Celina Figueiredo e Luiz Pinguelli Rosa recebem Prêmio COPPE de Mérito Acadêmico
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Data: 19/04/2006
Em cerimônia marcada pela emoção e pelo bom-humor dos participantes, os professores Celina Herrera de Figueiredo e Luiz Pinguelli Rosa receberam, dia 18 de abril, o Prêmio COPPE Giulio Massarani – Mérito Acadêmico 2005, uma premiação concedida desde 1998 aos docentes que se destacam pela produção acadêmica e trajetória profissional. O evento reuniu no auditório da COPPE alunos, professores, funcionários da instituição, além de parentes e amigos dos acadêmicos premiados. Ao lado da Diretora da COPPE, professora Angela Uller, sentaram-se à mesa o Diretor Acadêmico da instituição, professor Fernando Rochinha, o Presidente do Conselho Deliberativo, professor Roberto Bartholo, o professor Nestor Jair Pereira, representando a CAD, o professor Aquilino Senra, e o professor Jayme Luiz Szwarcfiter.
Na abertura da cerimônia, Angela Uller destacou o fato de que esta era a primeira vez que uma mulher estava recebendo o prêmio concedido pela COPPE, “instituição que tem apenas 20% de seu corpo docente composto por membros do sexo feminino”. O fato arrancou um comentário bem-humorado do professor Rochinha, Diretor Acadêmico, que antes de apresentar o currículo acadêmico dos premiados, fez questão de ressaltar que “apesar de representarem apenas 20%, elas mandam muito”.
O encontro entre a emoção e a regra
A professora Celina Herrera, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da COPPE, foi a primeira a receber a placa símbolo do prêmio das mãos do professor Jayme Luiz Szwarcfiter, que foi seu orientador. Jayme falou sobre a importância do trabalho desenvolvido por Celina, tanto para a COPPE como para a universidade brasileira. “Hoje é um dos dias mais gratos para mim, desde que trabalho na UFRJ, afirmou emocionado o professor da Engenharia de Sistemas e Computação da COPPE, que ressaltou as qualidades de Celina como uma professora que se dedica integralmente a seus alunos, a dar aulas e às publicações científicas. “Em 2005, Celina publicou 12 artigos em revistas internacionais, uma produção científica que é considerada expressiva em qualquer uma das melhores universidades no mundo”, ressaltou Jayme.
Ao agradecer a premiação, Celina disse ter valido a pena se dedicar à preparação de seu discurso enquanto corrigia 80 provas durante a Páscoa. Também aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem a seu pai Herrera, ex-aluno da COPPE. A professora leu um trecho do livro de autoria de Giulio Massarani sobre a história da instituição no qual seu pai é citado.
O professor Pinguelli, que é Coordenador do Programa de Planejamento Energético da COPPE, se emocionou ao receber o prêmio, “desfazendo sua fama de durão”, como ressaltou em tom de brincadeira a Diretora da instituição. Pinguelli recebeu a placa das mãos de Aquilino Senra, professor do Programa de Engenharia Nuclear e seu ex-aluno na COPPE, que fez da apresentação do premiado uma declaração de amizade e admiração pelo colega que foi seu orientador no Mestrado. “A história do Pinguelli é conhecida. Convivo com ele há três décadas. Mas quando fui convidado para ser seu “padrinho” nesta premiação fiquei surpreso e pensei em sugerir o Coimbra ou o Lula”, brincou o professor, ressaltando a importância que atribui ao ex-professor. Aquilino destacou seu papel como o educador sempre muito presente na vida dos alunos. “Nas aulas, ele conseguia transformar coisas áridas em músicas para meus ouvidos. Conversando com os seus alunos, hoje, constato que eles têm a mesma impressão”, afirmou Aquilino que também destacou a capacidade do premiado em aliar pesquisa científica e compromisso social e sua coragem para lutar pelo que acredita. Ilustrou a afirmação citando uma pesquisa feita por Pinguelli que resultou na revelação de que os militares tinham construído um buraco na Serra do Cachimbo cuja finalidade era realizar testes de bombas nucleares. A pesquisa foi publicada em revista científica, ainda no período militar, e rendeu a Pinguelli uma premiação do Forum Award da Sociedade Americana de Física, concedida em 1992.
“O compromisso com a questão pública é um traço marcante do Pinguelli que pode ser constatado em vários episódios: ao alertar o governo federal em relação a premente crise de energia que resultou no Apagão de 2001; quando se empenhou pela interdição do Joá, após os professores da COPPE, Luiz Miranda e Lobo Carneiro, constatarem o péssimo estado do viaduto e a ameaça que representava para aqueles que por lá passavam; e ao fazer duras críticas ao projeto nuclear brasileiro, ainda no período militar. Nesse caso específico, em alguns momentos estivemos em lados opostos”, afirmou Senra.
Ao receber o prêmio das mãos do colega, Pinguelli se disse emocionado e fez questão de ressaltar que considerava essa a homenagem mais importante de todas que até hoje recebeu por ter sido concedido pelos seus colegas. Falou sobre o orgulho de pertencer à COPPE e lembrou de sonhos e realizações que compartilhou com colegas da instituição, como a construção do I-2000, maior complexo de Laboratórios de Engenharia da América Latina. “Na época, muitos acharam que a empreitada era uma maluquice. A área estava realmente um caos e seria necessário fazer um grande investimento. Mas nós conseguimos fazê-lo”, afirmou ressaltando o caráter empreendedor da instituição.
Pinguelli também mencionou a visita do então candidato Lula à planta de biodiesel da COPPE, revelando ter sido ali que o Presidente vislumbrou a possibilidade do uso da fonte que mais tarde daria origem ao programa nacional de biodiesel, lançado por Lula no Palácio do Planalto dois anos depois. Pinguelli terminou o seu discurso ressaltando o compromisso da universidade pública com a sociedade brasileira e com o País que, segundo ele, ainda permanece muito injusto e desigual. “Não conseguimos ainda reverter essa situação. Mas, é obrigação de pessoas como nós, da universidade, lutar para mudar este País”, concluiu.
Perfil dos docentes premiados em 2005
Celina Miraglia Herrera de Figueiredo, 45 anos, nasceu em Houston – EUA. Bacharel em Matemática (1984) pela PUC – RJ, a professora é Mestre em Matemática pela University of Manchester (1987) e Doutora em Ciências em Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE (1991). Em 1996, concluiu seu pós-doutorado na University of Waterloo.
Celina iniciou sua carreira profissional no Instituto de Matemática da UFRJ, em 1989, como professora assistente. Tornou-se professora adjunta em 1991 e desde então tem atuado também no Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da COPPE. Ao longo desses 15 anos, colaborou na formação do Grupo de Algoritmos da UFRJ que desenvolve pesquisas em Análise e Complexidade de Algoritmos, Teoria dos Grafos e Otimização Combinatória. O grupo integra membros do Instituto de Matemática e da COPPE.
Desde 1992, Celina de Figueiredo é pesquisadora do CNPq, na área de Ciência da Computação, tendo atingido o nível 1B em 2003. A professora tem 46 artigos publicados em periódicos, muitos deles produtos da orientação de seis teses de doutorado, 11 dissertações de mestrado e sete projetos finais de graduação.
A professora é “Cientista do Nosso Estado” – programa da FAPERJ para apoio aos pesquisadores de reconhecida liderança e coordena projeto que integra pesquisadores da UFRJ, UERJ, UFF e PUC-Rio. Há oito anos, Celina também coordena projetos CAPES/COFECUB de cooperação Brasil-França que integram várias instituições: UFRJ, UFC, UFF, Laboratoire Leibniz, Université de Paris VI e Université de Montpellier.
Luiz Pinguelli Rosa , 64 anos, nasceu no Rio de Janeiro. Bacharel em Física pela PUC – RJ (1967), é Mestre em Engenharia Nuclear pela COPPE (1969) e Doutor em Física pela PUC – RJ. Professor titular da UFRJ , assumiu três vezes a direção da COPPE (de 1986 a 1989, de 1994 a 1997, e em 2002, cujo mandato foi interrompido para que este pudesse assumir a Presidência da Eletrobrás, cargo no qual permaneceu de janeiro de 2003 a maio de 2004. No momento, o Professor é Secretário Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e coordena o Programa de Planejamento Energético da COPPE.
Pinguelli já orientou mais de 70 dissertações de mestrado e teses de doutorado, é autor de mais de 150 artigos em periódicos científicos, publicados no Brasil e no exterior, e possui mais de 180 citações no Citation Index de publicações em revistas científicas internacionais indexadas. O acadêmico já esteve à frente da Sociedade Brasileira de Física por dois mandatos e presidiu a Associação Latino-americana de Planejamento Energético, de 1994 a 1998. Também foi membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC – (1988 – 1989) e do Conselho Pugwash, (1999- 2001) – associação fundada por Albert Einstein e Bertrand Russel que foi agraciada com o Nobel da Paz em 1995.
Membro da Academia Brasileira de Ciências, eleito em 2003, o professor integra o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC / ONU) e já foi agraciado com o Forum Award da Sociedade Americana de Física, em 1992. No decorrer de sua carreira, recebeu a comenda com o grau de Chevalier de L’Ordre des Palmes Académiques, concedido em 1998 pelo Ministério da Educação da França; o Prêmio Golfinho de Ouro, categoria ciências, concedido no ano 2000 pelo Conselho Estadual de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro e as Medalhas da Ordem do Mérito do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Defesa, em 2003.
Sobre o Mérito Acadêmico
Criado em 1998, com o intuito de estimular a produtividade acadêmica na instituição, o Prêmio COPPE é concedido aos docentes que se destacam pela produção acadêmica e trajetória profissional. O critério de avaliação para a escolha dos premiados baseia-se na produtividade dos pesquisadores nos últimos três anos, destacando o número e a qualidade de suas contribuições. Entre os critérios estabelecidos, destacam-se a quantidade de trabalhos publicados em periódicos científicos e em congressos, nacionais e internacionais, o número de citações dos trabalhos na literatura técnico – científica internacional e o número de dissertações de mestrado e teses de doutorado orientadas pelos docentes.
Já foram agraciados com o Prêmio COPPE os professores Martin Schmal e Nelson Ebecken ( 98), Renato Cotta e José Cláudio de Faria Telles ( 99), Oscar Rosa Mattos e Liu Hsu ( 2000), Giulio Massarani e Paulo Sérgio Diniz( 2001), José Carlos Pinto e Geraldo Lippel ( 2002), Ricardo Tadeu Lopes e Enrique Lima (2003), Evaristo Biscaia Jr e Nelson Maculan Filho ( 2004).