Coppe atuará no desenvolvimento de um sistema para prever surtos com potencial pandêmico

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Data: 01/11/2022

Uma reunião técnica entre pesquisadores da Fiocruz Bahia, representantes da Fundação Rockefeller e professores da Coppe/UFRJ, marcou o início do Projeto AESOP – Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico. O objetivo é desenvolver um sistema de detecção de risco de epidemias de doenças virais respiratórias em municípios brasileiros, com base em informações continuamente registradas em base de dados governamentais. O encontro foi realizado, dia 26 de outubro, no Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) da Fiocruz Bahia, localizado no Parque Tecnológico da Bahia.

A diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, mencionou a importância do projeto para o país. “Tenho certeza que essa vigilância dos sistemas de saúde proporcionará um aprendizado muito grande, principalmente depois do que vivemos, em todo mundo, com a pandemia da Covid-19”, afirma. O coordenador do projeto, o pesquisador Manoel Barral-Netto, explicou que o conceito do projeto se baseia no monitoramento constante de dados da atenção primária de saúde, nacionalmente.

“A detecção inicial de sinal de aumento de casos numa localidade direciona a realização de uma caracterização molecular do patógeno e da associação com dados de fatores que pode favorecer uma disseminação rápida do surto, como informações sociodemográficas, climatológicas, da rede de transporte etc. na região afetada. Com todas estas informações serão desenvolvidos modelos capazes de predizer o risco de espalhamento rápido e avaliar quais as estratégias de enfrentamento que poderão ser mais efetivas”, explica.

O desenvolvimento do sistema de análise de dados conta com a participação de pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) do Programa de Engenharia Civil, do Núcleo Avançado de Computação de Alto Desempenho (Nacad), e dos Programas de Engenharia Biomédica e de Engenharia de Produção, todos da Coppe. O professor Luiz Landau, coordenador do Lamce, diz ser interessante colocar todo o conhecimento que acumularam em 40 anos de pesquisa na área da engenharia de simulação em um setor tão importante para o país, como o da saúde. Durante a reunião, Landau também comentou acerca dos grupos que estão trabalhando em diferentes camadas computacionais que deverão ser incluídas no sistema, como informações socioeconômicas e climatológicas das regiões acompanhadas.

O Professor Alvaro Coutinho, coordenador do Nacad, comentou acerca dos frutos que surgem da colaboração com a Fiocruz Bahia. “Com a emergência da pandemia, a Coppe fez um esforço muito grande para contribuir. Nós descobrimos que a nossa expertise em simulação computacional, ciência de dados, computação de alto desempenho e Inteligência Artificial poderia ser utilizada na área da saúde com grande sucesso”, afirma.

Inicialmente, o sistema será focado em análise de contágio por vírus respiratórios, porém, uma vez desenvolvido o conceito, também poderá ser aplicado na prevenção de diversas outras enfermidades, como a dengue, que é transmitida por vetores. O projeto será realizado em conjunto com a Fundação Rockefeller num prazo previsto de três anos para o desenvolvimento e pleno funcionamento do sistema.

“Uma das razões pelas quais nós fizemos essa visita é por que acreditamos nesse projeto. Estamos muito envolvidos na cocriação de modelos de uso de dados”, partilhou Ana Bento, diretora científica da Iniciativa de Prevenção à Pandemias (PPI, sigla em inglês) da Fundação Rockefeller, reafirmando a importância da parceria entre as instituições. “Temos uma vertente de colaboração e cocriação de projetos e modelos que, esperamos, vão eventualmente servir para informar políticas de saúde e de controle de doenças infecciosas”.

Kay Van Der Horst, diretor administrativo da PPI, disse que o projeto está sendo cuidadosamente desenhado a partir de uma abordagem interdisciplinar. “Nós temos trabalhado juntos por cerca de nove meses, discutindo sobre a coleta de dados e qual a melhor forma de agir se detectarmos uma emergência precocemente”, comenta.

* Com comunicação da Fiocruz Bahia

  • Projeto AESOP