COPPE atua na recuperação das bacias da Baixada e Zona Oeste
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Data: 25/03/2009
As enchentes na Baixada Fluminense são um dos problemas que há mais tempo atormentam a população do Estado do Rio de Janeiro. Graças a uma cooperação entre o governo estadual e a Coppe, uma forma inteiramente nova de enfrentar as enchentes na Baixada já está sendo posta em prática. Trata-se do ambicioso e inovador Projeto Iguaçu, uma coleção de obras e medidas de disciplinamento de uso do solo que visa controlar inundações e fazer a recuperação ambiental das bacias dos rios Iguaçu, Botas e Sarapuí. O projeto abrange uma área de 726 km2, onde vivem 2,5 milhões de pessoas, os municípios de Nova Iguaçu, Mesquita, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caixas e os bairros cariocas de Bangu e Senador Camará.
Diferentemente de seus antecessores, o Projeto Iguaçu aborda o problema das enchentes a partir da observação integrada da realidade física, ambiental e social da região; e projeta intervenções que, tanto quanto possível, caminhem junto com essas realidades e não contra elas, como explica o coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, Paulo Canedo. Incluído no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do governo federal, que destinou R$ 270 milhões para a execução de sua primeira etapa, o Projeto Iguaçu foi apontado como “o melhor projeto apresentado ao PAC até agora”.
Obras físicas, como barragens, diques e pôlderes, e serviços, como as dragagens, são definidos a partir de uma análise da bacia hidrográfica como um todo e não apenas dos pontos onde os alagamentos aparecem. ”Isso evita que façamos obras que mudam os problemas de lugar – por exemplo, barragens que, ao represarem a água do rio num ponto, causam inundações em locais que antes ficavam secos”, explica Canedo.
Já a observação da realidade social promete livrar o Projeto Iguaçu do destino comum a muitas obras de controle de cheias, que com o tempo são inutilizadas pela ocupação irregular de seu entorno. Os pesquisadores observaram que mesmo nas regiões mais degradadas pela ocupação desordenada e mesmo nas áreas mais favelizadas dessas regiões, as ruas e os campos de futebol nunca são ocupados. Faz parte do código social mantê-los intocados. O Projeto Iguaçu tira partido disso, prevendo a formação de áreas verdes, com quadras de esporte e equipamentos de lazer, ao longo das margens dos rios. Espera-se que essas áreas, batizadas de Parques de Orla Fluvial, ajudem a manter casas, barracos e lixo longe do curso do rio.
Outro caso é a Flecha do Arco – um dique sobre o rio Sarapuí, cuja estrutura já será dimensionada para que, no futuro, seja utilizado também como parte de uma estrada. Além de combater cheias, a criativa solução permitirá retirar da congestionada Avenida Brasil o tráfego de caminhões que, vindos da Via Dutra, demandam a Rodovia Washington Luiz.
O projeto também propõe a execução, no presente, de obras que só serão utilizadas no futuro. Várias intervenções estão previstas para a área do rio Calombé, em Duque de Caixas, prevendo que sua expansão se dará naquela direção. Embora não tenha sido formulado com essa intenção, o Projeto Iguaçu já está direcionado para um dos mais graves problemas que podem afetar o Rio de Janeiro no futuro: os efeitos das mudanças climáticas sobre a Baixada Fluminense. Se as projeções de elevação do nível do mar se confirmarem, a Baixada ficará ainda mais vulnerável a inundações do que é hoje.