Pesquisadores da COPPE definem últimos procedimentos para construção da Usina de Energia das Ondas no Ceará
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 04/05/2005
Pesquisadores do Laboratório de Tecnologia Submarina da COPPE/UFRJ estão no Ceará, definindo os últimos detalhes para a instalação da primeira usina de energia de ondas das Américas. A usina ficará localizada no Porto do Pecém, a 60 km de Fortaleza, e os primeiros módulos entram em operação até outubro deste ano. A previsão é de que até o final de 2006 estejam em funcionamento os 20 módulos da usina que vão gerar 500 kw.
Desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da COPPE, sob a coordenação do professor Segen Estefen, o projeto traz inovações em relação a usinas desenvolvidas em outros países. A principal delas é a utilização de uma câmara hiperbárica, equipamento que simula ambientes marinhos de alta pressão, para produção de jatos d’água. “Vamos instalar uma câmara hiperbárica sobre o quebra-mar do Porto, capaz de produzir jatos equivalentes a uma queda d´água de 500 metros de altura, que é superior a de uma usina hidrelétrica convencional”, explica o engenheiro Paulo Roberto da Costa, pesquisador do LTS.
O protótipo da usina de ondas que será instalado no Ceará é fruto de uma parceria entre a COPPE, a Eletrobrás e o Governo do estado do Ceará. De acordo com o projeto, que contou com apoio do CNPq, os pesquisadores da instituição vão acompanhar a fabricação, instalação e o monitoramento dos módulos em funcionamento. Segundo o pesquisador da COPPE, Eliab Ricarte, que dedica sua tese de doutorado ao tema, uma das vantagens da concepção modular utilizada neste projeto é que ela permite ampliar a capacidade da usina de acordo com o crescimento da demanda.
A usina de ondas concebida na COPPE possui um sistema modular que opera com base em flutuadores acoplados a uma estrutura em forma de viga de 22 m de comprimento. Os flutuadores acionam as bombas hidráulicas que, por meio de movimentos alternados, injetam água na câmara hiperbárica. Os jatos liberados pela câmara, a uma pressão e vazão equivalentes a uma queda d´água de 500 metros de altura, acionam uma turbina que, acoplada a um gerador, produz eletricidade.
Potencial de geração da costa brasileira é de 15% do total de energia consumida
Os pesquisadores da COPPE também estão trabalhando no levantamento da capacidade de geração de energia de toda a costa brasileira. Estudos preliminares revelam que o litoral do Brasil tem potencial para suprir 15% do total de energia elétrica consumida no País, hoje em torno de 300 mil GWh/ano. Segundo o coordenador do projeto, Segen Estefen, professor de Engenharia Oceânica da COPPE, se todo o potencial energético dos oceanos – avaliado em 1 TW (terawatt) – fosse aproveitado, seria possível atender a demanda de energia de todo o planeta.
Com 8,5 mil km de costa e cerca de 70% da população ocupando regiões litorâneas, o Brasil apresenta condições mais do que propícias para obter vantagens com esta fonte de energia abundante, renovável e não poluente. O custo de implementação de uma usina de ondas é 30% mais barato que o de uma usina eólica e é similar ao de uma usina hidrelétrica. Além disso, o impacto ambiental deste tipo de empreendimento é bastante reduzido.
Nos últimos cinco anos ocorreu um grande avanço na implantação de usinas de energia das ondas em vários países da Europa, na Austrália e no Japão. Só no Reino Unido existem sete projetos, dois em operação e cinco em estágio avançado de desenvolvimento.