LRAP celebra uma década e encaminha futuro para além do petróleo
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Data: 17/04/2024
Ao mesmo tempo em que comemora suas conquistas dos últimos 10 anos, celebrados na última sexta-feira, 12 de abril, o Laboratório de Recuperação Avançada de Petróleo (LRAP) da Coppe/UFRJ já se encaminha para novas conquistas e, agora, passa a se chamar de LRAP+.
Reflexo das mudanças que o setor vive, o laboratório constrói seu futuro na diversificação de áreas de pesquisa como a captura de carbono, a hidrologia e a agricultura, aproveitando a expertise acumulada em meios porosos. O reposicionamento com LRAP+ é um exemplo da reinvenção pela qual passa a pesquisa aplicada no setor, “de uma linha de pesquisa muito estabelecida para uma evolução a serviço de novas demandas”, destacou a diretora de Tecnologia e Inovação, professora Marysilvia Costa.
A celebração foi marcada com a realização do painel “O LRAP+ além do Petróleo”, que contou com palestras dos professores Martinus Theodorus van Genuchten, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe e da Universidade de Utrecht (Holanda) e do professor Farid Shecaira, da PUC-Rio.
“Durante essa década tivemos a oportunidade de desenvolver pessoas, de criar muita capacidade técnica, novos procedimentos operacionais, inovamos no desenvolvimento de equipamentos a ponto de qualificar a indústria nacional a fornecer insumos que antes eram importados. Conseguimos graças a um trabalho de equipe, que reuniu o corpo social do LRAP, e também de nossos parceiros, sobretudo nossos parceiros primordiais, a Shell e a Petrobras que permitiram que o sonho se tornasse realidade”, avaliou o Professor Paulo Couto, coordenador do LRAP+ e professor do Programa de Engenharia Civil. “Em um mundo que está passando por uma transição energética, é hora de aproveitarmos todo esse conhecimento na área de meios porosos e nos aventurarmos em outras áreas do conhecimento. No curto prazo, a frente de trabalho mais próxima é CCUS (captura, uso e armazenamento de carbono, na sigla em inglês), e outras áreas em médio prazo como hidrologia, solos, agricultura”, explicou.
Para o professor Farid Shecaira, o sequestro geológico de carbono (CGS), uma das possibilidades de captura de carbono, não é greenwashing (marketing ecológico enganoso). “É importante para a humanidade esta atividade e as operadoras de petróleo estão voltando seus olhos para o sequestro de carbono. É inequívoco que a atividade humana acelerou o processo natural de mudanças climáticas. Existe uma convergência no mundo científico, e as empresas de petróleo possuem um clube chamado Oil and Gas Climate Initiative (OGCI), encarregado de liderar as respostas do setor às mudanças climáticas, para que cheguem a emissões líquidas zero e criem hubs de carbono”.
“O sequestro pode ser feito por florestamento, revegetação, reflorestamento, oceânico com microalgas, conversão de CO² para metanol, gasolina, diesel e outros produtos químicos. Fertilizantes, materiais de construção. É um bom negócio para a indústria do petróleo, um setor que sabe gerenciar megaprojetos”.
“A transição energética não será tão rápida quanto desejam. As outras fontes de energia que possam competir com o petróleo não são baratas o suficiente, nem contam com uma logística de entrega tão boa. O petróleo só vai começar a sair do palco, quando as outras fontes conseguirem subir a escadinha”, analisou Shecaira, para quem os projetos de CCUS dependerão de regulação e aporte financeiro do Estado.
O evento contou ainda com a participação do gerente geral de Tecnologia da Shell Brasil, Olivier Wambersie; da gerente de Tecnologias Aplicadas e Experimentais em E&P do Cenpes/Petrobras, Rita Wagner; da professora Juliana Baioco, representando a Escola Politécnica (Poli/UFRJ); da vice-diretora da Escola de Química (EQ/UFRJ), professora Andrea Salgado;e do decano do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, professor Walter Suemitsu.