Estudo aponta redução de 80% no índice de emissão de poluentes
Planeta COPPE / Baixo Carbono / Notícias
Data: 25/08/2006
Os veículos são os principais vilões da emissão de gases poluentes nas grandes cidades. Mas no Brasil, algumas iniciativas vêm ajudando a combater este problema. Estudo da COPPE prevê que até 2010 haverá redução de 80% no índice de poluentes lançados na atmosfera por automóveis, ônibus, caminhões e motos fabricados no Brasil.
A redução deve-se a iniciativas como o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), lançado em 1986. No caso do monóxido de carbono, por exemplo, já se verifica uma redução de 99% nos carros novos movidos à gasolina. Pesquisadores da COPPE constataram que essa redução, em grande parte, deve-se ao Proconve. Para se ter uma idéia, em 1980 os carros à gasolina emitiam 54 g/km de monóxido de carbono (CO). Hoje, esse volume é de apenas 0,3 g/km.
O Proconve foi instituído pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. O principal objetivo do programa é controlar a poluição causada por veículos automotores, por meio de regras impostas à indústria automobilística. Para avaliar os resultados obtidos a partir de sua implantação o Ministério firmou uma parceria com o Laboratório Interdisciplinar do Meio Ambiente (LIMA) da COPPE, coordenado pelo professor Emilio La Rovere.
De acordo com a equipe da COPPE, os ganhos serão ainda maiores com o passar do tempo. Os pesquisadores da COPPE prevêem que o cumprimento das metas estabelecidas pelo Programa, em relação aos veículos leves, proporcionará nos próximos quatro anos uma redução de pelo menos 2/3 das emissões de CO e pouco mais da metade das emissões de hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx). “Mas para que a nossa previsão se concretize é necessário que os fabricantes de automotores continuem cumprindo os prazos de adequação dos veículos, de forma que possibilite as sucessivas reduções de emissão de poluentes”, explica a pesquisadora da COPPE, Paulina Porto.
Rio de Janeiro é o único estado do país a inspecionar veículos em circulação
Até hoje só o Estado do Rio de Janeiro possui um programa de inspeção e manutenção para veículos automotores em uso, que é uma das metas do Proconve para os estados brasileiros. O programa do Rio foi viabilizado por meio de um convênio de cooperação técnica firmado em 1998 entre a Feema e o Detran-RJ. Segundo Paulina, 75% dos veículos vistoriados são aprovados, sendo que 87% deles vêm sendo fabricados a partir de 1997. Os veículos, cujo modelo precede o ano de 1991, têm um índice de reprovação que a chega a 60% nos testes de emissão de gases. Ou seja, quanto mais antigo o carro, maior é o índice de reprovação. “Entretanto, os limites de emissão aplicados aos veículos mais antigos são muito menos restritivos do que os dos veículos novos, evidenciando que a reprovação é resultado da falta de manutenção. Um dos problemas enfrentados pelo Programa é a inadimplência. Muitas vezes o valor a ser pago para regularizar o carro é superior ao do próprio veículo”, explica Paulina. De acordo com o Detran, 58% da frota do Rio circulam de forma irregular.
A equipe do Laboratório da COPPE responsável pela avaliação do programa alerta que o elevado número de veículos sem vistorias pode representar um problema para o Estado do Rio de Janeiro, uma vez que, segundo o Detran-RJ, 52% da frota de veículos têm idade superior a dez anos. De acordo com Paulina, um veículo com idade superior a dez anos chega a emitir a mesma quantidade de monóxido de carbono lançada por 100 carros novos. Para se ter uma idéia da influência do ano de fabricação, dos 25% dos carros reprovados na vistoria, 80% tinha idade superior a dez anos.
Segundo os pesquisadores, para melhorar a qualidade do ar no Rio de Janeiro é necessário que haja renovação da frota dos veículos, manutenção regular da frota existente, redução de congestionamento e alternativas de transporte. Além disso, é fundamental conscientizar a população de que os carros são responsáveis por 77% da emissão de poluentes atmosféricos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Por isso, a equipe da COPPE defende o desenvolvimento de alternativas de transportes públicos como forma de combater a emissão de poluentes. “Quanto menor à quantidade de carros na rua, menos gases poluentes serão emitidos, o que contribuirá para a redução até mesmo do efeito estufa”, conclui Paulina Porto.