Pesquisa reduz filas no atendimento de emergência em hospital
Planeta COPPE / Área Transversal / Notícias
Data: 29/06/2006
Filas longas, fluxo confuso, atendimento inadequado. Essas são algumas das características do dia-a-dia do atendimento de emergência em boa parte dos hospitais públicos brasileiros. No intuito de buscar soluções para esse problema tão comum ao sistema de saúde do país, pesquisadores da COPPE aplicaram no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), em Niterói, uma metodologia que se mostrou eficiente na redução do tempo de espera dos pacientes mais graves, contribuindo para melhorar a qualidade do serviço prestado.
A metodologia desenvolvida na COPPE foi aplicada neste trabalho, que é fruto da dissertação de mestrado de Marcelo dos Santos Magalhães, intitulada ‘Simulação aplicada em sistema de admissão um estudo de caso no Hospital Universitário Antônio Pedro’, sob a orientação do professor do Programa de Engenharia de Produção da COPPE, Mario Jorge Ferreira de Oliveira.
Referência no atendimento de emergência no estado do Rio de Janeiro, o hospital Antonio Pedro, que atende a uma média diária de 175 pacientes na unidade, buscava soluções que evitassem as filas demoradas e desnecessárias e o fluxo desordenado de pessoas no local. Segundo o professor Mário Jorge, o principal problema é a falta de priorização no atendimento ao paciente. “Toda pessoa que chega ao hospital deve ser atendida em função do grau de severidade do seu caso. Essa foi a referência adotada na metodologia que aplicamos no Antonio Pedro”, explica o professor que coordenou o estudo.
Classificação do nível de risco deve ser feita por profissional qualificado
O sistema de admissão proposto pelos pesquisadores sugere a classificação do paciente em três níveis de risco – alta, média e baixa complexidade –, priorizando o atendimento dos casos mais sérios. Para isso, no entanto, é necessário que a classificação de risco seja feita por um profissional qualificado, mais especificamente um médico ou enfermeiro sênior. “Além de ser capaz de identificar de forma rápida e precisa os pacientes mais urgentes, o profissional que vai fazer a classificação deve ter poder de decisão. Essa é uma medida que pode salvar vidas”, defende o professor.
O estudo utilizou modelos de simulação para identificar os principais obstáculos para um melhor funcionamento da unidade. No sistema antigo, ao dar entrada na emergência do HUAP, o paciente passava por cinco etapas. Antes de ser atendido, passava pelo guarda, pelo recepcionista, pela enfermagem, até chegar à triagem médica, hoje denominada acolhimento. Dali recebia alta ou era encaminhado para o atendimento ambulatorial. O estudo também propõe a configuração ideal de profissionais por turno no atendimento à emergência. Para chegarem à conclusão do que seria o atendimento ideal, os pesquisadores simularam várias alternativas de alocação de equipes de atendimento por período.
No modelo proposto pela COPPE, o paciente ao entrar na emergência é encaminhado diretamente à seção de triagem, onde é feita a classificação de risco. Os pacientes de alta complexidade têm prioridade no atendimento. A pesquisa constatou que 75% dos pacientes que chegavam ao hospital apresentavam enfermidade de baixa complexidade. “A classificação de risco que propomos vai evitar que os casos mais sérios concorram com os de menor gravidade. Com isso, será possível reduzir substancialmente o tempo de espera dos pacientes que necessitam de cuidados imediatos”, explica Mario Jorge.
O estudo desenvolvido pelos pesquisadores da COPPE está sendo realizado em parceria com outras instituições nacionais e internacionais. Na primeira semana de julho, dois alunos de mestrado da Universidade de Southampton, do Reino Unido, chegam à COPPE para colaborar com o grupo de pesquisa na etapa de implementação do projeto.