Brasil economizará US$ 2 bi integrando refino e petroquímica
Planeta COPPE / Baixo Carbono / Notícias
Data: 24/11/2006
O Brasil poderá economizar cerca de 2 bilhões de dólares por ano com a construção do Complexo Petroquímico Integrado do Rio de Janeiro (COMPERJ), que integrará as atividades de refino e petroquímica. Esta é uma das conclusões do estudo realizado por pesquisadores do Programa de Planejamento Energético da COPPE, que chegou a ser premiado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). O estudo demonstra que com a integração a Petrobras deixará de perder, no mínimo, entre U$ 10,00 e U$ 20,00 por barril, que equivale ao desconto do óleo brasileiro no mercado internacional, devido principalmente a menor qualidade relativa do produto.
Segundo o professor Alexandre Szklo, da COPPE, um dos autores do trabalho, a integração vai aumentar a produção dos produtos não energéticos derivados de petróleo, propiciando ao Brasil agregar valor ao seu óleo bruto e substituir as importações deste produto. Complexo, projetado para processar 150 mil barris por dia, produzirá eteno, propeno, aromáticos e petroquímicos de segunda geração, além de diesel, coque de petróleo e nafta. A previsão dos pesquisadores é de que o retorno dos U$ 8 bilhões que serão investidos na implantação do projeto seja obtido num prazo máximo de cinco a dez anos. “O Complexo contribuirá para uma relação mais adequada entre a oferta e a demanda de petroquímicos no país, que hoje importa cerca de 30% da nafta consumida nas centrais petroquímicas”, explica Szklo, ressaltando que a demanda por petroquímicos básicos cresce entre 5% e 7% ao ano, enquanto a de gasolina cresce de 1 a 2% e a do diesel entre 2% e 3%.
O Complexo vai adicionar no mercado nacional, entre outros insumos, 1.200 toneladas de eteno, um subproduto do petróleo e matéria-prima para a produção de polímeros, que são transformados em plástico. “Esse acréscimo vai gerar U$ 4,2 milhões a mais por mês à Petrobras, que passará a fornecer insumos para a produção de bens de consumo final, como automóveis e eletrônicos, o que é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Precisamos ter disponibilidade desses produtos petroquímicos para abastecer um mercado, cuja demanda é muito grande em países como África do Sul, Índia, China e o próprio Brasil. E o melhor é que para fazer isso utilizará tecnologias que, em boa parte, foram desenvolvidas no Brasil”, enfatiza o economista Gabriel Gomes, pesquisador do da COPPE.
A inovação tecnológica permitirá à Petrobras aumentar a produção de petroquímicos que serão fabricados dentro da própria refinaria
Segundo Szklo, trata-se de um mercado promissor. “Esses produtos não energéticos, derivados do petróleo, estarão mais valorizados no mercado, o que resultará numa vantagem econômica para a Petrobras e para o país. Aumentaremos a produção de petroquímicos, que passarão a ser feitos diretamente na refinaria, e não através do processo de craqueamento da nafta petroquímica, como ocorre atualmente. Isto será possível por meio de inovação tecnológica na unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) das refinarias, com mudanças executadas no catalisador e no hardware”, conclui Szklo.
Para o professor, a integração com o refino mudará o patamar da petroquímica brasileira e proporcionará consideráveis reduções de custos de logística da Petrobras. “A estratégia também é justificável, diante das transformações em curso nos mercados de energia”, explica o professor, Giovani Machado, co-autor do estudo. Segundo ele, o aumento acelerado da demanda por petróleo, associado ao crescimento da economia mundial, principalmente no caso da China e dos Estados Unidos, vem diminuindo a disponibilidade do óleo leve e elevando o seu preço. Na opinião do professor, a integração favorecerá a produção de outros derivados, como propeno e aromático. Em resposta ao crescimento do mercado interno, a Petrobras deixará de exportar petróleo, priorizando o mercado doméstico. Hoje, o barril de petróleo WTI custa cerca de U$ 60 no mundo, enquanto a Petrobras só arrecada entre R$ 45 e R$ 50, quando vende para o exterior o petróleo pesado e ácido nacional. Com isso, o faturamento anual da empresa com esses barris é de cerca de U$ 7 bilhões, quando poderia ultrapassar U$ 10 bilhões”, calcula Giovani.