Ministro Celso Amorim profere aula inaugural da Coppe
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Data: 05/04/2010
“Não há justificativa moral, ética e política para a existência de armas nucleares no mundo”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante a aula inaugural que proferiu na Coppe sobre “Os desafios da política externa brasileira”. O ministro antecipou a realização da próxima Conferência de Revisão do Tratado de não Proliferação Nuclear, marcada para o próximo mês de maio, na sede da ONU em Nova Iorque, na qual será discutido o Artigo VI do Tratado que prevê a eliminação dos arsenais nucleares no mundo. Para esse esforço, Rússia e os Estados Unidos se comprometeram este mês, por meio de um novo pacto, a reduzir seus arsenais da Guerra Fria.
Para o ministro, esse é mais um motivo para que o Brasil busque reformas na composição dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, formado por países detentores de armas nucleares. “Precisamos acabar com a aparente simetria no Conselho em que os membros permanentes são as potências nucleares. Não podemos continuar tendo como referência para o exercício de poder no Conselho países que saíram vitoriosos na Segunda Guerra Mundial há 60 anos.”
A nove meses do final do governo, o Celso Amorim fez um balanço da política externa brasileira, que hoje ocupa um papel central no mundo. “O Brasil tem hoje uma posição internacional totalmente diferente do que tinha há sete anos. Temos presença de destaque em todos os foros internacionais. Sabemos que somos importantes e que isso decorre não só da nossa qualidade, mas também da nossa capacidade de estabelecer relações com os países vizinhos e os parceiros economicamente mais frágeis”, explica.
Segundo o ministro, o Brasil passou a ter uma política externa muito mais universalista, capaz de se relacionar com um leque muito mais amplo de países. “A China passou a ser o nosso principal parceiro comercial. O continente africano é nosso 4° parceiro, à frente de países como Alemanha e Japão. Ir à África é ir em busca de nós mesmos, de nossas origens brasileiras”, avalia. O ministro ressaltou também a atuação do país na Organização Mundial do Comércio (OMC) que resultou em vitórias importantes para a derrubada de subsídios agrícolas, como os dos produtos de algodão envolvendo Brasil e EUA. “Conseguimos ganhar em todas as instâncias contra os EUA, mudamos a forma como as negociações eram conduzidas na OMC”, festejou.
Como exemplo, o ministro citou o surgimento de alianças firmadas fora da influência dos EUA como o encontro que reuniu presidentes e chefes de governo de países da América Latina e Caribe para a criação de um novo bloco regional, em fevereiro deste ano, em Cancun, no México.
O ministro, no entanto, não se esquivou de falar dos problemas nacionais. “Temos muito ainda que trabalhar para resolver nossas desigualdades sociais e, principalmente, nossas desigualdades étnicas e raciais. É característico do preconceito que ele não se reconheça”. Questionado sobre como ficaria o país com a saída do presidente Lula, ele brincou: “Pelé só teve um, mas o Brasil continua sendo campeão mundial”.