Catarina, Katrina, Ofélia, Rita e mudanças climáticas
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 23/09/2005
Governos precisam investir mais em sistemas de detecção e defesa da população, dizem os especialistas trazidos à COPPE, pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, para participarem do seminário Mudanças do Clima e Fenômenos Atmosféricos Severos. O Professor do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE, Paulo Rosman, e os cientistas Pedro Leite da Silva Dias (IAG/USP), José Marengo e Mary Kaiano (CPTEC/INPE) falaram sobre as possíveis relações de causa e efeito entre o aquecimento global e as recentes catástrofes causadas por furacões. O debate foi realizado sob a mediação do Secretário Executivo do Fórum, Luiz Pinguelli Rosa, Coordenador do Programa de Planejamento Energético da COPPE.
Apesar de ainda não poder atribuir as fortes tempestades ao aquecimento global, os cientistas disseram que há um consenso de que este aquecimento influi na intensidade e na freqüência destes fenômenos e que para evitar mais danos é preciso fomentar a cooperação entre instituições de pesquisa do clima e da meteorologia e instâncias governamentais; investir na melhoria da tecnologia de detecção, no aumento dos quadros funcionais, e em programas de defesa da população. Eles ainda ressaltaram que as as principais razões para as catástrofes causadas pelos furacões foram mais demográficas e políticas do que climáticas.
Para os pesquisadores, até a década de 80 os estudos do clima praticamente se restringiam à atmosfera. Somente nos últimos vinte anos, os modelos climáticos passaram a trabalhar com os oceanos, a biosfera dinâmica e o sol, já atuando, inclusive, com a abordagem da oscilação decadal da temperatura do Oceano Pacífico, para entender as alterações nos regimes de ventos e chuvas.
O Brasil não está preparado para enfentrar uma catástrofe como a Katrina. Segundo o professor Rosman, as obras de engenharia nos grandes centros urbanos, principalmente nos litorais, não foram realizadas prevendo possíveis alterações meteorológicas bruscas. O pesquisador do IAG/USP, Pedro Leite Dias, ressaltou outras situações que ocorrem no país. Para o cientista, as alterações no regime de chuvas provocadas pela oscilação decadal têm tido efeitos na agricultura, gerando duas safras por ano, e também na produção de energia, tornando a vazão de Itaipu 25% maior, oque permitiu colocação de mais turbinas, antes não previstas.