Pesquisa revela opinião de freqüentadores de Búzios sobre tráfego
Planeta COPPE / Planejamento Enérgico / Notícias
Data: 25/08/2006
Originalmente voltado para a pesca, o município de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos, tornou-se um local de turismo de luxo. Com cerca de 20 mil habitantes, uma área de 70 km quadrados e mais de 20 praias, a cidade hoje atrai turistas do Brasil e do exterior e ostenta a segunda maior infra-estrutura hoteleira do Estado do Rio, com cerca de 130 hotéis ou pousadas. O crescimento trouxe muitos benefícios mas também gerou alguns contratempos. A cidade vem enfrentando sérios problemas de tráfego, principalmente nos finais de semana, com os veranistas, e nos feriados e férias, com a chegada de turistas, quando a população pode chegar a triplicar.
No intuito de identificar os problemas relativos ao tráfego, a prefeitura de Búzios solicitou à equipe do Núcleo de Planejamento Estratégico de Transportes (Planet) da COPPE a realização de uma consulta à população local e veranistas para avaliar as condições do tráfego e do transporte na cidade.
A pesquisa revelou certa unanimidade na indicação dos principais problemas, independente do perfil econômico dos entrevistados e do fato de serem veranistas ou moradores da cidade. Entre os problemas apontados, destacam-se a falta de manutenção das vias, os congestionamentos, a ausência de alternativas de transportes e a superlotação dos veículos públicos. Também registrou que a falta de espaços definidos para pedestres, ciclistas e veículos resultam em problemas de segurança no trânsito.
De acordo com a consulta, 79 % dos entrevistados apontaram como um dos problemas mais graves a falta de manutenção das ruas, que inclui ausência de calçadas e de pavimentação nas vias. Já 61 % consideram a falta de sinalização o principal problema. Como 63 % dos moradores não possui automóvel, o congestionamento foi um fator mais destacado pelos veranistas. Os entrevistados de menor renda, como previsível, consideram o transporte coletivo a melhor opção, com destaque para o uso de vans. “Os moradores do bairro de Cem Braças, de baixa renda e desconhecido para os turistas que freqüentam a região, preferem as vans. O bairro fica distante do centro e os ônibus fazem várias paradas para atender aos passageiros de outros bairros. Já as vans lotam rapidamente e chegam mais rápido”, relata Márcia Valle Real, que acabou de concluir seu doutorado na COPPE e atualmente é professora do Pólo Universitário da UFF-Volta Redonda.
Márcia, que participou da elaboração do questionário e aplicou pessoalmente alguns deles, ressalta que todos os entrevistados residentes, independente do grau de formação, são conscientes da importância do turismo para a região. A ex-aluna aponta como uma das peculiaridades reveladas na pesquisa o fato de não haver e não ser desejada uma grande área de estacionamento no centro da cidade. “A cidade não quer perder seu charme, mas quer ter uma boa infra-estrutra de transportes”, afirma Márcia, que avalia a rejeição ao estacionamento como demonstração de receio por parte da população que teme ver a cidade transformada num reduto de ‘farofeiros`, pecha comuns a outras praias do Estado. “Eles receiam afastar o turista de maior poder aquisitivo” – acredita.
“Consultar a população é fundamental para a tomada de decisão de uma administração pública. Acredito que as prefeituras que queiram trabalhar de forma harmônica com os anseios de suas populações devem consultá-las acerca dessas questões” – afirma a pesquisadora. O resultado da pesquisa da COPPE já encontra-se nas mãos da administração do município de Búzios. Os residentes, turistas e amantes da região torcem para que este possa vir a contribuir para que a cidade mantenha o charme que a tornou conhecida mundialmente.