Coppe e COB firmam parceria para apoiar atletas olímpicos

Planeta COPPE / Engenharia Civil / Notícias

Data: 13/08/2015

Um sistema desenvolvido por pesquisadores da Coppe/UFRJ vai apoiar os atletas brasileiros que estarão competindo em duas modalidades do Aquece Rio: a Regata Internacional de Vela 2015, que começou no sábado, dia 15, e termina dia 22 de agosto; e a Maratona Aquática, dias 22 e 23 agosto. Fruto de um convênio assinado entre a Coppe e o Comitê Olímpico do Brasil (COB), o sistema desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe fornecerá aos atletas dados e previsões, em tempo real, sobre a dinâmica marinha e atmosférica dos locais de disputa.

O sistema prevê a velocidade e a direção de correntes marinhas e dos ventos, além da altura e da direção das ondas nos locais onde serão realizadas as provas: Baía de Guanabara e Praia de Copacabana. Com base nesses dados, os atletas e seus treinadores poderão planejar, com mais precisão, estratégias que resultem em melhor desempenho na disputa pelas medalhas olímpicas.

Nas Olimpíadas 2016, a Coppe/UFRJ vai apoiar atletas que competirão em cinco categorias do esporte náutico: Vela, Canoagem de velocidade, Maratona Aquática, Triatlo (prova de natação) e Remo.

Estratégia Náutica

Professor Luiz Landau, coordenador do Lamce

A parceria Coppe e COB nasceu em 2014 com a implantação do projeto Estratégia Náutica, voltado somente para atletas da equipe brasileira de vela olímpica. No evento Aquece Rio, realizado em agosto de 2014, na Baía de Guanabara, os velejadores brasileiros testaram pela primeira vez com sucesso o sistema desenvolvido pelos pesquisadores da Coppe. Esse projeto acabou sendo ampliado com a assinatura do convênio, em maio de 2015.

“Estamos monitorando a Baía de Guanabara desde 2014 e, a partir de maio deste ano, passamos a monitorar também as raias da Praia de Copacabana, onde serão realizadas as provas de maratona aquática e triatlo, e da Lagoa Rodrigo de Freitas, que sediará as disputadas de remo e canoagem”, informou o professor Luiz Landau, do Programa de Engenharia Civil da Coppe, coordenador do projeto.

Sistema fornecerá a atletas previsões de correntes e ventos

O pesquisador da Coppe, Luiz Paulo Assad, demonstra as condições do mar

Segundo o pesquisador Luiz Paulo Assad, da Coppe, os modelos computacionais de previsão de circulação atmosférica e circulação marinha para o mar de Copacabana e da Baía de Guanabara já estão sendo disponibilizados aos atletas. Até o fim deste ano serão instalados radares e sensores fixos na baía.

As previsões de vento são disponibilizadas de uma em uma hora, e as de correntes marinhas, de dez em dez minutos. “O espaço de tempo pode ainda ser menor, caso seja demanda dos esportistas. Dependemos do feedback que eles nos passam. Essa interação nos dá a oportunidade de refinar o modelo e interagir com o usuário quase imediatamente”, ressalta Assad.

Até a primeira quinzena de agosto, a equipe da Coppe instalará duas estações meteorológicas, uma na Baía de Guanabara e outra na Lagoa Rodrigo de Freitas. As estações disponibilizarão, em tempo real, informações sobre direção e velocidade do vento, temperatura do ar, pressão atmosférica e umidade. Para os atletas que competirão nas provas de natação, o sistema da Coppe fornecerá medidas de temperatura da água do mar, em Copacabana, onde serão realizadas as provas.

Segundo Assad, as medições constantes ajudarão a criar um histórico de parâmetros ambientais que são relevantes para os esportes contemplados no projeto, principalmente no mês de agosto, quando ocorrerão os jogos olímpicos.

“A base de dados adquirida desde 2014 será importante para refinar os modelos e também para ganharmos conhecimento sobre a dinâmica atmosférica e oceânica dessas regiões, que são extremamente peculiares. A baía é estreita em um ponto, depois alarga. A lagoa tem praia de um lado e o Parque da Catacumba do outro, o que faz variar bastante a circulação atmosférica ao longo da raia. Por isso, é tão importante coletar dados em tempo real”, explica Assad.

Da mesma forma que cada local tem suas peculiaridades, cada esporte náutico guarda suas especificidades. “Para esportes a vela, é indiferente a temperatura da água do mar, mas, para a maratona aquática e o triatlo, é fundamental saber antecipadamente as temperaturas da água ao longo da raia”, exemplifica o pesquisador.

Projeto deixará legado para o esporte e a academia

Os supervisores de Ciência do Esporte do COB, Júlio César Noronha e Sidney Cavalcante

Um dos desafios do projeto é que não basta coletar dados e transmiti-los, a informação deve ser decodificada para se tornar mais acessível aos usuários. Na opinião do supervisor de Ciência do Esporte do COB, Júlio César Noronha, o diálogo constante entre as partes envolvidas é fundamental, pois as linguagens de pesquisadores e atletas são diferentes.

“A integração é necessária para ajustar a sintonia. Em um primeiro momento, foi preciso vencer a resistência, pois os atletas não estavam acostumados a trabalhar com pesquisadores e receber informações científicas precisas, em tempo real. Além disso, com a senha de acesso, os supervisores conseguem saber quem acessa o site do projeto, quem usa as informações disponibilizadas pela Coppe, quem não faz isso e perguntar o porquê”, explica o supervisor.

A equipe do Lamce usou, no projeto, o conceito de computação de alto desempenho (supercomputador). “Disponibilizamos uma máquina com 96 processadores. Caso seja necessário passar para um computador de alto desempenho, o projeto já está preparado”, afirma o professor Landau, ressaltando que, caso as demandas futuras dos atletas exijam maior capacidade de processamento de informações, a equipe poderá utilizar um supercomputador.

O projeto envolve cerca de 20 pessoas, incluindo oceanógrafos, meteorologistas, engenheiros e alunos bolsistas de iniciação científica, mestrado e doutorado e técnicos de tecnologia da informação. “Desenvolvemos projetos e formamos pessoas”, afirmou Landau.

Parte da equipe do Lamce da Coppe que trabalha no desenvolvimento e na implantação do sistema

Segundo Landau, é importante pensar no legado que os Jogos Olímpicos deixarão para o Rio de Janeiro e para o país. “O que estamos fazendo para este projeto, por exemplo, pode ser replicado em qualquer lugar do mundo. Poderemos oferecer suporte à equipe brasileira em qualquer regata no futuro. A estrutura em montagem para atender os atletas ficará. Montamos um laboratório a céu aberto, que será importante para atletas, estudantes e pesquisadores”, afirmou.

“Na minha época de aluno, não havia todo esse suporte, com informações coletadas em tempo real que pudessem ser refinadas com modelagem computacional. Isso é matéria-prima, é subsídio para gerar monografias, dissertações, teses e avanços em várias áreas do conhecimento. É um legado também para a academia”, acredita Luiz Paulo Assad.

A percepção dos pesquisadores é compartilhada pelos supervisores do COB. “Está sendo montada toda uma infraestrutura de pesquisa que ficará para a cidade. Então, acreditamos que o legado não será pontual”, avalia Sidney Cavalcante, também supervisor de Ciência do Esporte.

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