Pesquisa aponta que andar de táxi é mais econômico
Planeta COPPE / Engenharia de Transportes / Notícias
Data: 30/09/2009
Comprar um carro ou andar de táxi? De acordo com o estudo realizado por pesquisadores da Coppe, para quem se desloca até 700 km por mês, no Rio de Janeiro, é mais vantajoso usar o táxi como veículo do que comprar um automóvel na faixa de R$ 25 mil. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores levaram em conta todas as despesas de um carro particular, como prestações do veículo, seguro, IPVA, combustível, manutenção, estacionamentos e as comparou às bandeiradas e quilometragens do táxi. O estudo é resultado da pesquisa realizada por Luiz Afonso Penha de Sousa, aluno do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe, sob a orientação do professor Paulo Cezar Ribeiro.
Segundo Luiz Afonso, quem compra um carro de R$ 25 mil, parcelado em 60 vezes, e com ele percorre 500 km num mês, tem um custo mensal de R$ 1.104,00. Basta somar os itens: prestação do carro, R$ 725, seguro R$ 133, combustível R$ 104,00. Isso fora gastos como limpeza, manutenção, entre outros. Se a mesma distância for percorrida utilizando como transporte o táxi, o valor desembolsado será de R$ 956, 40.
“Consideramos, é claro, que a despesa com a prestação é referente à aquisição de um bem, de um patrimônio. Mas é preciso também avaliar que ao término do pagamento das parcelas, ou seja, quatro anos depois, o valor do veículo no mercado já terá sofrido considerável queda”, analisa o pesquisador.
Os cálculos de Luiz Afonso indicam que até mesmo alugar um carro pode ser mais econômico do que comprar um automóvel. “Para o usuário de um veículo avaliado em R$ 30 mil que percorre mensalmente entre 950 e 2.500 km, a alternativa de pegar um táxi ou alugar um veículo seria mais vantajosa”, afirma o aluno, ressaltando os pontos positivos que as opções pelo táxi ou pelo aluguel do carro podem trazer, não só para o usuário, como para aqueles que vivem em grandes cidades. “Além de ser mais econômico, pode inibir o significativo aumento de veículos no trânsito esperado para os próximos anos que trará um impacto muito negativo, tanto para o Rio como para a maioria das grandes cidades no país”, afirma.
O professor do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe, Paulo Cezar Ribeiro, concorda com o aluno e afirma que o número de veículos particulares deverá triplicar nos próximos anos. Segundo o professor, caso todos passem a circular frequentemente provocarão paralisações em trechos de grandes fluxos de uma cidade como o Rio de Janeiro. Para se ter uma idéia, os atuais congestionamentos do Rio são causados principalmente pelos automóveis, cuja frota já chegou a 1,75 milhões, em julho de 2009, de acordo com o Detran. Uma quantidade significativa na visão do especialista, uma vez que a mediada taxa de propriedade de automóveis chega a um carro para cada 3,4 habitantes. “Com mais 3,5 milhões de veículos circulando, a extensão das retenções será ainda maior e surgirão novos pontos de congestionamentos,” garante Paulo Cezar.
“As grandes metrópoles cresceram sem planejamento que levasse em conta a mobilidade urbana e, por isso, hoje não há infra-estrutura suficiente para que quase a metade da população se desloque utilizando um carro próprio. A solução ideal para as grandes cidades é a melhoria do transporte público, com mais investimento na malha ferroviária e a implantação de corredores exclusivos para ônibus, medidas que poderão reduzir o tempo médio das viagens”, afirma o professor, embora demonstre otimismo em relação à aplicação da solução, pelo menos no curto prazo. “Como a maioria das pessoas tem o desejo de ter seu próprio veículo, desestimular a compra sem apresentar um benefício concreto não é a melhor estratégia para tirar os automóveis particulares das ruas. Por isso, estamos pesquisando outras alternativas e constatamos que, no momento, a utilização do táxi é uma boa solução”, argumenta.
Além de contribuir para a redução do congestionamento no trânsito e proporcionar vantagens econômicas, a troca do carro particular pelo táxi pode trazer outros benefícios para o usuário. Ao defender a proposta, o pesquisador da Coppe, Luiz Afonso, lembra o quanto é prazeroso ficar livre para observar a paisagem e o que se passa ao redor, sem a obrigação de estar atento ao movimento de outros carros e sinalizações de trânsito. “Uma vez afastado do volante, você pode relaxar, beber com amigos ou atender o celular o tempo necessário, sem risco de causar acidentes e sem aquela tensão para terminar logo a ligação. Pode até cochilar durante o trajeto”, brinca o pesquisador.