COPPE testa e aprova uso de 20% de biodiesel em locomotivas da Vale
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Data: 13/08/2007
Com base nos resultados de testes feitos por pesquisadores da COPPE, a Companhia Vale do Rio Doce passará a utilizar biodiesel em suas locomotivas. Durante doze meses os pesquisadores acompanharam o desempenho de duas locomotivas da empresa que percorreram 119 mil km: uma delas usou diesel comum e a outra uma composição de 20% de biodiesel (B20) e 80% de diesel mineral. Os pesquisadores concluíram que a substituição deste 1/5 de combustível, associada à plantação de cerca de 30 mil hectares de espécies oleaginosas, como o dendê, possibilitará a redução total de emissão em torno de 800 mil a 1,1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera.
Segundo o professor Marcos Freitas, da COPPE, responsável pela coordenação do projeto, simplesmente substituir 20% de diesel por biodiesel não resultaria numa redução de emissão de gases significativa. Com esse percentual, seriam abatidos apenas 1/5 do total, ou seja, 209.180 toneladas de emissão de CO2. “A redução mais significativa ocorrerá devido ao plantio dos 30 mil hectares de palma (dendê) em terra degradada da Amazônia, o que pode gerar uma grande quantidade de empregos e renda fora das atividades do desmatamento, além de poder usar toda a biomassa residual (cogeração) e o efluente liquido (biogás)”, diz o professor. Marcos explica que a planta captura o gás carbônico da atmosfera, possibilitando à redução de 100% do CO2 emitido. Assim, ao associar o uso do biodiesel ao plantio da oleaginosa, a empresa poderá anular o efeito de aproximadamente 1 milhão de toneladas que serão emitidas pelas locomotivas da Vale ao percorrer anualmente milhares de quilômetros, em ferrovias na Amazônia e em outras áreas do país.
A pesquisa realizada e coordenada pelo Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG) da COPPE, que reuniu oito professores e pesquisadores dos Programas de Planejamento Energético e Engenharia de Transporte, e dos Laboratórios de Análises Químicas (LAQ) e de Máquinas Térmicas (LMT), levou 12 meses, e constatou que a substituição de 20% do diesel pelo biodiesel propiciou maior redução na emissão de outros gases poluentes, como os Hidrocarbonetos (HC), na ordem de 32%, e Dióxido de Enxofre (SO2) – um dos responsáveis pela chuva ácida-, em torno de 30%. O estudo concluiu que, além de benefícios ambientais, o biodiesel apresentou outras vantagens: o motor da locomotiva teve bom desempenho, apresentando perda máxima de 0,87% de potência durante a aceleração em alguns pontos do percurso; não houve alteração na durabilidade dos componentes em contato com o B20; a lubricidade do biodiesel, superior a do diesel, proporcionou menor desgaste na bomba injetora do trem.
O projeto também poderá gerar benefícios financeiros com o aquecimento do mercado de crédito de carbono, cuja cotação é de US$ 10,00 por tonelada. Marcos diz que com este valor, a Vale do Rio Doce poderá captar US$ 2,1 milhões, devido à redução das 209 mil toneladas de CO2, a partir do uso do B20, somente considerada a fase de substituição do diesel, e até US$ 10 milhões/ano caso seja considerado a contribuição para o desmatamento da Amazônia e o uso da biomassa residual e efluente líquido.
No período de teste, as duas locomotivas transportaram uma carga total de 1,8 milhões de toneladas e, ao todo, foram consumidos 1,7 milhões de litros de diesel mineral e 119 mil litros de biodiesel de dendê. Também foram realizados testes de laboratório levando-se em conta o uso de 100% de biodiesel.