Aluno da Coppe ganha prêmio Jovem Cientista
Planeta COPPE / Engenharia Química / Notícias
Data: 18/11/2010
Produzir um biocombustível não poluente, eficiente e com propriedades similares às do diesel. Esse é o objetivo do trabalho vencedor do prêmio Jovem Cientista 2010 desenvolvido pelo aluno de doutorado do Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe, Leandro Alves de Sousa. A grande vantagem é que o biocombustível desenvolvido é feito através do reaproveitamento do óleo de cozinha usado e não precisa ser misturado ao diesel para ser utilizado em motores, tornando-se menos poluente. Fruto da dissertação de mestrado orientada pelo professor Victor Teixeira da Silva, o projeto passará por análises mais aprofundadas no doutorado do estudante. O Prêmio Jovem Cientista é concedido pelo CNPq e está na 24ª edição. Este ano o tema foi “Energia e meio-ambiente – soluções para o futuro”.
Segundo Leandro, a infraestrutura para a produção dessa fonte de energia alternativa já é empregada no processamento do petróleo. Para produzir o biocombustível, o óleo vegetal passa por um processo de hidrotratamento utilizando como catalisador o carbeto de molibdênio, que acelera a formação do biocombustível.
“Pelo método tradicional, o biodiesel precisa ser misturado ao diesel para ser utilizado em motores. Contudo, a queima dessa parcela de diesel libera CO2 e contribuiu para o aquecimento global. A vantagem do biocombustível que desenvolvemos é que ele não precisa ser misturado, o que o torna menos poluente, além de poder ser utilizado diretamente em motores, sem a necessidade de adaptações das partes mecânicas”, explica Leandro.
Outro problema decorrente da produção do biodiesel é geração de glicerina. “O processo de produção do biodiesel gera, em média, 10% do volume do produto final em glicerina. Uma vez que o mercado não consegue absorver a grande quantidade desse subproduto, ele tem que ser armazenado. Contudo, o estoque incorreto ou o despejo irregular da glicerina gera danos ao ambiente”, conta o estudante. Por não precisar ser misturado, o biocombustível desenvolvido nos laboratórios da Coppe/UFRJ não possui esse problema. “Graças ao catalisador que utilizamos, o subproduto que obtemos é água, e não glicerina” acrescenta o professor Victor Teixeira.
Segundo o orientador de Leandro nesse projeto, o trabalho vem de uma linha de pesquisa que visa ao melhor aproveitamento dos resíduos de outros processos: “No caso do biocombustível, o resíduo que utilizamos foi óleo de cozinha usado”. Grande trunfo na pesquisa, o catalisador utilizado no tratamento do óleo de cozinha tem um potencial muito maior. “Esse catalisador se mostrou bastante eficiente. Ao entender melhor como ele age, poderemos usá-lo para aprimorar o tratamento de outros óleos vegetais que, a princípio, não são bons para a produção de biocombustível, como o óleo de mamona”, aposta o professor Victor.
Ao contrário de outros combustíveis que afetam o preço de alguns alimentos – como o álcool em relação à cana de açúcar – o biocombustível desenvolvido por Leandro não causa esse problema: “O processo que utilizamos consiste, em uma primeira etapa, na formação de ácidos graxos a partir do óleo vegetal e, depois, na formação do biocombustível a partir desses ácidos. O óleo de cozinha, por ter sido usado em frituras, já vem com grande quantidade dessa substância devido à degradação térmica e por isso é bem-vindo no processo. Além disso, o reaproveitamento é uma possível solução para problema do descarte inadequado dos óleos utilizados”.