Pesquisa propõe solução para poluição sonora em aeroportos
Planeta COPPE / Notícias
Data: 28/06/2006
Uma boa notícia para aqueles que moram ou trabalham perto de aeroportos é o acordo firmado entre a Infraero e a COPPE para redução do impacto sonoro causado pelo movimento das aeronaves nos aeroportos. Uma equipe formada por oito pesquisadores do Laboratório de Acústica e Vibrações (LAVI) da COPPE está mapeando 65 aeroportos brasileiros administrados pela Infraero. A meta é reduzir em até 10 decibéis o índice de ruídos causado pelas aeronaves durante decolagem e aterrissagem. Nas cidades onde localizam-se os grandes aeroportos esse índice pode chegar a 80 decibéis.
Sob a coordenação do professor Jules Slama, o Grupo de Estudos em Ruído Aeroportuário do LAVI está analisando as interferências sonoras ocorridas no entorno desses aeroportos. Para isso, a equipe vem utilizando a Métrica SEL, um indicador que mede o nível de exposição sonora sofrido por uma pessoa durante o sono noturno. O grupo, um dos poucos no Brasil especializado em estudos de ruídos no setor, vem analisando a contribuição sonora das aeronaves de grande porte, denominadas subsônicas, que são as principais fontes de ruídos. Na primeira semana de agosto o grupo vai promover um workshop, onde serão apresentados os estudos e as soluções propostas pelos pesquisadores para redução do nível de ruídos dos principais aeroportos brasileiros.
As interferências sofridas pelas pessoas que trabalham nos aeroportos também foram levadas em conta pelos pesquisadores. Eles mapearam os níveis de emissão sonora da maioria de equipamentos fixos e móveis de suporte à aviação, como esteira e plataforma motorizadas, caminhão pantográfico e ar-condicionado.
Lugar de escola é longe de aeroporto
Segundo Slama, os aeroportos estão sendo mapeados, isoladamente e analisadas suas particularidades.“Os efeitos mais nocivos do ruído são a interrupção do sono noturno e a interferência na comunicação. As escolas situadas próximas aos aeroportos, por exemplo, sofrem muito com esse problema”, ressalta o professor. “O índice máximo aceitável de ruído externo para o desenvolvimento de uma atividade escolar é de 60 decibéis”, afirma o professor. No entanto, durante os estudos os pesquisadores constataram índices acima deste valor, como o registrado no colégio municipal João Carlos da Silva Borges, vizinho ao aeroporto de Congonhas. “Esta interferência atrapalha no rendimento dos alunos, dificultando a aprendizado. É fundamental que os órgãos municipais cumpram a lei, não permitindo a instalação de atividades de ensino ou de saúde, ambas sensíveis ao ruído, próximas a aeroportos”, alerta o professor.
Uma das soluções propostas pelos pesquisadores da COPPE, é a adoção de procedimentos operacionais de decolagem que possibilitem a redução do ruído, como ocorre em aeroportos de outros países. Par minimizar o impacto sonoro a aeronave deve reduzir a potência do motor ao atingir 250 metros de altura, poupando o incômodo a população situada na região sobre a qual trafega a aeronave. O nível de ruído pode chegar a 80 dB para quem está na direção da cabeceira da pista de decolagem. Com a redução da potência do motor proposta pelos especialistas, é possível diminuir em até 10 dB o índice do ruído. De acordo com a recomendação de órgãos internacionais, a recuperação da potência do motor só deve ocorrer após o avião atingir mil metros de altura.
Boeing 737-200 é um dos vilões do ruído no Brasil
As aeronaves são classificadas por capítulos pela Organização de Aviação Civil Internacional (OACI). As denominadas NC ou capítulo 2 são as mais ruidosas. Em geral são aeronaves antigas, como o Boeing 707, Caravela e Boeing 737–200. Já as mais novas, como Airbus e A 320, inseridas nos capítulos 3 ou 4, são as que menos emitem ruído devido a moderna concepção do motor. Segundo Slama, a substituição progressiva das aeronaves antigas por novas é uma das formas de minimizar o impacto dos ruídos no entorno do aeroporto. “Outra forma seria a restrição de operações das aeronaves mais ruidosas durante o período noturno”, afirma o pesquisador.