COPPE inaugura novo laboratório de biofármacos
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Data: 21/07/2006
O Brasil gasta anualmente mais de 1,5 bilhão de Reais com a importação de medicamentos produzidos a partir de biotecnologia. Mas apesar do enorme gasto público com esses remédios, denominados biofármacos, os governos estaduais e federal não conseguem suprir toda a demanda da população. No intuito de colaborar para resolver este problema, a COPPE inaugurou dia 10 de julho o novo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LEEC), cujas modernas instalações o equiparam aos melhores do mundo para pesquisas nesta área. O Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da Finep, investiu 1, 5 milhão de Reais neste projeto.
Classificados no país como “excepcionais”, devido ao seu alto custo, os biofármacos são usados no tratamento de Aids, câncer, e doenças coronarianas, males que atingem grande parcela da população. Estudo preliminar do grupo de pesquisa da COPPE revela que a produção de apenas um dos biofármacos mais requisitados no Brasil, um fator de coagulação sanguínea usado em hemofílicos, representaria economia para o país de até 120 milhões de Reais. “Desenvolver tecnologia nacional é a única forma de reduzir os custos e aumentar o acesso da população brasileira a esses medicamentos”, afirma a professora da COPPE, Leda Castilho, coordenadora do LEEC.
Apenas dez países produzem biofármacos em escala industrial
Com 150 m2 de área construída, o LECC possui modernos biorreatores, cromatógrafos e equipamentos analíticos e conta com uma equipe multidisciplinar formada por biólogos, engenheiros, farmacêuticos e químicos. Estes profissionais estão trabalhando no desenvolvimento de tecnologias eficientes e de menor custo para que o Brasil ingresse no grupo de países que dominam as tecnologias de produção e purificação de biofármacos e vacinas obtidas através do cultivo de células animais. Trata-se de uma área de pesquisa considerada de ponta em termos mundiais. Entre os dez países no mundo que produzem biofármacos industrialmente destacam-se Alemanha, EUA e Japão. Segundo a professora Leda, o novo laboratório permitirá ao Brasil dar um importante passo na direção do desenvolvimento e produção de biofármacos.
Seminário reuniu no Rio os maiores especialistas do mundo em biofármacos
A inauguração do LECC ocorreu durante Seminário Internacional sobre Produção de Biofármacos em Cultivo de Células Animais (Production of Biopharmaceuticals in Animal Cell Cultures), que reuniu na COPPE 133 pesquisadores, entre eles os maiores especialistas do mundo no tema. O primeiro conferencista do evento foi o pesquisador português Manuel Carrondo, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica de Portugal, que é a instituição líder mundial na área de pesquisa em partículas pseudo-virais, usadas na produção de vacinais eficientes e seguras no combate a doenças infecciosas. Outro conferencista renomado que participará do evento é o pesquisador Hansjorg Hauser, do Centro Alemão de Pesquisa em Biotecnologia (GBF), referência mundial na área de clonagem e produção de proteínas recombinantes. Editor do livro Mammalian Cell Biotechnology in Protein Production, Hauser vai proferir conferência sobre o tema.
Na segunda semana os integrantes do seminário participaram de atividades práticas no novo laboratório. O evento foi coordenado pela professora do Programa de Engenharia Química da COPPE, Leda Castilho. Doutora em Engenharia Bioquímica, Leda é uma das autoridades brasileiras na área de biofármacos. A pesquisadora defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Braunschweig, na Alemanha, sobre o tema “Desenvolvimento de processo de produção e purificação de anticorpo de uso terapêutico produzido com base no cultivo de células animais”. Desde que retornou ao Brasil, Leda vem atuando nesta área de pesquisa. “Precisamos desenvolver tecnologia nacional para produzir os biofármacos e tornar o país mais um palyer no reduzido grupo que domina esta tecnologia”, ressaltou.