Coppe colabora para descoberta de nova espécie pré-histórica na Antártida — um marco para a paleontologia brasileira
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Data: 28/08/2025

Uma descoberta que atravessa milhões de anos e reforça a importância da ciência brasileira. Pesquisadores da Uerj, do Museu Nacional (UFRJ) e da Coppe/UFRJ identificaram uma nova espécie de peixe pré-histórico, encontrada na Ilha James Ross, na Antártida. Com cerca de 66 milhões de anos, o fóssil é considerado o vertebrado mais bem preservado já localizado no continente gelado.
O estudo, publicado na Nature Scientific Reports, e replicado em vários veículos de imprensa nacionais, não só amplia o conhecimento sobre a biodiversidade do período Cretáceo, mas também ajuda a entender as mudanças climáticas na história da Terra. E a tecnologia foi decisiva: a caracterização do fóssil foi realizada por microtomografia computadorizada no Laboratório de Instrumentação Nuclear (LIN) do Programa de Engenharia Nuclear, permitindo revelar detalhes invisíveis a olho nu.
Um peixe único no mundo
Batizada de Antarctichthys longipectoralis, a nova espécie pertence à família dos dercetídeos, peixes de corpo alongado e cabeça comprida. Mas apresenta características nunca vistas antes:
- Nadadeira peitoral maior que a dos demais membros da família
- Ausência total de dentes
Essas particularidades foram reveladas graças à microtomografia, que permitiu reconstruir virtualmente o esqueleto, camada por camada, sem danificar a peça original.
Tecnologia que revela histórias

“No LIN, desenvolvemos técnicas utilizando radiações ionizantes para investigar aquilo que o olho não vê. Recebemos fósseis, analisamos e entregamos imagens que permitem aos especialistas caracterizá-los com precisão”, explica Ricardo Tadeu Lopes, professor do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe.
O processo é complexo: a microtomografia gera imagens em níveis de cinza tão sutis que só com tecnologia avançada é possível separar o que é rocha e o que é osso. Cada imagem reconstruída em 3D fatia digitalmente o material em blocos minúsculos — no caso deste fóssil, de 30 micrômetros — permitindo reconstruir o volume e revelar toda a estrutura óssea.
“É como se déssemos uma nova vida ao espécime, permitindo vê-lo como era há milhões de anos”, completa Olga de Araújo, pesquisadora pós-doc responsável pelo processamento das imagens.
Recriando um mundo perdido
Com as informações fornecidas pela Coppe, os paleontólogos puderam não só descrever a nova espécie, mas também reconstruir o ambiente da Antártida no final do Cretáceo. Há 66 milhões de anos, o continente gelado tinha temperaturas entre 20°C e 30°C, vegetação abundante (araucárias, pinheiros, samambaias) e uma fauna diversa de peixes, aves, répteis e anfíbios. A descoberta reforça as semelhanças históricas entre a Antártida e o sul da América do Sul.
Ciência, tecnologia e colaboração
Esta não é a primeira vez que a parceria entre paleontólogos e engenheiros nucleares gera resultados históricos. Em 2021, a mesma colaboração levou à descoberta do dinossauro Berthasaura Leopoldinae e, também publicada na Nature Scientific Reports. “Quando a tecnologia encontra a ciência, revelamos histórias que estavam escondidas havia milhões de anos. É uma contribuição única para a paleontologia e para o conhecimento sobre a evolução da vida no planeta”, conclui Ricardo Lopes.
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