COPPE Transfere à Usiminas Tecnologia para Melhorar o Aço Brasileiro
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Notícias
Data: 02/10/1998
A COPPE/UFRJ vence mais uma etapa para dotar o aço brasileiro de maior qualidade. No último dia 29 de setembro a COPPE oficializou a transferência de tecnologia desenvolvida no Laboratório de Hidrogênio da COPPE para a USIMINAS. Pelo acordo, a empresa poderá fabricar aço mais resistente, limitando os famigerados danos causados pelo hidrogênio. A tecnologia abre a perspectiva de um novo mercado de atuação para o Brasil, tanto em nível nacional quanto internacional. Atualmente cerca de 95% desse aço é importado, principalmente do Japão e da Alemanha. O país deixa de produzir 200 mil toneladas por ano por falta de tecnologia apropriada. Com a tecnologia desenvolvida na COPPE a estimativa é de que o valor agregado do produto aumente, no mínimo, 30%, dependendo do custo de produção em escala industrial. O aço da USIMINAS será utilizado nas Indústrias Químicas, Petroquímicas e Siderúrgicas.
Segundo o Gerente de Pesquisa de Produtos da USIMINAS, João Luiz Antunes, “a tecnologia proporcionará a empresa inúmeras vantagens. Além de dar as condições básicas para o aprofundamento dos estudos para a melhoria do aço, previne sérios problemas de corrosão do material”. A COPPE recebeu R$ 115 mil pelo desenvolvimento do sistema que será implantado no centro de pesquisa da USIMINAS. Participaram da cerimônia de transferência, além de João Antunes, o professor do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da COPPE, Paulo Emílio Valadão de Miranda, os Diretores de Projetos e Convênios da COPPETEC, Fernando Peregrino e Angela Uller, entre professores e pesquisadores da instituição.
Vantagens da tecnologia
A USIMINAS é agora a única no Brasil a possuir tecnologia para produzir o aço HIC (Hidrogen Induced Crackling), ou seja, o aço resistente ao desgaste provocado pelo hidrogênio. O hidrogênio fragiliza o aço tornando-o quebradiço e propenso a rupturas, pois se acumula facilmente em contato com superfícies metálicas . O desgaste do material pode causar prejuízos irreparáveis ao meio ambiente e à população, principalmente se danificar componetes industriais que contenham substâncias tóxicas, como, por exemplo, o ácido sulfúrico. O aço HIC é utilizado na construção de tubulações para transporte de óleo e gás e vasos de pressão em refinarias. O hidrogênio é muito freqüente na indústria de prospecção e tratamento de petróleo, causando grande desgaste nas tubulações por onde o combustível passa.
Através da parceria com a COPPE, a USIMINAS recebeu assessoria técnica e treinamento de profissionais. Pesquisadores da COPPE também conceberam equipamentos para medir a infiltração do hidrogênio em amostras de grande dimensão, servindo para o controle dos dados sobre a corrosão do aço. Segundo o professor e Chefe do Laboratório de Hidrogênio da COPPE, Paulo Emílio de Miranda, “o aparelho é utilizado para determinar as propriedades físicas do hidrogênio em materiais sólidos, o que possibilita modificar a estrutura do aço, desenvolvendo um produto menos suscetível à fragilização pelo hidrogênio”. O aparelho terá patente conjunta entre a COPPE e a USIMINAS. Após a implantação do sistema a COPPE manterá vínculo com a empresa, ajudando na interpretação dos dados.
Desde os anos 80, com a tese de doutorado do professor Paulo Emílio, a COPPE vem se tornando centro de referência em estudos sobre os efeitos da fragilização dos materiais pelo hidrogênio. Atualmente também estão sendo realizadas pesquisas sobre a utilização deste gás como fonte energética para a fabricação de baterias usadas em veículos automotores movidos a hidrogênio. As pesquisas trabalham com o armazenamento seguro do hidrogênio.