Estudo da Coppe reúne autoridades para debate sobre transporte integrado e sustentável no RJ

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Data: 16/05/2024

O Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ reuniu nesta quarta-feira, 15 de maio, autoridades de secretarias municipais e estaduais de transporte para discutir desafios e apresentar propostas para um sistema integrado e sustentável de transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O workshop realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro foi a terceira etapa do projeto “Desafios para a promoção de um transporte público sustentável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ)”, coordenado pelo professor Glaydston Ribeiro, do PET/Coppe.

O professor Glaydston Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes, coordenou o estudo e foi o mediador do debate

O debate obteve uma boa margem de consenso em torno de propostas como:

  1. a criação de uma autoridade metropolitana de transportes;
  2. a integração física e tarifária dos modais;
  3. a necessidade de subsídio para que os preços praticados não impactem demasiadamente os usuários de baixa renda e não levem os usuários de maior renda ao transporte de baixa capacidade (automóvel particular ou por aplicativo);
  4.  tecnologia de comunicação com o usuário (para que saiba o horário dos ônibus e a taxa de lotação dos mesmos);
  5. segurança;
  6. estrutura dos abrigos;
  7. experiência do usuário.

O estudo foi conduzido por pesquisadores Laboratório de Otimização e Sistemas de Informações Geográficas (Optgis) e teve início com o levantamento sobre o impacto da pandemia Covid-19 no padrão de deslocamento na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A equipe produziu uma análise estatística com grau de confiança de 95% e margem de erro de 2%, realizando 4300 entrevistas com moradores da região metropolitana, no período de agosto a outubro de 2023.

Cíntia Oliveira, pesquisadora do Optgis, apresentou o estudo

O trabalho do Optgis foi apresentado pela pesquisadora Cíntia Oliveira, que também é professora do Instituto Militar de Engenharia (IME) e do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ). Segundo Cíntia, a pesquisa de campo mostrou uma redução no número de passageiros em ônibus e metrô e revelou as causas dessa mudança, que variam de acordo com os municípios.

“Houve um aumento no uso do automóvel por aplicativo, sobretudo Rio de Janeiro e Duque de Caxias, reduzindo o uso do metrô ou a integração com o metrô, no caso de Caxias; e São Gonçalo, onde a redução foi no uso de ônibus”.

Segundo Cíntia, o desemprego foi o principal fator que levou as pessoas a mudarem seu padrão de viagem, sobretudo na Baixada Fluminense, em São João do Meriti, Belford Roxo, Nilópolis e Mesquita. No Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo, a adoção de regime de trabalho remoto ou híbrido teve grande impacto na redução do número de passageiros no transporte público. “O uso do ônibus está relacionado ao custo. As pessoas usam esse modal pelo menor custo ou ausência de alternativas. Quando a renda cresce, a opção provavelmente será o automóvel, o que agrava o problema do congestionamento nas cidades”, explicou a pesquisadora da Coppe.

O workshop contou também com apresentações da diretora de Mobilidade Urbana da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do estado do Rio de Janeiro, antiga Fetranspor), Richele Cabral e do secretário de estado de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno.

O evento foi encerrado com um debate sobre avanços no transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, do qual participaram Fábio Damasceno, secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo; Simone Costa, da secretaria municipal de Transportes do Rio de Janeiro; Renato Barandier, secretário de Urbanismo e Mobilidade de Niterói; e José Roberto de Lima, diretor do Detro-RJ. O debate foi mediado pelo professor Glaydston Ribeiro.

Principais contribuições do estudo

  1. Os esforços pós-pandemia devem ser direcionados para restaurar a confiança dos usuários
  2. Uma maior participação do transporte público exige tempos de viagem reduzidos, linhas diretas, maior frequência, menor custo, conforto e segurança pública
  3. Redução da tarifa por meio de subsídio pode impulsionar o uso do transporte público
  4. Investimento em infraestrutura no primeiro e último trecho da viagem e nos pontos de ônibus
  5. Utilização de medidas de gerenciamento de demanda como pedágio urbano e restrição de estacionamento
  6. Construção de infraestrutura dedicada ao transporte público, como faixas exclusivas ou seletivas visando aumentar a velocidade e garantir o headway  (intervalo de tempo decorrido entre a passagem de dois veículos sucessivos) 
  7. Utilização de tecnologia para melhorar a comunicação com usuário pré e durante a realização da viagem
  8. Promover o uso de veículos não poluentes é uma medida complementar que contribui para tornar o sistema de transporte urbano mais sustentável e eficiente
  9. Planejamento de linhas que promovam a integração (física e tarifária) e evitem a sobreposição dos sistemas de transportes
  10.  Autoridade metropolitana que coordene as ações municipais em benefício de toda a RMRJ
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