COPPE e Cenbio produzem no Pará energia a partir de óleo de dendê
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Data: 11/11/2003
A COPPE, em parceria com o Cenbio – Centro Nacional de Referência em Biomassa – da USP, desenvolveu uma pesquisa pioneira que possibilita a utilização de óleo de dendê em motores movidos a diesel. O estudo, o primeiro utilizando esta matéria-prima no país, beneficia localidades isoladas em que os habitantes têm dificuldade na compra do óleo diesel, e se encontra em fase de testes em uma pequena comunidade do Pará. O uso do dendê também proporciona uma emissão de gases menos poluente e uma economia de 10% a 20% no preço do combustível.
O projeto já vinha sendo desenvolvido desde 1999, mas ganhou novo impulso com a publicação da tese de doutorado de Valéria Pimentel, na COPPE, em 2001, que demonstrou a necessidade do aumento da taxa de compressão do motor para que ocorra uma combustão mais completa do óleo e recomendou a injeção do combustível mais cedo que o habitual.
Com base nessas conclusões, foi desenvolvido um kit que, acoplado ao motor, realiza o pré-aquecimento do óleo de dendê utilizando resistência elétrica e a água que circula no motor. Mais quente, o material passou a apresentar uma viscosidade muito semelhante ao óleo diesel. A utilização do novo combustível não requer a troca do motor, sendo somente necessária a instalação do kit, que custa em torno de R$ 2.000.
– Além de acabar com a dificuldade de abastecimento de óleo diesel e proporcionar uma redução no preço da energia elétrica, esse estudo também estimula a plantação de dendê, com grande benefício social e econômico para a região – afirma Carlos Belchior, coordenador do projeto pela COPPE.
O uso de óleos vegetais in natura em motores movidos a diesel é algo ainda novo no Brasil, e só encontra equivalentes nos EUA, Malásia, Indonésia e Alemanha. O gerador instalado em uma comunidade de 50 famílias em Moju, no Pará, está em funcionamento há 30 dias, e uma equipe de pesquisadores deve visitar o local a cada 2 meses para verificar o andamento dos testes. O projeto tem apoio da empresa Agropalma, que fornece o óleo de dendê para a comunidade, e da ONG Namazônia, que faz inspeções no local.
O motor já foi submetido a testes de emissão na sede da Embrapa, e agora está sendo analisada a sua durabilidade. O uso do óleo de dendê para produção de energia elétrica é mais barato também que outras formas alternativas, como a solar e eólica, mas só se torna vantajoso nos casos em que há dificuldade de obtenção de óleo diesel.
– Em um grande centro urbano, o óleo de dendê não teria um preço competitivo com o diesel – diz Belchior.