Ex-presidente do Cederj, Bielschowsky avalia desafios do ensino remoto

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Data: 03/08/2020

O professor Carlos Eduardo Bielschowsky, do Instituto de Química (IQ), da UFRJ, abordou os desafios do ensino emergencial remoto em palestra virtual promovida, dia 16 de julho, pelo Grupo de Trabalho sobre Ensino à Distância (GT-EAD) da Coppe/UFRJ. Ex-presidente do consórcio Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj), Bielschowsky destacou a importância do aprendizado ativo, autônomo, no ensino remoto, para que os alunos não se cansem com longas aulas por vídeo, mas busquem construir seus caminhos de conhecimento. A palestra está disponível, na íntegra, no canal da Coppe no YouTube.

Segundo Bielschowsky, o distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19 fez com que os professores habituados às aulas presenciais tivessem de aprender “on flight” a dar aulas remotamente. “É como se tivéssemos que aprender a consertar o avião em pleno voo e não tem jeito. Nós estamos passando por uma mudança de perfil didático, ‘na porrada’, desculpem a expressão, mas pode ser uma mudança interessante”, avaliou o professor.

Bielschowsky recomendou que os professores tracem caminhos para uma aprendizagem ativa. “Paulo Freire na veia. Fazer que os alunos caminhem, busquem conhecimento. É o conceito de autonomous learning, aprendizado autônomo. O aluno no EAD tem que ter autonomia para buscar recursos e interagir”.

O ex-presidente do Cederj ponderou que mais importante do que as plataformas escolhidas para o ensino remoto é ter curiosidade, experimentá-las, usar as ferramentas que elas disponibilizam, assistir tutoriais e, enfim, saber usá-las. “Isso é fácil pra gente de Ciências Exatas. Google Classroom ou Moodle. Google Meet ou Zoom. Usar vídeos do YouTube. O WhatsApp pode ser interessante para compartilhar material didático. Já vi gente usando listas de WhatsApp e dinamizando, fazendo processo participativo. Os alunos já estão habituados e não há problema com a franquia de dados”, avaliou o professor.

Não há resposta simples para cativar os alunos em aulas remotas

Bielschowsky mostrou preocupação com o acesso dos alunos à banda larga, um fator de grande importância para o ensino remoto. “Muitos alunos de graduação têm (banda larga) por celular e com planos limitados. Assim, muitos professores não terão como fazer videoconferência e colocarão suas aulas no YouTube. O que é bom, pois muitos planos de telefonia não gastam a franquia no acesso às redes sociais e ao YouTube”.

“Não vejo obrigação de tempo de aulas por vídeo. Ah, tenho que dar duas horas, quatro horas. A correlação é dar o conteúdo e não ficar preso em x horas de vídeos. Creio que os vídeos possam ter de cinco minutos (introdução ao tema) até vinte minutos. Mais que trinta minutos é para profissionais. É chato pra caramba assistir 20 horas por semana de vídeo-aula. Desculpe falar com essa franqueza, mas não é legal, não recomendamos”, avaliou o especialista.

Professor Bielschowsky usou como exemplo o curso de Química Quântica que está preparando para seus alunos no Instituto de Química da UFRJ. “Uma parte é jogar os alunos no século XIX, mostrar as contradições da época. Vou buscar um filminho da época e achar materiais sobre séries de Balmer, radiações de corpo negro. Depois terei que entrar em equações e átomos de hidrogênio. Já fica mais difícil prender a sua atenção nessa matemática. É importante tentar seduzir os alunos na parte sem tanta matemática e depois fazer a promessa de que lá na frente terá uma parte legal. Na parte dura, em alguns momentos funciona passar exercícios para os alunos fazerem. Mas, não há resposta simples para cativar os alunos nessa etapa de aprendizado que envolve equações”, afirmou.

Em sua palestra, o professor do Instituto de Química fez uma digressão pela história do ensino a distância, desde 1728, em Boston (EUA), quando o professor Caleb Philips começou a oferecer material de ensino por correspondência, até os dias atuais.

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