Curso capacitará jovens para trabalhar em eventos esportivos
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 13/05/2016
Uma plateia formada por 455 jovens, autoridades e convidados lotou o Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, no último dia 9 de maio, para assistir a Aula Magna do programa Jovem Aprendiz do desporto (Jade), que visa capacitar jovens para trabalhar nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e futuros eventos esportivos. O curso teve seu material didático e metodologia desenvolvidos pelos pesquisadores do Laboratório Trabalho & Formação (LT&F) da Coppe/UFRJ, que também capacitaram os 43 professores que serão responsáveis pela formação dos alunos.
A Aula Magna foi proferida pelo professor da Coppe, Fábio Zamberlan, coordenador do LT&F, que destacou a importância de disseminar o conhecimento com qualidade, função precípua da universidade. “Não podemos inserir os jovens no mercado de trabalho de maneira precária. A qualificação é muito importante. Se a gente não investe em educação, o Brasil vai sempre competir de forma desigual. Vamos ter que vender uma tonelada de soja para comprar um chip”, afirmou o professor da Coppe.
Segundo Zamberlan, os alunos que estarão sendo capacitados são jovens que já concluíram o Ensino Médio, mas que ainda não conseguiram ingressar no mercado de trabalho. Com o conhecimento que será adquirido em 800 horas de formação profissional, na prática e em sala de aula, os aprendizes estarão aptos a trabalhar nas Olimpíadas e capacitados a desempenhar atividades em clubes e competições esportivas. O programa resulta de uma parceria entre o Ministério do Trabalho e Previdência Social, o Ministério da Educação, por meio do Pronatec, o Ministério do Esporte, a Coppe e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ).
O diretor da Coppe, professor Edson Watanabe, relatou aos jovens aprendizes que no Japão, onde fez seu doutorado, os médicos e advogados não são chamados de doutores e sim de professores, pois esta é a forma de tratamento que a sociedade mais valoriza. “Nós precisamos também dar valor aos nossos professores, sobretudo os de ensino fundamental e ensino médio, tanto em salário quanto em reconhecimento”, exortou Watanabe.
Juventude, um caso de política
A equipe da Coppe organizou ao todo seis livros, três para os professores e três para os alunos, intitulados “O Esporte e o Aprendiz”, “A Organização do Trabalho no Esporte”, e “A organização da Produção no Esporte”.
A coordenadora-geral de Preparação e Intermediação de Jovens do Ministério do Trabalho, Ana Lúcia de Alencastro, ressaltou a importância da equipe da Coppe para o projeto. “A Coppe realizou a pesquisa, identificou a formação adequada que era requerida e elaborou o material didático. Todos os alunos terão carteira assinada, direitos assegurados e jornada de trabalho condizente com a condição de aprendizes”, afirmou.
Dulce Martini Torzekci, procuradora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), discursou sobre a importância da Lei de Aprendizagem (lei 10.097/2000) e de programas de estímulo ao primeiro emprego.
“Das 93 mil vagas para aprendizagem no Rio de Janeiro, apenas 40 mil estão preenchidas. A lei é uma conquista social e não podemos permitir que haja retrocessos, que nenhum governo retire direitos. O TRT se engaja na luta para que a Lei de Aprendizagem seja cumprida. A carteira de trabalho é símbolo de dignidade”, defendeu Dulce.
Segundo Robson Leite, superintendente regional do Ministério do Trabalho e ex-deputado estadual (PT-RJ), “a juventude não é caso de polícia, mas de política. Um caso de política pública, que dê perspectiva de futuro, oportunidades e educação pra a juventude”, destacou.
Uma utopia para seguir em frente
“Como disse o poeta Ferreira Gullar, ‘a nossa vida a gente inventa’. É verdade, ela é curta, mas podemos preenchê-la e torná-la grande”, filosofou o professor Zamberlan, que em seu discurso agradeceu o apoio dos ex-ministros do Trabalho, Manoel Dias (ex-ministro) e Miguel Rossetto (atual), e ressaltou que é preciso reconhecer as políticas sociais inclusivas feitas no país, ao longo dos últimos 13 anos. O professor da Coppe destacou o entusiasmo dos jovens aprendizes com a oportunidade de qualificação e com as perspectivas profissionais para o futuro.
“Eduardo Galeano dizia que a utopia era um objetivo que colocamos no horizonte, e a cada passo que damos em sua direção, outro passo ele se afasta de nós. Mas, que ela existe justamente para que tenhamos porquê caminhar. Então, lembrando Galeano, eu recomendo a vocês que tenham uma boa utopia, coloquem-na à sua frente e caminhem. Boa sorte nessa caminhada”, concluiu o diretor Watanabe.