LabOceano: desenvolvendo pesquisas para expandir as fronteiras do conhecimento do mar
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 11/10/2005
O Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano) da COPPE, que abriga o mais profundo tanque oceânico do mundo, comemorou em abril dois anos de atividades. Ao término deste período, marcado por uma agenda repleta de testes e ensaios realizados para empresas do setor de petróleo e naval, o laboratório conquista uma nova etapa: já está sendo instalado no tanque um moderno sistema de geração de correnteza que o tornará ainda mais completo para a simulação das condições marinhas. Financiado com verba do Fundo CT- Petro, sendo 70% dos recursos investidos pela Petrobras, o sistema utiliza bombas hidráulicas e produz fluxos d’água a partir de seis galerias submersas, distribuídas ao longo da profundidade do tanque.
Nesses dois anos de funcionamento, o tanque tem propiciado o surgimento de inovações tecnológicas e melhoria no desempenho de equipamentos. Com base no resultado de testes, surgiram novas concepções de unidades flutuantes e procedimentos de instalação de equipamentos submarinos para indústrias de óleo e gás. Entre eles, destacam-se a MonoBR, uma unidade flutuante de produção de grande porte, cujos resultados dos testes permitirão baratear os custos de produção das tubulações que conduzem o óleo do fundo do mar à superfície. As operações com a MonoBR são realizadas em regiões de profundidade superior a 2 mil metros.
O LabOceano foi escolhido pelos chineses como laboratório referência para a concepção de um similar que será construído na China. Este ano, uma comitiva de técnicos chineses formada por empresários e representantes de governo estiveram no Brasil para visitar o laboratório. Segundo o professor Antonio Levi, está em negociação um acordo com a COPPE para transferência de know-how e tecnologia.
Tecnologia estratégica para o país
Capaz de reproduzir as principais características do meio ambiente marinho e simular fenômenos que ocorrem em lâminas d`água superiores a 2 mil metros de profundidade, o LabOceano representa um suporte tecnológico estratégico para um país como o Brasil, que possui mais de 90% de suas reservas de petróleo concentradas no mar. Também proporciona vantagens técnicas e econômicas para as empresas sediadas no país e na América do Sul. Para se ter uma idéia, os custos diários para a realização de testes nos tanques europeus oscilam entre US$ 15 mil a US$ 20 mil dólares. Tais custos, associados a necessidade de agendamento prévio dos testes e de deslocamento de equipes das empresas, restringem o número de ensaios e, consequentemente, os benefícios que estes proporcionam.
Com 23 milhões de litros de água e altura corresponde a um prédio de oito andares, o tanque oceânico tem 40 metros de comprimento, 30 metros de largura e 15 metros de profundidade e mais 10 metros adicionais em seu poço central. Hoje, só existem no mundo duas instalações com características similares às do tanque projetado pela COPPE: o Marintek, na Noruega, com 10 metros de profundidade, e o Marin, na Holanda, com 10, 5 metros.
No tanque é possível simular com precisão as condições ambientais a que o sistema offshore será submetido ao ser instalado no fundo do mar. Sofisticados sistemas podem gerar ondas multidirecionais de até meio metro de altura, com períodos de 0,3 a cinco segundos. Na escala de 1 /100, o tanque pode gerar, por exemplo, ondas que eqüivalem a 30 metros de altura, reproduzindo, neste caso, uma situação extrema, mais próxima do ambiente oceânico do Mar do Norte.
Ventiladores próximo ao espelho d’água são capazes de produzir ventos a uma velocidade que pode atingir 12 metros por segundo, com direções e variações pré-programadas.Tais equipamentos possibilitam submeter os modelos a ventos equivalentes a tufões e ciclones que podem chegar a velocidades de 150 km/h no mar.
Para viabilizar a construção deste laboratório foram investidos R$ 16,1 milhões: R$ 15 milhões provenientes dos royalties do petróleo, repassados pela FINEP, através do fundo setorial CT-Petro, do Ministério da Ciência e Tecnologia, e 1 milhão concedido pelo Governo do Estado, através da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
O papel da COPPE na conquista offshore
A inauguração do LabOceano consolidou a posição de vanguarda da COPPE na área offshore. A instituição, que em 2003 comemorou 40 anos de existência, teve um importante papel no trabalho que levou o Brasil a se tornar um dos líderes mundiais na exploração de petróleo no mar. “Há 25 anos a COPPE aceitou participar de um importante desafio: tornar viável a exploração de petróleo na plataforma continental brasileira. E 40 anos mais tarde, a instituição inaugurou este laboratório que permitirá ao Brasil consolidar sua reconhecida liderança tecnológica na exploração de petróleo em águas profundas.”, ressalta o coordenador geral do LabOceano, Segen Estefen, professor do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE.
Sediado no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão, o LabOceano também está apto a realizar testes para avaliar a capacidade de manobras de navios e submarinos. Segundo o coordenador executivo do LabOceano, Carlos Antonio Levi da Conceição, é estratégico para um país como o nosso, que possui 8, 5 mil km de costa, dispor de uma instalação deste porte. “O LabOceano possibilita a realização de testes e simulações que são essenciais para a expansão das atividades no mar. Nele estamos estudando a concepção de novas plataformas a serem construídas no Brasil, testando protótipos de veículos robotizados submersíveis, assim como treinados seus operadores. Também estamos pesquisando tecnologias para geração de energia elétrica a partir de ondas do mar e desenvolvendo projetos de instalações de fazendas marinhas”, garante.