Conhecimento é a Bola da Vez
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 02/10/1998
Chegou a vez da ciência. Na sociedade do futuro o vai contar é o capital intelectual. O valor das mercadorias será medido pelo conhecimento e tecnologia nele incorporados e as idéias serão mais valiosas do que o próprio capital. Para quem ainda vive baseado nos antigos conceitos, idéias como essa podem causar estranheza. Mas com certeza já faz parte do dia-a-dia dos empresários, representantes de governo e especialistas de diversos países que participaram do Workshop Negócios na Era do Conhecimento, promovido no mês de setembro pela COPPE e pela Finep, no auditório da Firjan. Totalmente sintonizados com os novos conceitos, ao participantes estavam mais interessados em ouvir o que os especialistas tinham a dizer sobre as atividades do futuro.
Uma das conferências mais concorridas foi a da escritora norte-americana, Verna Alee. Autora do best-seller Knowledge Evolution Expanding Organizational Intelligence, Alee falou sobre o impacto desse novo modelo econômico nas empresas. Segundo a escritora, os setores mais dinâmicos da economia serão as indústrias de software, entretenimento, publicidade e turismo. O professor do Programa de Engenharia de Produção da COPPE, Marcos Cavalcanti, um dos coordenadores do evento, concorda com a especialista e explica que estamos vivendo um momento de transição da sociedade industrial para a do conhecimento. “O valor da Microsoft ou da Netscape não está no material ou nos equipamentos que possuem, mas nas pessoas e nos processos que criaram”- afirma.
As estatísticas confirmam a tese de Cavalcanti. Dados da Sociedade Brasileira para a Promoção da Exportação de Software (Softex) demonstram que o mercado de software, por exemplo, movimenta no mundo algo em torno de US$ 300 bilhões. A indústria brasileira é dona de 1% deste mercado e no ano passado gerou para o país um ganho de 15 milhões de dólares em exportação. “É preciso criar uma nova mentalidade. O Brasil tem um grande potencial. Precisamos gerar um ambiente que leve o país a ser um criador nessa nova sociedade do conhecimento e não apenas um consumidor”.
De olho nos negócios via Internet
Aqueles que ainda têm dúvidas com relação ao poder da Internet nas transações comerciais do futuro é melhor reavaliar a posição. No evento este foi um dos temas mais quentes, e suscitou acirrados debates. Os EUA movimentam cerca de 300 bilhões de dólares, através do comércio eletrônico, e a partir de janeiro do ano que vem todas as operações do governo norte-americano serão realizadas via internet. Mas apesar de toda essa movimentação, os americanos governo são taxar as operações via Internet. O ex-representante do Departamento do Tesouro Americano, Brad Ipema, atualmente funcionário do First Union Bank, falou no seminário sobre o tema. Ipema disse que vários estudos sobre formas de taxação já foram realizados nos EUA mas todos chegaram a mesma conclusão: é impossível taxar a Internet. Embora concorde que tanto o estado quanto os empresários estão perdendo uma ótima fonte de receita, não vê solução iminente para a questão. “Talvez a cobrança de impostos possa inibir a expansão da rede” – alerta Ipema.
O representante da Comunidade Européia, Philippe Lefévre, também vê no comércio eletrônico uma importante ferramenta para a expansão do mercado europeu. O interesse é tanto que dos 18 bilhões de dólares destinados pela Comissão européia à pesquisa, 25% estão direcionados para a tecnologia da informação e comunicação. Ao contrário do que se previa, o embaixador brasileiro Oscar Soto Fernandez, coordenador do Grupo de Trabalho de Comércio Eletrônico, do Ministério de Indústria, Comércio e Turismo, também defende a Internet livre de regulações e taxas. “O Governo está tentando estabelecer pontes com o setor privado e com a sociedade. A grande vantagem das transações via Internet é a queda do custo da informação”- afirma Soto Fernandez.. A rede, na opinião do embaixador, gera boas oportunidades, principalmente para as pequenas e médias empresas. “A Internet pode funcionar como um mercado potencial para estas empresas exportarem seus produtos, além de ser mais uma fonte inesgotável de informação”. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria revelou que, das seis mil empresas pesquisadas em todo o país, 80% desconheciam os incentivos oficiais. Pelo visto, tanto as empresas como o governo brasileiro estão precisando dinamizar seus canais de informação para ingressar de fato na era do conhecimento.