Governo lança Balanço e Matriz Energética do Estado do Rio

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Data: 18/05/2018

A Subsecretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico apresentou, dia 16 de maio, o Balanço Energético do Estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 2015 e 2016, e a Matriz Energética do estado para o período de 2017 a 2031. Os estudos foram coordenador pelo professor Amaro Pereira, do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ.

O Balanço Energético contém séries históricas da contabilização dos fluxos dos diferentes produtos energéticos produzidos, processados e consumidos no Estado, e permite a disseminação de conhecimento do setor para entidades públicas e privadas. Os dados apresentados são utilizados para a construção da Matriz Energética do Estado, que gera informações valiosaspara seu planejamento energético e, principalmente, perspectivas para orientar os potenciais investimentos na economia fluminense.

Segundo o subsecretário de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio, Paulo Renato Marques, o estudo será fundamental para guiar e apoiar o Rio em sua retomada de crescimento, já que o setor energético é essencial para o estado. “O Rio tem apresentado quedas e subidas em sua economia, mas a pior crise da história é a que está acabando. Vivemos nosso pior momento entre 2015 e 2017. Agora estamos iniciando um novo ciclo, tendo a energia, o petróleo como driver. A nossa ideia, a partir desses estudos, é fomentar cada vez mais o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro”, afirmou o subsecretário.

Apresentado pelo professor Amaro, da Coppe, obalanço mostra uma redução na demanda por energia, como reflexo da recessão econômica vivida pelo país. Mesmo assim, o Rio de Janeiro manteve sua importância como produtor de petróleo e gás natural. Comparado com 2014, a produção de energia primária apresentou crescimento de 14,4% em 2016, correspondendo a mais de 1/3 de toda a energia consumida no Brasil. Setores como indústria e transportes, que são diretamente dependentes da atividade econômica, tiveram seus consumos totais de energia reduzidos em 8,5 e 12,3% em relação a 2014, respectivamente.

“O preço da energia no Rio é crítico e maior que a média nacional. Por isso, a crise no estado impactou o setor energético, em função da redução do consumo. Por outro lado, o gás tem se destacado positivamente, tanto que já foi constado um aumento de veículos que fizeram conversões para o GNV, apesar de seu preço no Rio ser mais alto do que em São Paulo e Minas Gerais. O gás poderá orientar e proporcionar bons investimentos,” estima o professor da Coppe.

O retrato do setor de energia fluminense em 2015 e 2016 orientou a construção de dois cenários prospectivos da Matriz Energética: um de referência, que exibe a evolução da trajetória, caso seja mantido o curso atual de políticas públicas; outro alternativo, em que são testadas medidas de eficiência energética e de melhoria da mobilidade urbana.

As medidas propostas no cenário alternativo mostram como o uso racional de energia pode aumentar a competitividade da indústria e do setor de serviços do estado, aproveitando a expertise em Eficiência Energética que têm as empresas locais do ramo de otimização energética e a academia do estado. Também são propostas medidas de inserção de fontes renováveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A adoção das soluções, propostas no cenário alternativo, teria diversas consequências positivas para o estado, dentre as quais: a recuperação do crescimento econômico fluminense puxado pelo setor de petróleo; os ganhos de competividade da indústria como desdobramento de ações de eficiência energética propostas; as medidas de melhoria da mobilidade urbana; e a expansão da geração solar distribuída.

Para o Superintendente de Energia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio, Sérgio Guaranys, o estado conseguiu obter certa eficiência energética, mesmo com a queda de produção. “Durante a crise as indústrias consumiram menos energia para produzir uma mesma quantidade de produtos”, afirmou.

Cenários e propostas

O cenário alternativo para 2031 inclui propostas e prognósticos que qualificariam a Matriz Energética, aumentando sua eficiência e conferindo-lhe um caráter mais sustentável. O trabalho sugere medidas como, por exemplo, estimular à geração fotovoltaica no setor de serviços, e a instalação de painéis fotovoltaicos em número crescente das novas unidades do Programa Minha Casa Minha Vida, no Rio do Janeiro. A projeção é de que até 2031 seriam 8,6 mil unidades comerciais associadas à produção de energia fotovoltaica, gerando 86,2 MWp, e 331 mil unidades residenciais, gerando 993,9 MWp.

Também sugere o uso massivo de lâmpadas LED, tanto em consumo residencial, setor de serviços, industrial e agropecuário. No segmento residencial, a economia chegaria a 34,9% em 2031. No setor agrícola, propõe a renovação dos canaviais, aumentando a produtividade por hectare e aumentando a produção de biomassa e geração de bioenergia no estado.

Em 2016, o setor de transporte representou 31,6% de todo o consumoenergético fluminense. Números semelhantes ao percentual em nível nacional (34,3%).   O cenário indica para o ano de 2031, que pelo menos 20%de todos os veículos de transporte rodoviário (passageiro e carga) seráelétrico (média mundial) e que os veículos leves serão os que mais vãocontribuir para o alcance dessa meta.

O cenário destaca o potencial do estado para produção e comercialização de cilindros de gás natural veicular (GNV), além de kits de conversão, especialmente em decorrência da proximidade com as Bacias de Campos e Santos, e da força do Rio de Janeiro neste segmento, uma vez que 41% das empresas de todo o país registradas  no Inmetro estão localizadas no território fluminense. Para veículos leves, incentiva-se a redução do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Espera-se o aumento da participação de veículos convertidos para GNV, tanto de veículos particulares, como no transporte privado de passageiros (por exemplo, Uber, Cabify e 99). O estudo considera ainda o potencial de incremento da frota com sistema bicombustível, diesel e gás.

O Rio de Janeiro já conta com dois instrumentos para disseminar informações acerca da geração de energia solar: o aplicativo Mapa Solar Rio, que identifica o potencial de geração fotovoltaica nos telhados do município do Rio (disponível no site http://mapasolar.rio) e o Atlas Solarimétrico do estado do Rio de Janeiro (disponível no site www.atlasriosolar.com.br), que facilita os cálculos econômicos de investidores potenciais em geração solar no Estado.

O Balanço Energético do Estado do Rio de Janeiro, relativo aos anos 2015 e 2016, e a Matriz Energética do Estado do Rio de Janeiro 2017-2031 estão disponíveis no site do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ:

www.ppe.ufrj.br/ppe/publicacoes/artigos.php

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