Tecnologia ajuda diagnosticar doenças respiratórias via internet
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Data: 17/03/2011
Pesquisadores do Núcleo de Computação de Alto Desempenho (Nacad) da Coppe desenvolveram um software inovador que tornará mais acessível, principalmente, o diagnóstico de doenças respiratórias no Brasil. O software, denominado scanRX, faz parte do projeto de Teleintegração para Imagens Radiológicas (TIPIRX), que possibilitará a implantação do serviço de telerradiologia de baixo-custo em todo o país, capaz de auxiliar no diagnóstico pela internet. A nova ferramenta, desenvolvida com tecnologia nacional adequada às necessidades do sistema de saúde brasileiro, proporcionará menor custo, maior rapidez e eficiência no diagnóstico de doenças respiratórias, principalmente em regiões distantes dos grandes centros urbanos que carecem de especialistas. Por isso, tem potencial para ser implantada no Programa Telessaúde Brasil, do Ministério da Saúde.
Sob a coordenação do professor Amit Bhaya, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, o scanRX foi desenvolvido com financiamento da Finep. Para facilitar a implantação do TIPIRX em todas as regiões do país, o sistema da Coppe foi estruturado com linguagem simples, podendo ser operado até mesmo por iniciantes em informática. Os pesquisadores também buscaram soluções de baixo custo, inclusive na opção de equipamentos necessários para uso do sistema. Um exemplo é a substituição do escâner especial, tradicionalmente utilizado pela radiologia, que custa R$ 20 mil, pelo comum que custa R$ 2 mil.
“Desenvolvemos uma metodologia para que o nosso sistema possa ser utilizado tanto pelos médicos como pelos técnicos das unidades de saúde. Para acessá-lo, basta que o posto tenha um computador com conexão à internet e um escâner comum, com iluminação na parte superior interna, que é o adequado para digitalizar material transparente, a exemplo dos filmes”, garante Amit coordenador técnico do projeto.
O scanRX monta automaticamente a imagem de um filme de raios X, após esta ter sido escaneada em partes, e a comprime para viabilizar sua transmissão pela internet, mesmo em locais de conexão lenta. Para transmitir as imagens de RX digitalizadas, a equipe do Laboratório de Telessaúde da UERJ desenvolveu o rioteleRX, um sistema que permitirá aos médicos radiologistas dos hospitais universitários da UFRJ, Uerj e UFF emitir um relatório de segunda-opinião para médicos não radiologistas respeitando, inclusive, a resolução de telerradiologia do Conselho Federal de Medicina. “O grande impacto esperado é a aceleração do diagnóstico das doenças pulmonares, com destaque para a tuberculose, que é ainda um grave problema na saúde pública”, diz a professora Alexandra Monteiro, da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e coordenadora geral do projeto TIPIRX. “Além disso, tendo em vista as dimensões continentais do Brasil e o número limitado de radiologistas brasileiro, soluções como estas, poderão permitir maior rapidez no atendimento à população”, afirma a professora Alexandra Monteiro, da Uerj, coordenadora também do Núcleo RJ do Programa Telessaúde Brasil.
Segundo Alexandra, a maioria dos municípios do Rio de Janeiro realiza exames simples de raios X de tórax, em filme convencional, o que dificulta a obtenção de um diagnóstico preciso, devido à falta de especialistas no local. “Isso reduz as chances de cura, pois, com o passar do tempo, a doença se torna mais agressiva e, no caso das doenças contagiosas, aumenta a possibilidade de contaminação de quem convive com a pessoa”, adverte Alessandra.
Como funciona o sistema da Coppe
O profissional do posto de saúde poderá escanear o filme do exame de raios X convencional em até quatro partes, se for necessário, para ajustá-lo à dimensão do escâner. O usuário é guiado por uma interface amigável que informa o número de passos e movimentos que precisam ser realizados para a aquisição correta da imagem parcial. Também mostra como o filme deve ser exposto no escâner para evitar erros na identificação da imagem.
Após a etapa inicial, o ScanRX faz a costura das imagens, gerando uma única figura digital compactada, entre 75% e 86%, suficiente para manter a definição e não comprometer os detalhes. O próprio software grava a imagem em pasta padronizada com as informações do médico e do paciente fornecidas pelo usuário. “Nenhum desses procedimentos requer intervenção ou conhecimento especí¬fico do usuário, tanto em informática como em radiologia”, afirma o professor Amit, também coordenador técnico do TIPIRX.
Para concluir o processo, a imagem digitalizada do exame é anexada a um formulário eletrônico, desenvolvido no Núcleo RJ do Telessaúde Brasil, e enviada a uma equipe de teleconsultores dos serviços de radiologia, como a do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ. Após análise, a resposta é devolvida no mesmo formulário para que o médico possa obter o diagnóstico final e medicar o paciente.
“Todo o procedimento foi feito de acordo com as resoluções éticas do Conselho Federal de Medicina e também da resolução específica em Telerradiologia, aprovada ano passado”, afirma o professor da Coppe.
O projeto piloto do TIPIRX foi implantado na cidade do Piraí, um dos dez municípios do Rio de Janeiro considerados como prioritários para o diagnóstico e tratamento da tuberculose. O Núcleo RJ do Programa Telessaúde Brasil instalou na cidade o kit com escâner e software, e os primeiros resultados têm sido satisfatórios, de acordo com a equipe do núcleo. O TIPIRX também está sendo testado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca e estendido a sete outras UPAs na cidade do Rio de Janeiro, onde, em muitos casos, os atendimentos são realizados por bombeiros.