Livro de referência sobre o mar será lançado dia 17
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 13/04/2012
País de dimensões continentais, o Brasil é banhado por uma costa de 7.408 km, possui área oceânica de exclusividade econômica de aproximadamente de 3.540.000 km2 e cerca de 960.000 km2 de plataforma continental além das 200 milhas. Essa vasta área azul abriga negócios de cifras inimagináveis em diversos setores, como o de petróleo, e envolve questões como direito e segurança do mar, desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas. Para abordar esse verdadeiro oceano de informações, o Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra) lança, no próximo dia 17 de abril, às 18h30, no Espaço Cultural da Marinha, no Rio de Janeiro, a segunda edição de “O Brasil e o mar no século XXI – Relatório aos tomadores de decisão do país”. O livro, de 540 páginas, reúne textos e capítulos de especialistas da Coppe/UFRJ e de uma série de outras instituições.
Como o subtítulo da obra adianta, a proposta do livro é oferecer a parlamentares e ao Poder Executivo um amplo painel com os principais aspectos relacionados ao mar brasileiro. Um conjunto de informações sobre as potencialidades marítimas nacionais para nortear a tomada de decisões. Ao final dos capítulos há uma lista de sugestões sobre cada tema.
Composto por nove partes divididas em 19 capítulos, o livro aborda, entre outras questões, o mar como fonte de energia e de recursos minerais e como fonte de alimentos. Temas como direito do mar, exploração de petróleo, poluição marinha, energia dos oceanos, construção naval e mudanças climáticas, presentes diariamente na imprensa, são discutidos na obra, também destinada a quem trabalha ou se interessa pelo assunto. O livro traz ainda os resultados de uma pesquisa de opinião pública sobre o mar, realizada em agosto de 2011, na qual foram ouvidas 2 mil pessoas.
“Um dos méritos desse projeto é reunir todos esses assuntos em uma única obra. A nossa proposta é que o livro seja uma importante ferramenta para ser consultada por deputados federais, senadores e o primeiro escalão do Poder Executivo, sempre que for preciso tomar alguma decisão relacionada aos temas ligados ao mar”, explicou o coordenador executivo do Cembra, almirante Luiz Philippe da Costa Fernandes.
Energia dos oceanos
Em relação à primeira edição do livro, lançada em 1998, pela então Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos (CNIO), para comemorar o Ano Internacional dos Oceanos, a segunda edição foi revista e atualizada. Ela também chega ampliada com a inclusão de 132 páginas e três novos capítulos sobre energia dos oceanos, biotecnologia marinha e mudanças climáticas.
Uma das novidades, o capítulo “Energia dos oceanos” foi assinado pelo diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen, professor do Programa de Engenharia Oceânica da instituição. Nele, o pesquisador fala sobre as energias das ondas, das marés e das correntes, e sobre o potencial da costa brasileira, estimado em 114 GW, o que além da possibilidade de contribuir para a ampliação da oferta, representa a diversificação da matriz energética.
O capítulo trata também da planta piloto para conversão da energia das ondas em eletricidade, que a Coppe está implantando no Porto do Pecém, próximo a Fortaleza, em colaboração com Tractebel Energia e o Governo do Estado do Ceará. A unidade, que será inaugurada nos próximos meses, terá potência instalada de 100kw.
“Com a evolução da pesquisa em energias renováveis, o amplo potencial dos recursos energéticos do mar vem atraindo crescente atenção e interesse da comunidade científica e de políticas governamentais. O aproveitamento dos recursos do mar apresenta perspectivas promissoras, em função de vários fatores, tais como extensas áreas, ampla distribuição mundial dos oceanos e, principalmente, altas densidades energéticas, as maiores entre todas as fontes renováveis”, explicou Segen Estefen.
Construção naval
Outro capítulo que contou com a colaboração de um especialista da Coppe é o que trata da construção naval no Brasil. O professor Floriano Carlos Martins Pires Jr., do Programa de Engenharia Oceânica, fez a atualização e preparou as recomendações contidas no capítulo. Nele são abordados temas como a história da indústria da construção naval no país; os chamados PCNs (Planos de Construção Naval I e II); os avanços e recuos do setor na segunda metade do século XX; bem como o período de recuperação atual do segmento.
O capítulo também destaca questões críticas que precisam ser equacionadas para se alcançar uma política de construção naval consistente. “A conjuntura da indústria naval no Brasil é muito favorável. Entretanto, para que o setor chegue ao desenvolvimento permanente e sustentável é preciso consolidar uma produção eficiente e competitiva em nível internacional”, afirmou Floriano Pires. Isso ocorreu nos países que desenvolveram indústrias de construção naval relevantes.
Para formar um amplo painel sobre o mar nesse livro, o Cembra, criado em 2009 dentro do Espaço Centros e Redes de Excelência (Ecentex) da Coppe/UFRJ, contou com o talento de especialistas de cada tema focalizado. Os capítulos produzidos por esses estudiosos foram debatidos em três workshops regionais realizados na Coppe; na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul; e no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), na Universidade Federal do Ceará (UFCE).
Atualização permanente
Após o lançamento no Rio de Janeiro, no próximo dia 17, o livro será lançado também em Fortaleza e em Brasília. No último dia 3, a obra foi apresentada na Universidade Federal do Rio Grande. A tiragem é de 3 mil exemplares e os interessados em obtê-la devem entrar em contato com o Cembra por intermédio do e-mail .
“Provavelmente no final do ano, ‘O Brasil e o Mar no Século XXI’ já estará disponível em edição virtual na página do Cembra (www.cembra.org.br), onde será mantido permanentemente atualizado, graças a contribuições periódicas dos consultores virtuais de cada capítulo. Também está previsto um sistema de comunicação permanente entre os interessados em esclarecer dúvidas sobre cada tema e os consultores do Cembra – o chamado Cembrapedia”, adiantou o almirante Costa Fernandes.