Maurício Guedes fala sobre inovação no Coppe-I

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Data: 14/09/2022

O Coppe-I abriu o seu ciclo de palestras “Inovação em Pauta”, no dia 1º de setembro, com o diretor de Tecnologia da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Maurício Guedes. Diante de alunos de graduação e pós-graduação, não apenas da Engenharia como de outras áreas do conhecimento, Guedes discorreu sobre sua trajetória no fomento à inovação e sobre os projetos da Faperj no apoio ao empreendedorismo no estado.

O ex-coordenador da Incubadora de Empresas da Coppe iniciou sua conversa com os pesquisadores pontuando que o Brasil tem a 14º maior produção científica do mundo, mas apresenta uma baixa capacidade de inovação tecnológica. “A gente não aprendeu como transformar conhecimento em emprego e renda. Temos esse e isso não significa atrelar a universidade às demandas das empresas, não significa inibir a pesquisa básica. Isso é fundamental no ser humano, como a arte e a cultura. Comunidade científica faz pesquisa para desenvolver conhecimento, atender demandas da curiosidade humana, faz parte e tem que ser assim”.

Segundo Guedes, o Brasil tem um estoque ainda baixo de doutores, cerca de 800 para cada milhão de habitantes. “Os países desenvolvidos têm 3500, 4000… Israel tem sete mil doutores por milhão de habitantes. Temos estoque baixo e estamos crescendo vagarosamente, a duras penas. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 65% dos pesquisadores trabalham em empresas. Na Coreia do Sul, 80%. No Brasil, 70% trabalham em universidades. É uma distorção”.

Na avaliação do ex-diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, a universidade precisa fazer um “mea culpa”, porque não forma alunos para ter uma mentalidade diferente, os forma para serem acadêmicos. “Ele entra no doutorado pensando em publicar artigos. Se a gente de alguma forma não abrir esse caminho, vamos continuar formando alunos para que publiquem artigos”.

A diretora-adjunta de Empreendedorismo da Coppe, professora Marysilvia Costa, destacou que a universidade reúne competências e recursos para propor soluções para os mais diversos problemas. “Falta conectar as pessoas para propor soluções inovadoras, catalisar esse processo, juntar alunos, professores, técnicos. Pensamos, por isso, no formato deste evento para compartilhar experiências, fazer brainstorm, e precisamos de pessoas com experiência e conhecimento nesse mundo da inovação”.

“De que maneira estimulamos os alunos desde a graduação? Acho que temos que mexer na grade curricular, e estimular interação com outras áreas do conhecimento”, questionou a diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Angela Uller. “Alguns cursos já tem disciplinas de empreendedorismo ou gestão. Poderíamos oferecer disciplinas eletivas pois não demandaria grandes mudanças curriculares”, refletiu professora Marysilvia.

Na avaliação do diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, essa discussão deve estar associada a um projeto de desenvolvimento do país. “Cerca de 30% dos profissionais com doutorado estão desempregados. É uma questão preocupante e quando se pensa em um país para o futuro, precisa-se chamar atenção para isso. Qual a expectativa por exemplo da cidade do Rio de Janeiro de geração de empregos de alto valor agregado para esses mestres e doutores que estamos formando? Onde eles vão trabalhar, que polos de inovação, social, cultural, tecnológica, vão existir?”.

“Uma ideia é criar esses ambientes de inovação. Temos visto isso no mundo todo e a atratividade que algumas áreas têm para negócios que não requerem investimento inicial muito elevado. A gente precisa fazer um ambiente de empreendedorismo que possa desaguar em empresas ou se associar às empresas já existentes”, refletiu professor Romildo.

Novo alento para o Fatec

Durante a palestra, Maurício Guedes elogiou a recém aprovada Lei 9809/2022, que institui o Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado do Rio de Janeiro. “Uma das novidades dessa lei é que ela vai fazer o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Fatec) funcionar. Em seu artigo 63, a lei obriga a Faperj a executar pelo menos 30% do seu orçamento, por meio do Fatec. O que dá mais de 200 milhões de reais”, celebrou o diretor de Tecnologia da Fundação.

Guedes destacou programas da Faperj, como o Startup Rio, “uma espécie de incubadora, aceleradora de empresas para o mundo digital”, que, “em breve, chegará a 20 localidades, incluindo a Rocinha”, e o programa Doutor Empreendedor, “que é uma bolsa de pós-doutorado durante dois anos para doutor que desista de concurso público e abra uma empresa. Tem que criar um CNPJ em seis meses, aplicado em ambiente que incentive inovação e apoie startups; o qual pode ser uma incubadora, aceleradora, e recebe também 50 mil reais para investir na sua empresa”.

O ex-diretor do Parque Tecnológico da UFRJ ponderou que abrir uma empresa é uma possibilidade para os pesquisadores, embora não seja a única. “Existe um certo modismo até com startups, há risco de dar errado e custa dinheiro também, então sonhem, mas sejam realistas. Outro caminho é que as empresas contratem. Temos um programa chamado Pesquisador na empresa. A Faperj paga durante um ano uma bolsa. A empresa participa do edital com um projeto de P,D&I, e pode complementar o valor da bolsa e inclusive contratar o pesquisador no decorrer do projeto, que não perde a bolsa. É um programa com características especiais”, explicou Maurício Guedes.

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