Coppe inaugura laboratório que contribui para explorações no pré-sal
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Notícias
Data: 30/04/2009
A Coppe inaugura dia 30 de abril, a partir das 10h, na presença do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o Laboratório de Ensaios não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC), que se destaca entre os mais modernos do mundo e é o único em que as três áreas de conhecimento estão integradas no mesmo local. Instalado na COPPE, no Campus da Ilha do Fundão (RJ), o novo laboratório está preparado para testar equipamentos e materiais para a indústria do petróleo, com destaque para os que serão utilizados na exploração das camadas do pré-sal.
Financiado com recursos da ordem de R$ 40 milhões da Petrobras, da Agência Nacional do Petróleo e do Fundo CT-Petro, através da Finep, o LNDC contribuirá para minimizar os prejuízos de centenas de milhões de dólares contabilizados pela indústria do petróleo em função dos efeitos da corrosão e deterioração de seus equipamentos.
Montado com o que há de mais moderno em termos de equipamentos nas suas três áreas, o laboratório está capacitado para desenvolver tecnologia de ponta e contribuir para que a indústria nacional tenha condições de produzir equipamentos que hoje ainda precisam ser importados pelo setor. Além da indústria do petróleo, também poderão ser beneficiados pela atuação do laboratório segmentos industriais das áreas de siderurgia, automotiva e nuclear.
Durante a inauguração, o presidente Lula e os convidados presentes assistirão a uma demonstração em um dos tanques do laboratório, onde será simulado um ensaio não destrutivo, utilizando um robô e técnica de ultrassom para inspeção de um casco de navio dentro d’água.
História
O projeto do LNDC foi idealizado em 2001, quando seus coordenadores concluíram que a infra-estrutura dos laboratórios – então instalados separadamente – era pequena para responder às necessidades que viriam pela frente, sobretudo na atividade de exploração de petróleo. Para enfrentar esses novos desafios das indústrias do setor ou outras que venham a demandar este tipo de serviços, a COPPE decidiu reunir no laboratório pesquisadores que atuam nas três áreas de conhecimento (ensaios não destrutivos, corrosão e soldagem), sob a coordenação dos professores João Marcos Rebello, Oscar Rosa Mattos e João Payão.
“Há anos temos uma cooperação intensa com o Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), mas precisávamos de novas instalações para avançar nas pesquisas. O LNDC veio justamente para atender a essa demanda, disponibilizando uma infra-estrutura que viabilizará o trabalho em qualquer domínio do campo do petróleo nessas áreas”, ressalta o professor Oscar Rosa Mattos.
É o caso, por exemplo, dos estudos que envolvem um dos principais vilões deste segmento: o ácido sulfídrico (H2S), um componente que acelera a danificação dos materiais e equipamentos por onde passa o petróleo. Quanto maior é o teor de H2S e mais baixo o pH do óleo, mais grave é o problema. Essa composição intensifica a ação do ácido, provocando a deterioração dos equipamentos. “Com o pré-sal, o problema se agrava e exige avanços tecnológicos que viabilizem sua exploração, como a adaptação e desenvolvimento de novos materiais que terão que resistir a pressões muito elevadas, acima de 400 bars (unidade de pressão), em ambientes que têm como principais agentes nocivos o H2S e o gás carbônico (CO2)”, explica o professor Rosa Mattos.
Outro desafio imposto pelo pré-sal é a adaptação e desenvolvimento de técnicas de ensaios não destrutivos para detecção de defeitos desses materiais, assim como o desenvolvimento de procedimentos de soldagem. “Nosso objetivo é desenvolver soluções tecnológicas que propiciem maior segurança e confiabilidade aos equipamentos usados na exploração de petróleo”, comenta o professor João Marcos Rebello, outro coordenador do laboratório.
Na área de soldagem, o professor João Payão, também coordenador do LNDC, destaca a capacidade do laboratório de desenvolver tecnologia e procedimentos relacionados ao revestimento de tubulações em altas profundidades, um grande problema hoje enfrentado pela indústria do petróleo: “A maioria dos tubos é importada, e nós aqui no laboratório teremos condições de desenvolver qualquer tipo de solda que a indústria do petróleo necessite para atuar em águas profundas.”
O laboratório
O LNDC, com oito mil metros quadrados de área construída, tem dois grandes tanques de testes: um com água e outro seco. No primeiro, com 12 metros de comprimento, 6 de largura e 7 de profundidade, serão realizados ensaios fundamentais para testar a integridade de equipamentos que entrarão em operação nos campos de petróleo, incluindo a camada pré-sal, em profundidades de até 7 mil metros abaixo do nível do mar, cuja pressão é até 700 vezes maior do que a do ambiente em que vivemos.
No tanque seco, serão feitos ensaios para detectar danos internos nos materiais, por meio de raios gama e raios X e um acelerador de partículas nuclear, sendo o único no país que permite a inspeção de grandes equipamentos para a área do petróleo.
O laboratório conta ainda com sete câmaras especiais para ensaios com H2S e CO2, em altas pressões e temperaturas, trabalhando com células autoclaves (alta pressão) e loops (circuito fechado), especialmente concebidos para esta finalidade.