Coppe homenageia professor Rogério do Valle em seminário sobre sustentabilidade
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 02/05/2019
A Coppe/UFRJ prestou homenagem ao professor Rogério do Valle (1955-2017), do Programa de Engenharia de Produção da Coppe, no seminário “A Produção Sustentável Aplicada: do contexto da base comunitária à indústria do petróleo”, realizado no último dia 12 de abril. Promovido pelo Núcleo Professor Rogério Valle de Produção Sustentável (Sage), criado e coordenado pelo professor ao longo de 22 anos, o evento reuniu docentes, pesquisadores, colaboradores e alunos que lembraram a trajetória e legado do professor.
Durante o evento foi promovido um ‘bate-papo’ sobre produção industrial sustentável; empoderamento de lideranças comunitárias; equilíbrio entre o conhecimento técnico e a sensibilidade social, e engajamento em prol da transformação da realidade circundante. Conduzido pela pesquisadora da Sage, Laurelena Palhano, que foi aluna de mestrado e doutorado do professor Rogério Valle, o seminário contou com a participação do diretor de Relações Institucionais da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa; do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisador do Sage, Fernando Tenório; do professor do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe, Marcelo Igor de Souza; e da assistente social Janete Salgueiro, representante da Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro.
Também foram lançados os livros “A caminho da indústria 4.0 e da produção sustentável”, de autoria do professor; e “Gestão Comunitária com ênfase em sustentabilidade ambiental”, organizado por Rogerio Valle e professor Fernando Tenório, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O valor arrecadado com a venda dos livros será revertido para o auxílio de jovens em condição de vulnerabilidade social.
Ambiente e sociedade: questões indissociáveis
O professor Pinguelli destacou que o professor Rogério combinava a dedicação acadêmica, cultura técnica bem expressa nesses livros, com o engajamento. “Não era apenas um intelectual, era um intelectual engajado, com um objetivo, com sensibilidade não apenas para a questão ambiental como para a questão social. A técnica era empregada para fins maiores. E o Sage expressa essa junção da técnica com o engajamento”.
“O Brasil vai muito mal, e a derivada é negativa. Em nosso país, a desigualdade social atinge contornos dramáticos, e com o atual governo federal tende a se agravar. Mas isso não deve nos desanimar. Ao contrário, é preciso fazer um esforço maior para construir um futuro melhor para todos. Nisso, Rogério faz muita falta, pois ele tinha esse equilíbrio, entre relacionamento com as empresas para dar realidade aos nossos cursos e não ficarmos fora do mundo, e ao mesmo tempo exercer uma visão crítica. O papel do estudante é ter sempre essa dimensão do problema, não se deixar deslumbrar pelo aspecto técnico e perder uma visão de mundo progressista, transformadora”, avalia Pinguelli.
Segundo o professor Fernando Tenório, Rogério trabalhou no sentido de aproximar a Engenharia de Produção da sociedade, não deixando-a restrita à parte técnica, mas colocando a sociedade como mote da discussão das tecnologias. “Gostaria de lembrar o Cordobazo, o movimento universitário realizado em Córdoba (Argentina), que defendia que a universidade não se limitasse ao ensino e à pesquisa, e que esta se complementaria no dia que em que passasse a atuar com a sociedade, que contribuísse para aqueles que não tinham condições de ingressar na universidade. Essa triangulação ensino-pesquisa-extensão é fundamental”, acrescenta Tenório.
A família do professor Rogério do Valle esteve presente ao seminário. O estudante de Medicina Bernardo do Valle, filho de Rogério, mostrou-se emocionado com a homenagem. “Meu pai fazia o que amava. Ele estava sempre buscando mudar a realidade que o cercava. Espero que o legado que ele deixou toque o coração de vocês, para sempre atuar pela melhoria da sociedade”, agradeceu Bernardo.
O diretor da Coppe, professor Watanabe, também não poupou elogios a Rogério. “No Japão, havia um respeito muito grande pelos professores, e para alguns usavam ideograma diferente, o significado era ‘ele cria bem’, no lugar de ‘ensinar’, era o mesmo criar usado no sentido da criação de filhos. Ou seja, ele orienta e cria pra vida. Você (Bernardo) disse ter dificuldade em separar o pai do professor, mas não precisa. Você tem mais uns 100 irmãos, que seu pai orientou e tratou como filhos”.
Rogerio de Aragão Bastos do Valle ingressou como docente na Coppe em 1993. Dois anos depois fundou o Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (Sage) que, em sua homenagem, passou a se chamar Núcleo Professor Rogério Valle de Produção Sustentável, a partir de março de 2018. Orientou 39 teses de doutorado, 66 dissertações de mestrado, escreveu 49 artigos e foi autor, coautor ou organizador de dez livros.