Estudo da Coppe recomenda a reconstrução do Elevado do Joá

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Data: 04/12/2012

Um estudo sobre a segurança estrutural do Viaduto das Bandeiras (Elevado do Joá) realizado pela Coppe/UFRJ, ao longo de 2012, aponta a necessidade de reconstrução imediata do elevado, principal via de ligação entre a região da Barra da Tijuca e a zona sul do Rio de Janeiro. Os principais pontos do estudo, que foi encomendado à Coppe pela Secretaria Municipal de Obras e Conservação (SMO), serão apresentados nesta terça-feira, 4 de dezembro, na palestra “Integridade e segurança estrutural do Viaduto do Joá”, a ser proferida pelo coordenador do projeto, o professor Eduardo de Miranda Batista, do Programa de Engenharia Civil da Coppe. Promovido pela Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE), pelo Clube de Engenharia e pela Coppe, o evento ocorrerá, a partir das 17h30, no auditório do Clube de Engenharia, na Avenida Rio Branco, 124, 22º andar, no Centro do Rio.

A principal recomendação do estudo é a substituição de todos os tabuleiros do viaduto, que conta com 33 tabuleiros superiores e outros 33 inferiores. O elevado é formado por uma mesoestrutura, composta dos pórticos de apoio (pilares e arcos); por uma superestrutura, composta dos tabuleiros inferior e superior (formados pelas vigas, lajes e transversinas); e conta ainda com os chamados dentes Gerber, nome dado aos dentes de apoio das vigas sobre os pórticos da mesoestrutura.

Os dentes Gerber são os quatro elementos, à esquerda da figura superior, que apoiam os tabuleiros (acima) nos pórticos (esquerda)

Segundo o relatório da Coppe, o processo de corrosão do elevado – uma espécie de “doença crônica” da via – é generalizado e atinge grande parte dos elementos que formam o viaduto, sendo essa a razão de sucessivas intervenções e obras de reparo e reforço do elevando ao longo das últimas décadas. Os resultados do estudo foram enviados pela Coppe, por meio da Fundação Coppetec, em dois laudos à SMO. O primeiro, em agosto passado, e o segundo, no último dia 26 de novembro.

O estudo minucioso das condições do Elevado do Joá, encomendado pela Prefeitura do Rio em 2009, começou a ser elaborado em 2010 por uma equipe de professores e pesquisadores da Coppe, sob a coordenação do professor Eduardo Batista. A Coppe entregou o relatório à Secretaria de Obras da Prefeitura em agosto de 2012 e, em novembro, enviou um aditivo ressaltando especificamente os problemas constatados nos dentes Gerber, sobre os quais se apoiam as pistas e vigas de sustentação do viaduto.

Estado do viaduto pode ser ainda mais grave do que foi possível avaliar

Para chegar à conclusão de que o melhor a ser feito é reconstruir o elevado, os pesquisadores da Coppe levaram em conta o sério estado de deterioração dos dentes Gerber, que apoiam as vigas na mesoestrutura. O estudo constatou que 10% das regiões inspecionadas dos cerca de 500 dentes Gerber que suportam os tabuleiros superior e inferior do viaduto apresentam grave estado de degradação estrutural.

No entanto, a situação pode ser ainda mais grave, pois esse percentual de 10% é relativo apenas a 840 das cerca de 2 mil faces desses dentes distribuídos ao longo do viaduto que puderam ser inspecionadas. O estado das outras 1176 faces (frontais e inferiores) não inspecionadas pela impossibilidade de acesso, pode ser igual ou pior ao das faces avaliadas (laterais). Devido à posição que ocupam, as faces frontais e inferiores dos dentes Gerber são as mais afetadas pela água da chuva e pelo material que cai sobre as pistas e é carregado pela água em direção às juntas de dilatação do elevado.

As faces frontais e inferiores dos dentes de apoio permanecem sem possibilidade de visualização, em virtude da geometria da estrutura que impede o acesso a essas regiões, tanto para inspeção como para eventuais obras de reparo e reforço estrutural. Segundo Eduardo Batista, essas regiões dos dentes Gerber, sem condições de acesso, não poderão ser investigadas e permanecerão com diagnóstico de degradação estrutural indeterminado.

“O avanço da corrosão compromete a segurança do viaduto e exige serviços de reparo a serem executados com a maior urgência. Para se ter uma ideia, basta que apenas um desses dentes se rompa para que ocorra um sério acidente no elevado”, afirma o professor da Coppe.

O estudo aponta que as causas da degradação são duas e se somam: a corrosão, que se propaga de forma generalizada pelo viaduto, e a deterioração dos aparelhos de apoio em neoprene fretado, que permite o contato direto entre a base das vigas e o berço de apoio dos pilares. Essas duas ocorrências se somam e aceleram o processo de degradação dos dentes de apoio.

Substituição da superestrutura garantirá ao viaduto vida útil mínima de mais 50 anos

De acordo com Eduardo Batista, após análise das condições de segurança em meio ao processo de degradação por corrosão que progride no viaduto e, em especial, diante das incertezas sobre as reais condições de segurança dos dentes Gerber, a solução definitiva deve considerar a demolição dos tabuleiros superiores e inferiores e sua substituição por novas estruturas. Esclarece ainda que o processo de demolição deve serprojetado como uma desmontagem e remoção desses tabuleiros.

A ilustração mostra os tabuleiros superior e inferior fixados nos pórticos

“A substituição da superestrutura do viaduto deverá garantir uma vida útil mínima de 50 anos ao Elevado do Joá. A troca dos tabuleiros eliminaria a sequência de intervenções custosas que vêm sendo realizadas, exigindo apenas manutenções regulares, usuais em todos os tipos de estruturas desse porte. Nosso entendimento é que as estruturas dos tabuleiros superior e inferior do viaduto estão em condição de risco estrutural potencial”, adverte o professor da Coppe. Isso, no entanto, assegura o professor, “não significa a necessidade de interdição imediata do viaduto, sendo ainda possível tomar as medidas de intervenção que resolvam de forma definitiva os problemas identificados”.

Eduardo Batista adverte que a recuperação parcial dos dentes pode adiar a ocorrência de acidente, mas a durabilidade e a eficiência dessas intervenções não podem ser garantidas de forma segura. “Não há meios de garantir o tempo necessário para que as falhas estruturais observadas e, em especial, as não observáveis se transformem em risco iminente de colapso e acidente de graves consequências. Por isso, recomendamos a reconstrução do Elevado do Joá no relatório que entregamos à Secretaria de Obras da prefeitura do Rio de Janeiro”, atesta o professor.