Método de reciclagem poderá reduzir impacto do plástico

Pesquisa da Coppe desenvolve técnica pioneira para reciclar resina plástica. Os testes, que utilizaram copos descartáveis, comprovaram a eficácia do processo, mostrando ser possível acrescentar até 40% de material já usado na produção de plásticos sem perda de qualidade. Fruto da dissertação de mestrado de Caio Kawaoka de Melo, defendida no Programa de Engenharia Química da Coppe, sob a orientação dos professores José Carlos Pinto e Príamo Melo, a técnica também pode resultar em benefícios ambientais, reduzindo o descarte de material plástico, considerado um dos grandes vilões do meio ambiente.

“Diante do impasse entre a utilização ou não do plástico, a reciclagem é a melhor solução. O uso da técnica pode propiciar a valorização econômica desse material, que tem baixíssimo valor agregado – um dos motivos que estimula o seu descarte. Pode ainda gerar empregos, incentivando a coleta seletiva de plástico por cooperativas de catadores de lixo”, afirma José Carlos.

A Coppe já solicitou a patente da técnica desenvolvida no Laboratório de Modelagem, Simulação e Controle de Processos. Para obter um material de qualidade os pesquisadores desenvolveram um modelo para definir as proporções necessárias para incorporar o plástico descartado na produção do novo material, proporcionando maior controle das propriedades do material reciclado obtido a partir da análise da viscosidade da mistura. “Controlando a quantidade do produto a ser reciclado e o nível de viscosidade durante a mistura, temos a possibilidade de garantir a qualidade do produto. Em alguns casos conseguimos até melhorar o produto final, produzindo um plástico reciclado com qualidade superior ao original”, ressalta Caio, que também é Bolsista Nota 10 da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj).

Além de copos descartáveis, a técnica pode ser empregada com outros materiais a base de poliestireno, de polimetacrilato de metila e poliacetato de vinila, que são utilizados na fabricação de carcaças de televisores, interiores de geladeira, capas de CD, isopor, entre outros produtos. A incorporação dos materiais descartáveis se dá por meio da técnica de polimerização em suspensão, que diferente da reciclagem mecânica, método mais comum no reaproveitamento, não provoca a degradação e a perda de qualidade do material.

O professor José Carlos aponta ainda a reciclagem de isopor como mercado potencial para aplicação da técnica desenvolvida na Coppe. Material não reciclável e amplamente descartado, o isopor poderia servir de matéria prima para aplicação da técnica na produção de outros produtos. “Supermercados e lojas de eletrodomésticos costumam jogar no lixo uma grande quantidade de isopor. Ao reaproveitar esse material na fabricação de outros produtos estaríamos ajudando a reduzir o seu impacto no ambiente”, afirma José Carlos.