2º Congresso Brasileiro do Hidrogênio abordará mercados de tecnologias de baixo carbono
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Data: 12/11/2021
Nos dias 8 e 9 de dezembro será realizado o 2º Congresso Brasileiro do Hidrogênio que reunirá especialistas para debater as principais questões relacionadas à chegada do “momento do hidrogênio” no mundo e, em particular, no Brasil. Tendo como tema central “Desenvolvimentos e base legal para mercados de tecnologias de baixo carbono”, o evento é promovido pela Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), presidida pelo professor da Coppe/UFRJ, Paulo Emílio Valadão de Miranda. Esta edição do congresso será realizada de forma integralmente virtual, das 14 às 17 horas, e os interessados em participar devem efetuar sua inscrição pelo site do evento, onde também está disponível toda a programação: https://congresso2021.abh2.org.br
De acordo com Paulo Emílio, coordenador do Laboratório de Hidrogênio (LabH2) da Coppe, após décadas de vislumbre e muitos estudos para o uso deste gás como fonte de energia, agora há condições adequadas para adotá-lo em larga escala e em vários setores. Neste sentido, as palestras do evento serão focadas em políticas públicas, regulação e normatização; na produção do hidrogênio com emissão baixa ou nula; no nascente mercado de energia do hidrogênio no país; e na mobilidade sustentável, com ênfase em veículos pesados, que oferecem vantagens para a abertura de mercado no setor de transportes.
Para o Brasil, a adoção da energia do hidrogênio apresenta várias oportunidades. Paulo Emilio explica que entre elas está a monetização dos recursos de gás natural, cuja produção é crescente, evitando a perda de ativos de infraestrutura com a produção do hidrogênio azul e ainda propiciando a mescla de hidrogênio em tubulações de gás natural. Mas, o professor da Coppe acredita que a principal vantagem está na produção do hidrogênio sem emissões destinado à exportação, onde contribuirá para a descarbonização de outros ambientes, quanto e, principalmente, para ser usado no Brasil como ferramenta para acoplar setores diferenciados, como os de eletricidade, transporte, indústria e fertilizantes.
“O hidrogênio também nos será importante para impactar positivamente os sistemas de transporte, para aumentar a cadeia de valor da biomassa de rejeito e de manejo, assim como para descarbonizar os ditos setores de difícil abatimento de CO2, tais como os de cimento, aço, cerâmicos e mineração. Outro fato positivo é que o hidrogênio sem emissões no Brasil encontra na biomassa uma dimensão adicional em relação ao de outros lugares do mundo, onde é produzido pela eletrólise da água usando energias renováveis como a hidrelétrica, solar, e eólica, assim como dos oceanos e geotérmica, num futuro não tão distante. Além disso, em nosso país sua produção pode também ocorrer a partir da coleta de hidrogênio natural, uma vez que ocorrências deste tipo já foram descobertas em pelo menos quatro estados brasileiros”, explica Paulo Emilio.
As descobertas de reservas naturais de hidrogênio nos estados do Ceará, Minas Gerais, Roraima e Tocantins são tidas como promissoras, conforme avaliação do geólogo Alain Prinzhofer, professor colaborador do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe e atuação no LabH2. Durante a 22ª Conferência Mundial de Energia do Hidrogênio (WHEC 2018), presidida por Paulo Emilio e realizada no Rio de Janeiro, Prinzhofer disse que o hidrogênio natural é mais barato do que o industrializado e uma fonte muito mais interessante para o futuro em relação a que usamos atualmente.
Professor do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais e do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe, Paulo Emilio mostrou em seu livro Science and Engineering of Hydrogen-Based Energy Technologies que o hidrogênio natural, que tem origem abiótica, contrariamente a dos combustíveis fósseis, pode estar associado a um fenômeno renovável, com perspectivas de ocorrência perene. Além disso, surge mesclado a pequenas porcentagens de outros gases, como o gás nobre hélio. De acordo com o professor, com a integração de Alain Prinzhofer ao LabH2 e o apoio da empresa Energiah. spinoff da Coppe, serão realizados estudos sobre o tema, com vistas a desenvolver tecnologia nacional para exploração futura.
Mobilidade sustentável com uso de hidrogênio
No Brasil o uso do hidrogênio como combustível em transportes, de forma comercial, está cada vez mais perto de se tornar uma realidade. O ônibus híbrido elétrico-hidrogênio desenvolvido no LabH2 da Coppe, e lançado em 2010, foi o primeiro a circular usando tecnologia 100% nacional. Silencioso, com eficiência energética muito maior que a dos ônibus a diesel e com emissão zero de poluentes, o veículo teve sua segunda geração lançada durante a Rio+20, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2012, no Rio de Janeiro.
Para comprovar a eficiência do veículo, foram realizados inúmeros testes com passageiros que foram intensificados em 2014 e realizados durante dois anos. Nesse período, enquanto as novas tecnologias eram implementadas e testadas em etapas, o ônibus circulou com frequência, na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, transportando mais de 30 mil passageiros entre funcionários, visitantes e principalmente alunos. Foram percorridos aproximadamente 8 mil km e o consumo de hidrogênio foi de 6,7 kg a cada 100 km, com o ar-condicionado ligado.
A terceira geração do ônibus da Coppe, que foi desenvolvida em parceria com Furnas e com a empresa Tracel, foi lançada em 2016 e transportou atletas na Vila Olímpica, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O ônibus ficou mais eficiente, do ponto de vista energético, e mais adequado aos métodos industriais de fabricação, visando à produção em série. Com a nova configuração, o ônibus passou a ter autonomia de 330 km e atender às exigências para veículos de uso urbano no Rio de Janeiro. “Tudo Isso foi conseguido com desenvolvimentos e arranjos inovadores de engenharia de hibridização da energia a bordo. Entre outras iniciativas, desenvolvemos um conversor de energia seguidor de eficiência com pilha a combustível para a geração de energia elétrica no próprio veículo, o que diminuiu o peso, o custo e o consumo de combustível”, explica Paulo Emílio.
No momento, além da quarta geração do ônibus, se encontram em fase de desenvolvimento duas embarcações que mimetizam as tecnologias desenvolvidas para os ônibus, sendo uma delas também movida a hidrogênio. Uma será utilizada no Lago de Furnas, em Minas Gerais, para o transporte de veículos e passageiros, e a outra na Baía de Guanabara no Rio de Janeiro com capacidade para transportar 100 pessoas.
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