Estudo da Coppe propõe soluções para o impacto do tráfego de visitantes na Urca
Planeta COPPE / Engenharia de Transportes / Notícias
Data: 26/05/2025

Mais de 60% dos visitantes que chegam ao bondinho do Pão de Açúcar utilizam automóveis — próprios, por aplicativo ou táxis — e muitos enfrentam dificuldades para estacionar nas imediações. Essa é uma das principais conclusões de um estudo realizado por pesquisadores do Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ, que analisou o impacto da visitação ao Parque Bondinho Pão de Açúcar sobre a mobilidade urbana do bairro da Urca, na zona sul do Rio de Janeiro.
Com abrangência expressiva, o levantamento entrevistou 2.800 visitantes, sendo conduzido pela equipe do Laboratório de Otimização e Sistemas de Informações Geográficas (OPTGIS), sob coordenação do professor Glaydston Ribeiro. O objetivo foi entender os padrões de deslocamento até uma das atrações turísticas mais visitadas do Brasil e propor alternativas para mitigar os impactos gerados.
Entre os entrevistados, 12,6% declararam usar o próprio automóvel para chegar ao bondinho. Desse grupo — aproximadamente 350 pessoas — 41% relataram gastar mais de 15 minutos procurando uma vaga, enquanto 19% demoram entre 10 e 15 minutos. Apenas 42,8% conseguem estacionar na própria Urca, sendo o restante forçado a parar na Praia Vermelha ou em locais mais distantes, como shoppings.
A situação é agravada pela baixa adesão ao transporte coletivo convencional: apenas 3,1% chegam de ônibus comuns. Já os serviços por aplicativo representam 39% dos acessos e os táxis, 11%, somando com os carros particulares mais de 62% de automóveis circulando na região.
Com base nesses dados, o estudo defende uma reavaliação urgente da oferta de transporte público, especialmente nos fins de semana, quando o número de linhas de ônibus para o bairro cai de quatro para três e os intervalos aumentam em 33%, o que desestimula o uso do serviço pela longa espera.
Apesar da alta circulação de veículos, os pesquisadores do OPTGIS afirmam que o bondinho em si não é o maior causador de impacto no trânsito. Segundo eles, a dificuldade para estacionar se deve principalmente à alta ocupação das vagas públicas por moradores da Urca que não possuem garagem e por visitantes de outras atrações do entorno. Os pesquisadores observaram também que vans de turismo, utilizadas por 20,7% dos entrevistados, permanecem estacionadas na região, contribuindo para a saturação das vagas.
Com base nas análises, o estudo propõe um conjunto de medidas práticas para reduzir os impactos e promover uma mobilidade mais eficiente e sustentável na Urca:
- Incentivar o uso do transporte coletivo, com melhoria nas linhas e frequências de ônibus, especialmente nos fins de semana;
- Estabelecer parcerias com empreendimentos vizinhos para ampliar a oferta de vagas de estacionamento fora do bairro;
- Criar áreas específicas para embarque e desembarque de passageiros, com acessibilidade garantida;
- Implementar um sistema de estacionamento rotativo inteligente, com sensores de ocupação e aplicativos móveis que informem, em tempo real, as vagas disponíveis, otimizando o tempo de busca e reduzindo a circulação desnecessária.
Segundo os pesquisadores, essas medidas são ainda mais urgentes diante da projeção de crescimento do tráfego local entre 1,7% e 5,3% nos próximos cinco anos, o que poderá agravar ainda mais os problemas atuais se nenhuma intervenção for feita.
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