As muitas vozes do Rio: arte e tecnologia em exposição na Coppe

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Data: 07/07/2015

Palavrio é o tema da exposição que será inaugurada, dia 9 de julho, no Espaço Coppe. Associando arte e tecnologia, a exposição exibirá uma instalação interativa em homenagem ao Rio de Janeiro, que, em 2015, completa 450 anos de fundação. Um conjunto de softwares e sensores levam o visitante a uma imersão no som de palavras com terminação “r,i,o” que compõe a obra de autoria do poeta André Vallias. A exposição ficará aberta ao público até o mês de outubro, de segunda a sexta-feira, das 13 às 16 horas.

Para realizar o projeto foram entrevistadas pessoas provenientes de várias regiões do Rio de Janeiro e do seu entorno, no intuito de refletir a diversidade cultural da cidade. Com curadoria da professora da UFRJ Heloisa Buarque de Hollanda, do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (Pacc), a exposição ocorrerá no nicho 4 do Espaço Coppe Miguel de Simoni, no I-2000, perto do bloco D, no Centro de Tecnologia, Cidade Universitária.

Em Palavrio, o visitante é chamado a “pensar” a cidade sob o viés do significado da palavra selecionada, bem como da pessoa que a pronuncia. São 64 palavras que se sucedem de forma vertiginosa, com imagens projetadas no fundo de um corredor. Verbalizadas cada uma por uma pessoa diferente, as palavras produzem o som de um “vozerio”. À proporção que o visitante caminha em direção ao fundo do corredor, a animação desacelera, permitindo a identificação visual e sonora das palavras. No fim, uma delas é selecionada, dando acesso a um verbete e a um mapa com indicação do local de moradia da pessoa que disse a palavra.

O posicionamento e a movimentação do visitante são captados por sensores infravermelhos, em tempo real. É possível identificar as palavras de forma mais nítida, à medida que a pessoa se aproxima da tela. Softwares associados a um banco de dados, com base no Google Maps, indicam a posição geográfica e revelam informações sobre a pessoa que verbalizou a palavra. Os fonemas identificados criam representações gráficas do áudio, mergulhando o visitante em um rio de palavras.

André Vallias promoveu uma pesquisa de dicções, das várias pronúncias escondidas na multiplicidade da cidade.Para realizar o projeto, foram entrevistadas pessoas de vários estratos sociais, que moram no Rio de Janeiro, no intuito de refletir sua diversidade cultural. “É um mapa fonético do Rio de Janeiro. A gente não se dá conta da multiplicidade cultural da cidade”, explica Heloisa.

Palavrio é fruto de uma cooperação interdisciplinar entre o Pacc, vinculado à Faculdade de Letras da UFRJ, e a Coppe, por meio do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) e do Laboratório de Realidade Virtual (Lab3D). Durante o evento, ocorrerá o lançamento do livro-aplicativo Poesia, com obras de dez poetas, o qual estará disponível, gratuitamente, no iTunes.

Conexão entre diferentes universos

Primeiro artista convidado, André Vallias é poeta, designer gráfico e produtor de mídia interativa. Já realizou apresentações multimídia de seus poemas nas obras Errática, Poema Falado eSybabelia. Em Palavrio, o poeta desdobra uma de suas obras anteriores, ORATORIO –Encantação pelo Rio, agraciada com o Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia.

“Foi uma experiência muito positiva poder atuar com profissionais que detêm conhecimento avançado de tecnologia. Minhas obras anteriores dependiam da minha própria capacidade tecnológica, do meu próprio trabalho com softwares. Não teria sido possível chegarmos ao resultado pretendido sem a colaboração dos profissionais da Coppe”, ressalta Vallias.

A exposição nasceu de uma proposta feita pela coordenadora do Pacc, Heloisa Buarque de Hollanda, ao professor da Coppe Luiz Landau, coordenador do Lamce, que aceitou o desafio. “O Pacc possui uma linha de pesquisa para o estudo do impacto do digital na leitura, na comunicação. Quando fiz a proposta ao professor Landau, ele se entusiasmou com a ideia”, relata Heloisa.

“O trabalho uniu equipes com formação variada. Foi desafiador e muito gratificante. A ideia é que este seja apenas a primeira de uma série de intervenções unindo arte e tecnologia”, afirmou Landau.

De acordo com a pós-doutoranda Claudia Susie – pesquisadora do Lamce e do Lab3D–, materializar o conceito artístico que motivou a instalação foi um desafio tecnológico, e isso exigiu trabalho em equipe e muita sinergia.

“Embora com formações diversas, os profissionais mantiveram diálogo constante e compreenderam as necessidades de cada participante. A gente não consegue fazer um trabalho multidisciplinar, de tal complexidade, se não for dessa forma”, afirmou.

Tecnologia e arte, um diálogo possível

Segundo a professora da Coppe, Cláudia Werner, coordenadora do Lab3D, a iniciativa promove a integração de áreas que normalmente não se falam. “O desafio é entender o que o artista está propondo e prover a tecnologia necessária à execução do projeto. A exposição mostra que esse diálogo é possível”, afirma a professora.

Para André Vallias, o diálogo entre a arte e a engenharia abre perspectivas para ambas as partes, pois os artistas descobrem novas possibilidades de expressão e cientistas percebem novas aplicabilidades para os recursos dos quais dispõem. “Artistas que não têm know-how no uso de tecnologia poderão se beneficiar dessa parceria e aprender com ela”, avalia o poeta.

Conforme explica o professor Luiz Landau, espera-se que o Lamce e o Lab3D funcionem como laboratórios de apoio à tecnologia e à arte e que as exposições, uma vez iniciadas na Coppe, ganhem o mundo. Para tanto, já se iniciaram tratativas com as curadorias do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu do Amanhã.