Japão e Brasil: rivais na Copa e parceiros na TV digital
Planeta COPPE / Notícias
Data: 28/06/2006
Os japoneses perderam a Copa mas saíram vitoriosos na disputa pelo padrão da TV digital no Brasil. Foi assinado, dia 29 de junho, o acordo bilateral que confirmou a decisão do governo brasileiro quanto ao padrão que será adotado pelo país. Os cientistas brasileiros também conseguiram sensibilizar o governo para a adoção de tecnologias que atendam às especificidades nacionais, como o novo padrão de compressão de dados de vídeo, denominado H264, também conhecido como MPEG4/AVC. Esse padrão internacional foi aprovado após ter sido analisado por um grupo de pesquisadores brasileiros, coordenado pelo professor do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE, Eduardo da Silva, que estudou sua aplicabilidade no Brasil.
Segundo o professor da COPPE, o novo padrão incluirá o país na vanguarda tecnológica. O Brasil será um dos primeiros países do mundo a fazer uso do sistema MPEG4 /AVC. “No início, será preciso investir um pouco mais, devido ao fato de este padrão ser menos difundido e ainda não ser produzido em escala”, explica. Mas como a transmissão digital é efetuada por meio de dados comprimidos, o desafio está na capacidade de transmitir grande volume de informações, utilizando à mesma banda usada pela TV analógica, com qualidade de imagem e som superior a que temos no momento. “Ao adotarmos o MPEG4 sairemos ganhando”, afirma Eduardo.
Os estudos coordenados pelo professor confirmaram a eficiência do padrão. O MPEG4 permite compactar até oito canais de definição simples ou dois de alta definição na mesma largura de banda da atual TV analógica. Isso corresponde ao dobro da compressão disponibilizada pelo MPEG2, que é o padrão mais conhecido e já utilizado na maior parte do mundo, inclusive no Brasil em TVs por assinatura, como Sky e Directv. “O padrão MPEG2, que também vinha sendo cogitado para a TV digital brasileira, foi desenvolvido em 1994 e está longe de ser o que há de mais moderno em termos de tecnologia. Acredito que muitos países que já adotaram a TV digital há mais tempo gostariam de poder utilizar este novo padrão de compressão”, ressalta.
As emissoras de TV serão as mais beneficiadas com a adoção do padrão japonês. O controle sobre a tecnologia adotada acaba determinando a liderança no mercado. “O modelo japonês é vantajoso para as emissoras porque possibilita o uso da infra-estrutura de transmissão das TV’s para veicular vídeos por meio de aparelhos celulares. Com isso, as companhias telefônicas acabam tendo pouca chance de concorrer neste mercado”, explica o professor. Já no padrão europeu, a transmissão para terminais móveis pode usar uma rede celular, o que representaria uma oportunidade para as teles, quebrando o monopólio das emissoras.
A COPPE integrou um dos grupos de pesquisa envolvidos no debate da TV digital, que incluiu representantes de governo, de empresas e de centros de pesquisa. O professor Eduardo da Silva faz parte de uma equipe de pesquisadores que durante o ano de 2005 estudou as alternativas tecnológicas para a TV Digital no Brasil. Denominado H264BRASIL, o grupo contou com a participação de pesquisadores de várias instituições científicas. O professor da COPPE coordenou o grupo responsável pela avaliação das alternativas voltadas para a área de software, que avaliaram o desempenho das tecnologias. A pesquisa contou com financiamento da FINEP.