Em sete anos, Japão terá 200 mil carros movidos a hidrogênio
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Notícias
Data: 18/06/2018
Na linha de frente, o Japão já tem uma ambiciosa política estratégica, definida no ano passado pelo governo, para criar uma sociedade baseada no hidrogênio e, assim, reduzir os níveis de emissão de gases poluentes. Esta meta se refletirá, por exemplo, nas ruas. Entre 2020 e 2025, o país pretende aumentar o número de veículos movidos a hidrogênio de 40 mil para 200 mil unidades.
Em 2030, serão 800 mil veículos a trafegarem pelo país, segundo estimou o diretor de projetos do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério de Meio Ambiente, Yoshihiro Mizutani. Ele apresentou na 22ª Conferência Mundial de Energia do Hidrogênio (WHEC 2018) as previsões do Japão para pôr suas metas em prática:
— Vamos dobrar o número de postos de abastecimento de hidrogênio neste período. Em 2025, teremos 320 em todo o país. Com este objetivo, o Japão vai promover reforma regulatória, desenvolvimento tecnológico e parcerias entre setores público e privado — acrescentou.
Ainda na área de mobilidade urbana, a previsão é de que em 2030, o país tenha 1.200 ônibus e 10 mil empilhadeiras, todos movidos a hidrogênio. Pilhas de combustíveis serão implantadas em barcos pequenos. Como o hidrogênio pode contribuir para alcançar as metas do Acordo de Paris e de desenvolvimento sustentável?
— Com uma comunidade calcada em meios de transportes adequados, utilização de recursos locais e segurança energética — respondeu Mizutani, que tem mais de 20 anos de experiência em política ambiental e é responsável pelo desenvolvimento de tecnologias para reduzir o carbono, na qual se inclui o hidrogênio.
Uma prova de que é possível concretizar esta sociedade, segundo ele, é a inauguração, no início deste mês, do primeiro hotel com energia hidrogênio do mundo, perto do Aeroporto Internacional de Tóquio. Cerca de 30% do consumo total de energia vêm do hidrogênio, a partir da reciclagem de plástico.
O Japão importa 94% de combustíveis fósseis. E a taxa de autossuficiência energética permanece entre 6% e 7% por cento, sobretudo em decorrência do fechamento das usinas nucleares desde 2011, após o terremoto, seguido de tsunami, que devastou parte do país. Daí a importância do hidrogênio como energia alternativa.
— A meta do país é cortar 26% das emissões de gases do efeito estufa até 2030 sobre os níveis de 2013. Seguindo o Acordo de Paris, o Japão vai tentar cortar 80% das emissões até 2050 — explicou Mizutani.
Segundo ele, o hidrogênio pode ser produzido de energias renováveis, armazenado e transportado. A estrutura de abastecimento primária do Japão deve ser diversificada para reduzir sua dependência em fontes de energia específicas.
— Tecnologias de energia renovável podem ser usadas para produzir hidrogênio como fonte de energia totalmente livre de CO2. Combustíveis convencionais ou pilhas de combustível podem ser combinados para reduzir carbono. O Japão vai expandir sua tecnologia sobre hidrogênio para liderar a redução global de carbono — observou o responsável pelo setor no Ministério do Meio Ambiente.
Ele classifica o hidrogênio japonês e a tecnologia de pilhas de combustíveis desenvolvida no país como os mais avançados do mundo. No seu entender, Japão deveria liderar o mundo em realizar uma sociedade baseada no hidrogênio. E a estratégia básica prevê alcançar o baixo custo no uso do gás:
— Vamos estabelecer redes de abastecimento em escala comercial para obter 300 mil toneladas de hidrogênio por ano e assegurar o custo de 30 yens/Nm3. Posteriormente, o país vai baixar este custo para 20 yens/Nm3, permitindo que o hidrogênio seja competitivo em relação às fontes tradicionais de energia, quando os ajustes de custos ambientais forem incorporados.
Outro ponto importante da estratégia japonesa é a utilização de recursos regionais como energia renovável. Resíduos de plástico e lodo de esgoto vão contribuir não somente para expandir o hidrogênio de baixo carbono como também aumentar os índices de autossuficiência da energia regional.
Já é possível, por exemplo, usar a energia do hidrogênio para a produção de caviar. Na cidade de Shikaoi, no Norte do país, o hidrogênio é modificado a partir do biogás do esterco animal, um dos recursos rurais não utilizados. Eletricidade e calor de H2/FC são utilizados para o cultivo do esturjão.
— Assim, tentam utilizar o hidrogênio para obter a produção local de energia para consumo local — disse Mizutani.