Jacques de Medina e Willy Lacerda são homenageados com simpósio e livros

Planeta COPPE / Engenharia Civil / Notícias

Data: 17/03/2016

Medina, à direita, e Willy deram depoimentos no lançamento dos livros

Uma agradável volta no tempo conduzida por lembranças profissionais e de vida cheias de emoção. Esse foi o clima de abertura do simpósio em homenagem aos professores Jacques de Medina e Willy Lacerda, promovido pela Coppe/UFRJ e iniciado hoje, 17 de março. No primeiro dia da programação, realizada no auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 (CT 2), na Cidade Universitária, foram lançados os livros-homenagens sobre os dois mestres da Geotecnia do Brasil e promovidas sessões técnicas.

A iniciativa da área de Geotecnia da Coppe de reverenciar os nomes e as trajetórias dos professores Medina e Lacerda foi prestigiada por cerca de 200 pessoas, entre professores, técnicos, ex-alunos, dirigentes e representantes de diferentes órgãos e instituições da área de Engenharia e Geotecnia.

Os convidados para a sessão de abertura do simpósio destacavam, em seus pronunciamentos, não apenas a importância das contribuições técnicas de Jacques de Medina e Willy Lacerda para a Engenharia Geotécnica, mas a generosidade e o carinho com os quais os homenageados tratavam alunos, técnicos e demais professores.

De pé, a plateia aplaudiu o pronunciamento dos homenageados

Em seu depoimento, o diretor da Coppe, professor Edson Watanabe, fez uma analogia entre o papel de um pai e o de um professor, lembrando que os dois tiveram uma grande importância na formação de alunos, pesquisadores, engenheiros e novos professores. “Temos que agradecer muito as contribuições dos professores Medina e Willy. Antes deles não existia Geotecnia no Brasil. As coisas aconteciam, simplesmente, sem ciência. A partir deles é que foram montados laboratórios e começaram os estudos de como a Engenharia Geotécnica deveria ser desenvolvida. Então, na verdade, essa área de Geotecnia nasceu com eles”, explicou.

“Jacques de Medina e Willy Lacerda foram dois pioneiros de uma ciência nova. A Geotecnia começou na década de 1930 e ganhou um grande impulso com o trabalho desenvolvido por esses dois mestres”, lembrou o presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino Filho.

Willy Lacerda coordenou a implantação da área de Geotecnia do Programa de Engenharia Civil (PEC) da Coppe, em 1967. No ano seguinte, seguiu com a família para a Califórnia, para fazer mestrado e doutorado na Universidade de Berkeley. Na ocasião, Lacerda foi substituído por Jacques de Medina, que chegara à academia com a experiência acumulada no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), onde iniciou carreira, em 1948, e montou laboratórios de referência. Medina já havia cursado mestrado na Universidade de Purdue, em Indiana (EUA), em 1951. Em 1972, com o retorno de Willy, os dois trabalharam juntos.

Dirigentes de entidades do setor prestigiaram abertura do simpósio

Além do diretor da Coppe e do presidente do Clube de Engenharia, participaram da mesa de abertura do simpósio, o coordenador do PEC/Coppe, professor Otto Rotunno Filho; o professor do PEC/Coppe e membro da Comissão Organizadora do Simpósio, Maurício Erhlich; o diretor do Departamento de Estradas e Rodagens (DER-RJ), Angelo Monteiro Pinto; a diretora da Associação Brasileira de Pavimentação (ABPv), Luciana Nogueira Dantas; o diretor da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ), Francis Bogossian; e os representantes da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS), professor Rogério Feijó; e da Fundação GEORIO, Hélio Brito.

Também prestigiaram a sessão inaugural, entre outros, o diretor de Relações Institucionais da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa; o engenheiro Felipe Gobbi, representante da empresa da área de Geotecnia, Geobrugg; e o engenheiro Antônio Jorge Dellé Vianna, que foi o primeiro técnico a atuar no Laboratório de Geotecnia da Coppe. Vianna veio de Portugal, onde mora, especialmente para participar do evento.

Emoção: Medina lembrou da importância da esposa para sua carreira

O momento de maior emoção do primeiro dia do Simpósio, no entanto, ainda estava por vir. Foi a sessão de lançamento dos livros em homenagem aos professores Medina e Willy, mediada pela professora do PEC, Laura Motta, ex-aluna dos dois. Colegas de Coppe e ex-alunos se revezaram no microfone para contar histórias marcantes e lembrar a influência dos mestres em suas carreiras.

Muitas dessas histórias e dos projetos marcantes realizados na Coppe a partir do fim dos anos 1960 estão contados nos livros “Jacques de Medina – Visionário humanista” e “Willy Lacerda – Doutor no saber e na arte de viver”, editados em comemoração aos dois professores. Reunindo textos e artigos dos homenageados, de professores da Coppe e de profissionais de outras instituições, os livros, ambos com 360 páginas, trazem também uma série de artigos técnicos de autores convidados.

Com uma tiragem de 300 exemplares cada um, os livros não serão vendidos. Foram entregues aos participantes do simpósio e à Geobrugg, empresa que patrocinou a impressão das obras. Segundo a professora Laura Motta, como não foi possível incluir todos os artigos recebidos na versão em papel, será disponibilizada, em breve, uma versão digital com todos os trabalhos no site do Programa de Engenharia Civil da Coppe (http://www.coc.ufrj.br/), onde será possível consultar todo o conteúdo.

Depoimentos cercados de emoção

A sessão de lançamento foi marcada também pelas mensagens dos professores homenageados. Em seu depoimento, Jacques de Medina emocionou a todos ao lembrar da esposa, Lia Machado Velloso, falecida em novembro de 2015, com quem foi casado por 46 anos. Segundo ele, Lia foi fundamental no processo de educação dos filhos e para que ele pudesse se dedicar à carreira e à Coppe. Conhecido por seu jeito generoso no trato com os colegas e alunos, Jacques de Medina, que completará 92 anos dia 30 de março, resumiu em uma única frase sua maneira de ser: “A universidade não se constrói apenas com cérebros, mas também com o coração”.

Willy Lacerda fez uma breve retrospectiva da carreira na abertura do simpósio

Em outro depoimento carregado de emoção e bom humor, Willy Lacerda fez questão de agradecer a homenagem recebida a todos os presentes, aos colegas e ex-alunos, e, em especial, à esposa, Maria Luiza, e à família. Na véspera de completar 80 anos, Willy lembrou do início da carreira e da chegada à Coppe. Colecionador de histórias engraçadas, Lacerda recordou do último ano de doutorado em Berkeley, no início da década de 1970. Na ocasião, após a família retornar ao Brasil, o professor ainda permaneceu dez meses na universidade da Califórnia, período em que morou literalmente dentro do laboratório. Depois de dormir quatro noites em um colchonete dentro do laboratório, enquanto acompanhava um ensaio, Willy, satisfeito com o conforto do local, conseguiu dar um jeito para continuar a dormir por lá. “Montei um outro ensaio para ficar lá dentro durante os 10 últimos meses”, revelou.

Medina e Willy agradeceram também aos professores Alberto Luiz Coimbra, fundador e diretor da Coppe até 1973, e Luiz Bevilacqua, primeiro coordenador do Programa de Engenharia Civil da instituição. Infelizmente, nenhum dos dois pode estar presente ao Simpósio.

O evento, que termina no dia 18 de março, contará, também, com uma visita ao Laboratório de Geotecnia, e sessões técnicas, nas quais serão apresentados casos práticos de instrumentação e contenção de encostas; estabilização de solos; misturas asfálticas e pavimentação.