de tradição empresarial de investir em novas tecnologias, segundo Álvaro Prata. “O Brasil tem tecnologia de ponta em três áreas importantes e difíceis: produção de petróleo e gás, produção de aviões e nos agronegócios. Mas, nesses casos, o governo teve papel decisivo. Os empresários brasileiros não arriscam investir por conta própria em novas tecnologias. Os programas de subsídio do governo são pouquíssimo utilizados, porque a aprovação dos recursos depende de análises fiscais que, por vezes, não interessam às empresas. Apenas 620 empresas utilizam atualmente o fundo que o ministério destina a novas tecnologias”, disse o secretário.

Este é outro ponto em que a China está à frente dos brasileiros. Os empresários chineses investem em novas tecnologias e contam com o apoio do governo. Por outro lado, para Adriano Proença, professor do Programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ, o exemplo da força estatal chinesa para apontar novos rumos nas inovações mais necessárias para a sociedade deve ser levado em conta. “O esforço do governo chinês no investimento de tecnologias renováveis, ao fazer muito bem a ponte entre universidade e setor produtivo, é uma prova que, depois do Lehman Brothers, o capitalismo está sendo reformulado”, afirmou Proença.

Após o encontro, a delegação chinesa visitou os laboratórios da Coppe/UFRJ de Tecnologia Enzimática, Levitação Magnética e Instrumentação Oceânica.