COPPE premia autoras do novo visual do ônibus a hidrogênio
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Notícias
Data: 07/01/2008
A cerimônia de premiação das vencedoras do concurso da nova programação visual do ônibus a hidrogênio da COPPE, no dia 18 de dezembro, foi um dia especial para Carolina Cadaval, Aline Lima e Dandara Dantas, alunas do terceiro período da Escola de Belas Artes da UFRJ. Entre os 18 trabalhos inscritos no concurso promovido pelo Laboratório de Hidrogênio da COPPE, em parceria com a EBA, o trabalho das três alunas foi o escolhido pela comissão.
A equipe vencedora buscou na natureza do Rio a inspiração para a programação visual do ônibus. “Queríamos mostrar o que o Rio tem de mais bonito”, conta Aline Lima, uma das integrantes do grupo que elaborou o design inspirado nas curvas de um dos cartões postais da cidade: o Pão de Açúcar. A jovem de apenas 20 anos contou, ainda, que o grupo por pouco não ficou de fora da competição. “Nós tínhamos perdido o prazo para entrega do trabalho e ficamos arrasadas. Por sorte o prazo foi estendido e pudemos participar”, contou Aline, que agradeceu aos pais e professores pelo incentivo.
A cerimônia de premiação foi um momento marcante não só para as alunas vencedoras, como também para os familiares que compareceram ao evento. “Às vezes ficávamos sem motivação e, com os outros trabalhos de final de período, não tínhamos muito tempo para trabalhar no projeto. Nossos pais nos deram muita força para continuar trabalhando”, contou Dandara, de 20 anos.
Atauaupa Schmitz da Silva Prego, avô de Carolina Cadaval, estava emocionado pela conquista da neta de 19 anos. “Estou muito feliz por ela, e pela continuidade da arte da família”, disse Atauaupa, revelando o passado indígena da família e o talento de suas avós que se dedicavam à cerâmica marajoara. Uma das mais emocionadas na cerimônia era Regina Dantas, mãe de Dandara. “Estamos todos muito orgulhosos delas, pois se dispuseram a disputar com alunos veteranos da Escola de Belas Artes e não desistiram. A seriedade com que levaram adiante o trabalho nos motivou a ajudar de todas as formas. Elas viravam a noite e deixaram de sair com os amigos para concluir o projeto”, relatou Regina.
Mesmo faltando alguns anos para completar a faculdade, Caroline, Aline e Dandara terão o prazer de, ainda este ano, contemplar seu primeiro projeto circulando pelas ruas do Rio de Janeiro, uma vitrine a céu aberto para artista nenhum colocar defeito.
Tecnologia, arte e meio ambiente: parcerias para o futuro
O professor Paulo Emílio Valadão de Miranda, coordenador do Laboratório de Hidrogênio da COPPE, apresentou o projeto do ônibus a hidrogênio e destacou sua importância para a sociedade e o País. “Cada ônibus que roda no Rio de Janeiro despeja 100 toneladas de CO2 por ano na atmosfera”, afirmou Paulo Emílio, ressaltando ser este o primeiro projeto do gênero no hemisfério sul.
A diretora da Escola, Ângela Ancora da Luz, destacou a cooperação entre a tecnologia e a arte. “Estamos cumprindo, hoje, uma conjugação entre o conhecimento e a arte, em um projeto que vai destacar nosso país com a tecnologia e tornará o Brasil em um país de ponta, além de destacar a UFRJ como um lugar do conhecimento”, contou Ângela. A professora Ísis Braga, da EBA, se rendeu à tecnologia do hidrogênio e seus benefícios. “Esse concurso me causou grande prazer e me conscientizou da importância do ônibus a hidrogênio para o meio ambiente”, ressaltou.
O representante da Petrobras na cerimônia, o engenheiro Paulo Isabel dos Reis, disse que a empresa está confiante na parceria com a COPPE. “Este é um projeto bastante importante para a Petrobras e para todos nós. Não consigo imaginar, daqui a dez anos, a população convivendo com as emissões e os poluentes de hoje. A Petrobras tem investido cada vez mais em tecnologias limpas e a COPPE está fazendo um grande trabalho”, ressaltou Paulo Isabel. Outro parceiro presente à cerimônia, Roberto Neves, da FINEP, destacou a confiança na COPPE e a importância do projeto para o Brasil. O Diretor de Inovação e Tecnologia da COPPE, Segen Estefen, ressaltou o caráter inovador do projeto que colocou o Brasil entre os países do mundo que já estão testando essa que é apontada como uma das fontes do futuro.
Ônibus tem lançamento previsto para 2008
Projeto desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da COPPE, sob a coordenação do professor Paulo Emilio Valadão de Miranda, o ônibus tem lançamento previsto para 2008. O veículo vai circular inicialmente na cidade universitária, na Ilha do Fundão, e a partir de 2009 passará a trafegar por uma rota convencional, transportando passageiros pelas ruas do Rio de Janeiro.
O projeto do ônibus a hidrogênio é financiado pela FINEP e Petrobras e está sendo construído com aportes adicionais, financeiro e técnico, das empresas parceiras Busscar, Weg, Rotarex, Solution, LabH2-Inovação, Guardian e Manvel.
Com 12 m de comprimento – tamanho de um ônibus urbano convencional – o ônibus poderá transportar 80 passageiros, sendo 32 pessoas sentadas. Projetado para ter autonomia de 300 km, utilizando somente a energia de pilha a combustível – alimentada a hidrogênio- e de baterias, o ônibus a hidrogênio da COPPE é um projeto ambientalmente sustentável: não emite gases poluentes e tem como único resíduo a emissão de vapor d’água. A água que deriva da reação eletroquímica é tão pura que serve para o consumo.
O ônibus será abastecido num posto localizado no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), na Ilha do Fundão, que está sendo construído pela Petrobras, uma das financiadoras do projeto. O hidrogênio será produzido no próprio posto, a partir do gás natural.
Engenharia arrojada e baixo custo
O projeto destaca-se pelo arrojo na engenharia. O moderno sistema de motorização desenvolvido pela equipe do Laboratório de Hidrogênio da COPPE liberou espaços no interior do veículo, propiciando maior conforto ao usuário. O design com base em princípios da ergonomia inclui uma via especial de acesso a portadores de deficiência física, com espaço destinado a abrigar cadeira de roda alinhada aos demais assentos.
O fato de ter sido elaborado um projeto de engenharia especificamente para a construção desse protótipo, resultou em inúmeras vantagens. Uma delas é que o custo de construção do protótipo brasileiro ficou em cerca de 50% menor que o valor de venda do similar europeu. Com esse projeto o Brasil passa a integrar o reduzido número de países que vem trabalhando em projetos experimentais para viabilizar o uso desta fonte limpa de energia.
“Trata-se de um veículo do futuro, que responde aos anseios de uma sociedade sustentável: não é poluente, gera pouco ruído e não dissipa gases que provocam o efeito estufa”, conclui Paulo Emilio, coordenador do projeto.