Inauguração da instalação “Palavrio” reúne artistas e cientistas
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Data: 19/07/2015
Uma viagem sensorial por um rio de palavras. Essa foi a percepção de quem compareceu à inauguração da instalação interativa Palavrio, nessa quinta-feira, 9 de julho, no Espaço Coppe, na Cidade Universitária. Primeira de uma série de intervenções, cujo objetivo é estimular o diálogo entre arte e tecnologia, a exposição é uma homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro.
Com curadoria da professora Heloísa Buarque de Hollanda, do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (Pacc), a instalação concebida a partir de um poema do poeta André Vallias apresenta um mapa fonético da cidade, com 64 palavras verbalizadas por moradores de diversas regiões do Rio e do seu entorno, acompanhada por citações literárias de vários de seus mais prodigiosos escritores, como Lima Barreto, Machado de Assis e João do Rio. Um conjunto de softwares e sensores levam o visitante a uma imersão no som de palavras com terminação “r,i,o” que compõem a obra de Vallias.
Aberta ao público, de segunda a sexta-feira, das 13 às 16 horas, a instalação fica no nicho 4 do Espaço Coppe Miguel de Simoni, no I-2000, entre os blocos Ce D, no Centro de Tecnologia, Cidade Universitária.
Parceria promove conexão entre arte e tecnologia
Palavrio é fruto de uma cooperação entre a Coppe – por meio do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) e do Laboratório de Realidade Virtual (Lab3D), e do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (Pacc), vinculado à Faculdade de Letras da UFRJ.
A proposta é levar o visitante a um passeio pelo Rio de Janeiro por meio das palavras. É possível identificar as palavras de forma mais nítida, à medida que a pessoa se aproxima da tela. Softwares associados a um banco de dados, com base no Google Maps, indicam a posição geográfica e revelam informações sobre a pessoa que verbalizou a palavra. Os fonemas identificados criam representações gráficas do áudio, mergulhando o visitante em um rio de palavras.
O professor Luiz Landau, coordenador do Lamce, destacou que a sinergia entre os participantes do projeto. “Essa interação foi determinante para o sucesso do projeto. Embora com formações diversas, os profissionais mantiveram diálogo constante e compreenderam as necessidades de cada participante. A gente não consegue fazer um trabalho multidisciplinar, de tal complexidade, se não for dessa forma”, afirmou.
Segundo a professora da Coppe, Cláudia Werner, coordenadora do Lab3D, “o desafio é entender o que o artista está propondo e prover a tecnologia necessária à execução do projeto. A exposição mostra que esse diálogo é possível”.
“A ideia é que Palavrio seja parte de um projeto maior, envolvendo outros poetas. O meu trabalho foi uma espécie de abre-alas, para que outras iniciativas combinando arte e tecnologia sejam expostas na Coppe”, explica Vallias.
Segundo a curadora da exposição, professora Heloísa Buarque de Hollanda, a intervenção explicita a multiplicidade cultural da cidade. “Palavrio é o primeiro momento de um projeto, que aportará o trabalho de outros artistas, e que demonstra que a sinergia entre as ciências exatas e as humanidades é possível. O casamento entre arte e engenharia dará uma bela prole”, explica a professora.
Interação lúdica e poética agrada visitantes
A instalação surpreendeu e agradou o público presente à inauguração. À medida que o visitante caminha, a animação e o vozerio desaceleram permitindo a identificação visual e sonora das palavras.
Carina Bock, pesquisadora do Lamce, foi responsável por verbalizar o vocábulo “sombrio” e passou diversas vezes pelo corredor da instalação interativa, em busca da sua contribuição para a obra. “Foi diferente de tudo que já vi. É muito legal essa interação entre som e imagem”, elogiou.
Rafael Rangel, aluno de doutorado do Programa de Engenharia Civil, também se entusiasmou com o que viu. “Gostei muito, sobretudo por estar dentro da estrutura da Coppe”, destacou.
Durante o evento, foi apresentado o livro-aplicativo Poesia, com obras de nove poetas, selecionados pela curadora Heloísa Buarque de Hollanda e desenvolvido pela startup Wesense, que traz uma reflexão sobre a interação da arte e da tecnologia. A obra tem lançamento previsto para o final do mês de julho, e estará disponível, gratuitamente, no iTunes. Além de Vallias, outros poetas participam do livro-aplicativo. São eles: Ferreira Gullar; Laura Erber; Omar Salomão; Michel Melamed; Alice Sant’Anna (com participação da cantora Adriana Calcanhoto); Ricardo Aleixo; Antônio Cícero e Gab Marcondes.