HiperUrbano: reflexão sobre a cidade pós-digital
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 09/10/2019
O Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social da Coppe/UFRJ e a Université Paris 8 Vincennes-Saint Denis promovem nos próximos dias 30 e 31 de outubro, no Rio de Janeiro, a sétima edição do HiperUrbano. Pela primeira vez realizado fora da Europa, o evento reunirá profissionais de diversas formações para debater a cidade digital, data city, smart city, as mudanças postas pelas tecnologias de comunicação, e modos de presença na cidade pós-digital. O HiperUrbano.7 será realizado no auditório do Oi Futuro, na Rua Dois de Dezembro, 107, no Flamengo.
O evento contará com a participação do idealizador do HiperUrbano, Khaldoun Zreik, dos professores de Ciências da Informação e da Comunicação da Université Savoie – Mont Blanc, Jacques Ibanez e Marc Veyrat, entre outros. Coordenado pelo pesquisador de pós-doutorado Gabriel Bursztyn, do Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS) da Coppe, o HiperUrbano.7 é aberto ao público e voltado para artistas, pesquisadores, economistas, filósofos, políticos, psicólogos, sociólogos, urbanistas, administradores, arquitetos, e pensadores de modo geral.
Na sessão de abertura do evento, dia 30, a partir das 9h30, estarão presentes o professor Roberto Bartholo, do Programa de Engenharia de Produção da Coppe e coordenador do LTDS, Khaldoun Zreik, professor de Ciências da Informação e da Comunicação e diretor do Departamento de Humanidades Digitais da Université Paris 8, a professora Patrizia Laudati, diretora-adjunta do Laboratório de Design Visual e Urbano da Université Polytechnique Hauts de France, e o pesquisador Gabriel Bursztyn.
No dia 31/10, serão palestrantes o professor Jaccques Ibanez, e Carole Brandon, professora de artes plásticas no Departamento de Comunicação e Hipermídia da Université Savoie – Mont Blanc. No mesmo dia, se apresentam dois pesquisadores do Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS): Renata Siqueira e Felipe Loureiro.
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A presença em diferentes espaços e temporalidades
Segundo Bursztyn, com o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação, a noção de “presença”, tal qual ela era compreendida, se vê completamente reestruturada. É atualmente possível estar presente à distância ou estar simultaneamente presente em diferentes espaços e temporalidades. Os tempos se sobrepõem e a presença se hibridiza, com o redesenho dos espaços de experiência e os horizontes de expectativas. Assim, pode-se estar presente e ser participativo na vida pública sem que se esteja corporalmente presente: a data city extrapola a dimensão territorial da cidade.
A programação do evento inclui debates de subtemas sobre a presença na cidade pós-digital: presença e participação política; presença e institucionalidade; presença e cidadania; presença e criação; presença e arte; presença e alteridade; presença e temporalidades; presença e concepção da cidade; presença e urbanidade digital; presença e uso; presença e cotidianidade; presença e sociabilidade urbana; presença e pertencimento; presença e identidade; presença e gesto; presença e poesia; presença e patrimônio.
Fenomenologia do smartphone
Bursztyn será um dos palestrantes do primeiro dia e abordará a questão da presença na cidade digital e pós-digital. “Na minha tese de doutorado fiz uma fenomenologia do smartphone. Ele altera a nossa presença no mundo. Munidos de smartphones, nós praticamos presenças diferentes. Ao filmar ou fotografar um espetáculo, a pessoa está sacrificando uma parcela da experiência imediata de mundo para alimentar uma segunda vida daquele evento. Será que não podemos usar os superpoderes dos dispositivos para aumentar a presença? Como usá-lo para catalisar experiências estéticas situadas, ou seja, como dispositivo capaz de aumentar a presença?”, filosofa o pesquisador.
Na opinião de Bursztyn, as metrópoles contemporâneas são ao mesmo tempo cidades pré-digitais, digitais e pós-digitais. “Existem processos complementares ou até antagônicos que acontecem ao mesmo tempo. Caminhamos no sentido da alienação e também no sentido da emancipação. Falar de cidade pós-digital é reivindicar uma reaproximação física e material com a cidade, e não sermos reféns dos processos digitais na concepção e no uso da cidade. É necessário colocar estas questões nestes termos para que a gente não se deixe submergir nestes processos que estão acontecendo, muitas vezes sem olhar crítico”.
Desde 2008 já foram realizadas seis edições internacionais da conferência HiperUrbano, A cada evento, um livro coletivo foi publicado pela editora Europia. Coordenado pelo professor Roberto Bartholo, o Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS) é vinculado ao Programa de Engenharia de Produção da Coppe.
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