Gerente da Petrobras abre Ciclo de Palestras Coppe 50 Anos
Planeta COPPE / Institucional Coppe
Data: 25/04/2013
Um grande panorama da exploração de petróleo offshore no Brasil, desde o seu início, na década de 1970, até as perspectivas para o futuro, com a meta da Petrobras de dobrar sua produção de petróleo nos próximos sete anos. Essa foi a síntese da palestra “Sistemas submarinos de produção de óleo e gás: uma história de sucesso da engenharia no Brasil”, proferida, no dia 19 de abril, pelo gerente geral de Pesquisa e Desenvolvimento em Engenharia de Produção do Cenpes/Petrobras, Orlando José Soares Ribeiro. O evento marcou o início do Ciclo de Palestras Coppe 50 Anos e do Ciclo de Palestras 2013 da Sociedade de Tecnologia Submarina (SUT, na sigla em inglês) e contou com apoio da FMC Technologies.
A palestra, realizada no auditório da Coppe/UFRJ, no Centro de Tecnologia 2 (CT2) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Cidade Universitária, foi aberta pelo diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, e pelo diretor de Tecnologia e Inovação, Segen Estefen, que apresentou o palestrante e o tema da palestra.
O evento reuniu cerca de 200 pessoas, entre elas profissionais de empresas do setor de petróleo e tecnologia, como Petrobras, FMC Technologies, Shell, BG Group, General Electric, Halliburton, Schlumberger, Imbel, Tenaris e EMC. Toda a Diretoria da Coppe esteve presente à apresentação, que levou ao auditório vários professores e um grande número de alunos. Inicialmente, a palestra seria proferida pelo diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, que não pôde comparecer e foi substituído por Orlando Ribeiro.
Engenheiro mecânico de formação e um dos maiores especialistas brasileiros em engenharia submarina, Orlando Ribeiro iniciou a palestra com uma retrospectiva dos principais marcos da engenharia submarina no Brasil. Foram citados a implantação dos primeiros Sistemas de Produção Antecipada (SPA) no Campo de Enchova, em 1977, e o início da caminhada da Petrobras rumo à exploração em águas profundas, com a operação do Campo de Marlim, a 1.027 metros de profundidade, em 1992.
Meta da Petrobras é dobrar produção até 2020
Ao falar sobre o momento atual, o gerente do Cenpes destacou a exploração no pré-sal, com a descoberta do primeiro poço, batizado de Parati, na Bacia de Santos, em 2005, e o início da produção de óleo, no Campo de Lula, na mesma região, em maio de 2009. Atualmente, a Petrobras produz 2 milhões de barris/dia, sendo 300 mil barris/dia na área do pré-sal.
Sobre as perspectivas para o futuro, Orlando Ribeiro citou o Plano de Negócios da Petrobras (2013-2017), segundo o qual a empresa projeta dobrar sua produção de petróleo nos próximos sete anos. A meta é chegar em 2020 produzindo 4,2 milhões de barris/dia. “Nenhuma companhia do mundo tem uma carteira de projetos igual à nossa, nenhuma tem um desafio desse tamanho”,disse ele.
Para alcançar esse objetivo, o gerente de P&D em Engenharia de Produção da Petrobras enumerou alguns dos desafios tecnológicos que a empresa terá pela frente, como a operação de campos maduros, com produção em declínio. Citou também os desafios para ampliar a produção na camada do pré-sal, onde as condições são mais complicadas, em virtude da profundidade da lâmina d’água, que chega a 2.200 metros; da profundidade dos reservatórios, que estão entre 5 mil e 7 mil metros; da presença de contaminantes, como dióxido de carbono (CO2) e ácido sulfúrico (H2SO4); e da logística, já que os campos estão localizados a 300 quilômetros da costa.
“Talvez, o maior desafio para dobrar a produção seja a escala, o tamanho dos investimentos e das operações que terão de ser feitas.Temos a tecnologia, e todo o desenvolvimento que estamos fazendo é para otimizar nossos processos e operações. Mas a escala, por si só, é um grande desafio”, explicou Orlando Ribeiro.
O investimento em pesquisa é fundamental para concretizar os planos da empresa. Segundo o engenheiro, a carteira de projetos da Petrobras na área submarina, em 2012, foi de R$ 82,5 milhões. Na Coppe/UFRJ foram investidos R$ 58,3 milhões em projetos e infraestrutura, entre 2006 e 2012. Orlando Ribeiro destacou, em sua apresentação, alguns dos laboratórios da Coppe utilizados pela Petrobras e nos quais a empresa fez investimentos, comoo Núcleo de Estruturas Oceânicas (NEO), o Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano) e o Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC).
“Usamos muito o LabOceano para fazer ensaios de instalações de sistemas submarinos”, afirmouRibeiro, que citou, ainda, alguns dos projetos realizados em parceria com a Coppe no laboratório, como os estudos de instalação de boia de sustentação de risers (BSR) e os estudos de instalação de manifold pelo método pendular.
Redução do custo dos poços está entre os desafios
Ao abordar as tendências da área submarina, Orlando Ribeiro falou sobre a criação, em 2010, do programa Procap Visão Futuro, que é o sucessor dos programas de pesquisa Procap, com o qual a Petrobrastenta desenvolver uma carteira de projetos com o objetivo de mudar a maneira de produzir petróleo.
“Mapeamos desafios na redução de custos da construção de poços marítimos, antecipação da produção,aumento da recuperação e redução de custo operacional. Todos esses projetos serão desenvolvidos da mesma forma como trabalhamos desde o primeiro Procap, com inovação aberta, que envolve os fornecedores, outras operadoras e universidades do Brasil e do exterior. E com papel de destaque, não só pela proximidade, mas também pela competência, os trabalhos da Coppe”, explicou.
Orlando Ribeiro falou também sobre a importância do papel das universidades. “O Centro de Pesquisas da Petrobras trabalha com todas as universidades, em particular com as que temos um relacionamento mais intenso e mais longo, como a Coppe e outras universidades-chave do Brasil. Elas têm nos ajudado em simulações de operações, testes, comprovação de processos e de novos materiais para viabilizar esse processo”, explicou.
O Ciclo de Palestras Coppe 50 Anos prossegue no dia 7 de maio com a apresentação do vice-presidente sênior e diretor global de pesquisas da General Electric, Mark M. Little. Já o Ciclo de Palestras 2013 da Sociedade de Tecnologia Submarina terá novos eventos a cada dois meses, que serão anunciados oportunamente.